CINEMA ARGENTINO
O cinema na Argentina, principalmente nos últimos quinze anos, encontra-se numa fase áurea de sucesso de público e crítica. A retomada dos argentinos é muito comparada à nossa, com uma grande diferença sempre apontada: o forte trabalho autoral aliado com sucesso de público ao passo que aqui os campeões de bilheteria são normalmente comédias românticas e esporadicamente filmes que retratam violência urbana. Os argentinos, além de apresentar uma variedade de temas e profundidade no roteiro, ainda tem um trunfo: o ator Ricardo Darín, que ao lado de cineastas como Juan José Campanella e Pablo Trapero, ajudou a alavancar o cinema dos “hermanos”. Polêmicas à parte, nosso cinema nacional também tem força tanto no trabalho autoral quanto no popular. Confira abaixo 10 filmes que são destaques na cinematografia recente da Argentina.
PLATA QUEMADA (2000 – De Marcelo Piñeyro – Com Leonardo Sbaraglia, Eduardo Noriega, Pablo Echarri – Policial)
O filme narra a história baseada em fatos reais da dupla de assaltantes conhecida como “Os Gêmeos”. Nene e Ángel, também amantes, são contratados por um figurão para interceptarem um carro forte que carrega 7 milhões de pesos, porém o roubo era uma cilada e a dupla precisa fugir a todo custo. Um dos primeiros sucessos recentes da Argentina e que já demonstra a qualidade no roteiro e na direção.
NOVE RAINHAS (2000 – De Fabián Bielinsky – Com Ricardo Darín, Gastón Pauls, Leticia Brédice – Policial)
Marcos e Juan são dois picaretas que pretendem dar o golpe de suas vidas. Eles decidem se unir para participar de uma negociação envolvendo uma de série de selos falsificados conhecidos como “Nove Rainhas”. Só que a cada passo que dão, vão conhecendo novos farsantes, não podendo confiar em ninguém, nem mesmo um ao outro. O filme é recheado de reviravoltas, ganhou adaptação americana, o filme “Criminal”, de 2004, e arrecadou inúmeros prêmios em festivais.
O FILHO DA NOIVA (2001 – De Juan José Campanella – Com Ricardo Darín, Héctor Alterio, Norma Aleandro – Comédia Dramática)
Um dos maiores sucessos comerciais da Argentina, o filme conta a história de Rafael, um quarentão divorciado que administra o restaurante do pai e vê sua mãe ter os primeiros sinais de Alzheimer. Quando seus pais decidem casar novamente para reforçar os votos, Rafael percebe o momento de mudar sua própria vida. Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
XXY (2007 – De Lucía Puenzo – Com Ricardo Darín, Valeria Bertuccelli, Germán Palacios – Drama)
O filme conta a história de uma adolescente intersexual que devido à uma mutação genética, apresenta características de ambos os gêneros masculino e feminino. Esta condição acaba por dificultar a definição de sua orientação sexual. A trama é bastante delicada e trata a situação com muito respeito. Ganhou inúmeros prêmios e continuou consagrando a estrela argentina Ricardo Darín.
O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (2009 – De Juan José Campanella – Com Ricardo Darín, Soledad Vilamil, Pablo Rago – Policial)
Baseado no livro “La Pregunta de sus Ojos”, de Eduardo Sacheri, o filme conta a história de Benjamin Espósito, um ex-servidor da justiça penal argentina que decide escrever um livro inspirado em um caso real ocorrido há 25 anos, o brutal estupro seguido de assassinato de uma jovem. Só que mesmo depois de tanto tempo, o caso ainda reserva surpresas. Um dos maiores sucessos argentinos, ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e gerou uma refilmagem americana, o suspense “Olhos da Justiça” em 2015.
MEDIANERAS: BUENOS AIRES DA ERA DO AMOR VIRTUAL (2011 – De Gustavo Taretto – Com Javier Drolas, Pilar López de Ayala, Inés Efron – Comédia Romântica)
A história é narrada por Martin, um fóbico em processo de recuperação, e por Mariana, que acabou de terminar um longo relacionamento. Os dois tentam se libertar da solidão em meio à cultura virtual dos dias atuais e estabelecendo uma ligação com a arquitetura de Buenos Aires. Medianeras, na Argentina, são paredes de edifícios onde não tem janelas. A comédia romântica foge dos clichês do gênero e apresenta uma história bastante moderna.
UM CONTO CHINÊS (2011 – De Sebastián Borensztein – Com Ricardo Darín, Muriel Santa Ana, Ignacio Huang – Comédia Dramática)
Em Buenos Aires, Roberto é um homem solitário que é proprietário de uma loja. Sua vida se cruza com a de um chinês que está perdido na cidade, procurando um tio imigrante. As situações vividas por estes sujeitos tão diferentes um do outro acaba sendo o grande trunfo do filme.
ELEFANTE BRANCO (2012 – De Pablo Trapero – Com Ricardo Darín, Jérémie Renier, Martina Gusman – Drama)
O filme conta a história do padre Julián, que dedica a vida para cuidar dos necessitados da Villa Virgen, favela localizada em Buenos Aires. O cineasta Pablo Trapero já tinha feito “Familia Rodante”, que mostra a viagem de uma família a bordo de um trailer (influência para o sucesso “Pequena Miss Sunshine”), “Leonera”, com Rodrigo Santoro e “Abutres”, também com Ricardo Darín, os três sucessos de crítica. Em “Elefante Branco”, traz para o público a discussão sobre as desigualdades sociais.
TESE SOBRE UM HOMICÍDIO (2013 – De Hernán Goldfrid – Com Ricardo Darín, Natalia Santiago, Alberto Ammann – Policial)
Roberto Bermudez, um especialista em código penal, está convencido que um aluno seu cometeu um assassinato. Ele inicia uma investigação que acaba se tornando uma obsessão. O filme é tenso do início ao final e ainda conta com a sempre ótima interpretação de Ricardo Darín.
RELATOS SELVAGENS (2014 – De Damián Szifrón – Com Ricardo Darín, Dario Grandinetti, Maria Marull – Comédia)
O filme conta seis histórias que exploram o extremismo do comportamento humano em situações de tensão. Destaque para a história que conta sobre uma perseguição de carros, a do sujeito interpretado por Ricardo Darín e que se envolve em um conflito com o Departamento de Trânsito por não concordar com uma multa, e a do casamento que acaba fugindo muito do convencional. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
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