Por que frequentar um culto, uma missa? O que eu, um jovem, ganho com isso?
Essa pergunta todo jovem faz. Às vezes não lhe é permitido expressá-la, e muitas vezes – anos mais tarde – ouvimos o desabafo: – Eu ia porque não queria ser importunado o resto da semana!
– Mas – continuando com a ‘entrevista’ – e o que você fazia para ‘aguentar o ‘programa’ até a hora de ir embora? Você não conseguia argumentar com sua mãe? – Não. Ela dizia apenas que igreja tem que ir, nossos avós e todos os antepassados ‘sempre’ foram, e eu também teria de ir.
Esse é um dos problemas que o vocacionado enfrenta em qualquer parte do mundo. Por alguma razão muito bem disseminada, a reação negativa e até rebeldia contra as tradições – e principalmente, religiosas – é um fato comum em qualquer lugar.
E talvez o próprio líder que ‘trabalha’ com jovens teve sua própria fase de resistência, e com isso, esteve ausente nas principais reuniões de sua comunidade. (Às vezes não nos lembramos disso, e pomos a culpa no próprio jovem, ou em outros elementos da cultura, o que certamente também tem sua influência.)
Falando de experiência pessoal, enfrentamos esse ‘problema’ em todos os lugares onde estivemos trabalhando, mas na grande cidade de Berlim Ocidental (porque havia a Berlim Oriental também!) esta ‘crise juvenil’ era a mais acentuada.
Pois lá o nosso jovem era quase sempre ‘criado’ pela avó (o avô tinha morrido na II Guerra Mundial, e ambos os pais, com educação básica apenas, tinham de trabalhar o dia todo). Como a escola era pela manhã, ‘sobrava’ a tarde, que a maioria deles passava nas ruas, nos parques.
Fazendo o quê?
Estes ‘jovens’ eram chamados de “Schlűsselkinder” – ‘crianças com a chave’, pois portavam a chave de suas casas pendurada ao redor do pescoço, como um colar!
A principal droga (e à qual a maioria tinha acesso, pois era relativamente barata), era a cola-de-sapateiro, cujo cheiro forte era inalado para que pudessem se sentir ‘high’, isto é, “numa viagem” para um mundo menos real, e mais colorido, e, como declaravam, com emoções mais ‘fortes’!
Como responsável pelo programa jovem da comunidade, achamos (minha esposa foi minha grande companheira no meu trabalho) que deveríamos ouvi-los. Logo descobrimos que havia muita coisa interessante e importante que fazia com que eles se envolvessem ‘de corpo e alma’.
Uma era o teatro. Mas não qualquer um – um que eles mesmos montassem – escrevessem o roteiro, ensaiassem, e apresentassem. E qual o tema?
Que surpresa quando chegaram à unanimidade: Wenn Kinder kinderkriegen! (Quando crianças ‘ganham’ crianças!).
Tínhamos no nosso grupo várias moças que tiveram experiência muito de perto com as dificuldades (uma irmã, amiga, ou ela mesma) que vem com a gravidez na adolescência, e todo o processo tanto da aceitação pessoal, como da família e da sociedade.
Nosso trabalho agradou tanto que fomos convidados pelo Departamento Distrital da Família para fazer várias apresentações em diversos locais de evento do distrito. E eu, pessoalmente, fui convocado pelo líder geral (bispo) para liderar os pastores de jovens das mais de 50 igrejas.
Houve muitas outras ramificações deste ‘plantio’. Depois deste ‘sucesso’, assuntos de interesse e necessidade dos jovens começaram a ser incluídos nas programações regulares. As prédicas tratavam de forma consciente mas também bíblica os temas nos quais os jovens ‘se encontravam’, porque dizia respeito a suas vidas e dificuldades particulares.
Enfim, foi um tempo de muitas memórias saudosas, e de incríveis conversas com essa gente que em todo o lugar procura ser aceito e reconhecido – o jovem!
Rev. Rudi Kruger – Diretor Faculdade Uriel de Almeida Leitão
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