Prof. Sebastião Ricardo Machado Meireles
Professor e coordenador dos cursos de História e Geografia do UNEC
No mês de novembro, entre as datas cívicas, destaca-se o Dia da Bandeira do Brasil, celebrado em 19 de novembro. Para os mais nostálgicos, é um momento de pendurar a bandeira brasileira na janela e ouvir na vitrola: “Salve, lindo pendão da esperança, salve, símbolo augusto da paz!” No entanto, muitos, especialmente os mais jovens, podem não estar familiarizados com esses versos e talvez desconheçam o verdadeiro significado da nossa bandeira.
As bandeiras tornaram-se populares como símbolos nacionais, principalmente após a formação dos Estados Nacionais Modernos na segunda metade do século XVIII. Antes, porém, no período medieval, já era comum o uso de insígnias, brasões ou estandartes para representar um grupo, família, reino ou exército.
A atual bandeira do Brasil, nascida com a Proclamação da República em 1889, tornou-se o principal símbolo nacional. Desde criança aprendemos que as cores: verde, amarelo, azul e branco, representam, respectivamente, as florestas brasileiras, o ouro, os rios e mares e a paz. E assim crescemos admirados com essa representação tão rica das nossas riquezas naturais. Pois é! O problema é que nos ensinaram errado e crescemos reproduzindo uma explicação falsa.
A verdadeira história sobre a Bandeira do Brasil é que ela foi inspirada (ou adaptada) na Bandeira do Império, usada até 1889, antes da Proclamação da República. Verde e amarelo são as cores da Casa de Bragança, de dom Pedro 1º, de Portugal, e da Casa de Habsburgo, de Maria Leopoldina, da Áustria. Nada de matas ou ouro. Já o azul e o branco remontam à origem do Condado Portucalense.
Ah, e a esfera azul com as estrelas?! Na bandeira do Império, feita pelo brilhante artista francês Jean-Baptiste Debret, não tinha a esfera azul. Tal esfera foi produzida pelos criadores da bandeira, Raimundo Teixeira Mendes, Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Vilares e, atualmente, representa os estados brasileiros. No entanto, quando a bandeira foi criada a intenção era representar o céu da então capital do Brasil, Rio de Janeiro, no dia exato da proclamação.
Por fim, o lema “Ordem e Progresso” escrito na nossa bandeira tem inspiração no movimento positivista de Auguste Comte. De acordo com o filósofo: “O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”. O apelo à Comte dá-se porque, no período da Proclamação da República, os militares, personagens importantes nesse processo, foram bastante influenciados pela corrente positivista.
Ademais às questões históricas abordadas aqui, é importante trazer uma reflexão sobre o fanatismo patriótico que algumas pessoas demonstram em relação à bandeira. Como vimos, uma das funções da bandeira é servir como identificação de um povo com a sua nação. Por isso é comum pessoas se emocionaram ou sentir orgulho ao ver uma bandeira hasteada. Contudo, o amor exacerbado pela bandeira pode se tornar algo doentio. Lembremos, por exemplo, dos ufanistas ensandecidos com a bandeira brasileira nos últimos anos. Chega a ser tão perigoso que se matam em honra da bandeira, ou melhor, em honra daquilo que o fanatismo atribui doentiamente como amor à pátria representado pela bandeira.
Conhecer a história e suas nuances é fundamental, especialmente em tempos nos quais revisamos e reinterpretamos o passado a partir de novas fontes, análises e reflexões. Que possamos seguir nesse processo contínuo de aprendizado e compreensão. Aprender um pouco mais sobre a nossa bandeira faz parte desse processo. Sigamos!