Você já fez uma viagem que ficou marcada ou que marcou a sua vida?
Bem, faz exatamente 30 anos em julho que aconteceu nossa viagem de ônibus de Berlim, onde eu tinha sido pastor luterano, a uma pequenina cidade francesa denominada Evian. Aquela viagem marcou a minha vida para sempre.
Éramos então pastores no Rio de Janeiro, e minha esposa (Wilma) e eu tínhamos sido convocados por um grupo internacional de intercessores para representarmos o Brasil na Primeira Conferência Internacional de Perdão e Reconciliação, que reuniria líderes de diversos grupos étnicos, para declarar publicamente sua falta e para receber/conceder o perdão. Entre os convidados estavam representantes de países em guerra civil (Irlanda do Norte e Irlanda do Sul, entre outros), mas, sobretudo, diplomatas representando os 32 países que se reuniram em 1938 nesta pequenina cidade francesa, para discutir como iriam ajudar o povo perseguido por Hitler.
Viajamos a noite toda, e de manhã chegamos ao destino. Mas eu – creio que mais do que ninguém – tinha aproveitado a noite para rever várias posições teológicas, falando e discutindo com companheiros de viagem, teólogos de várias confissões. Juntos revíamos principalmente o significado de passagens dos profetas em relação a Israel.
Naquele tempo eu ainda acreditava que o Deus de Israel e da Bíblia já tinha encerrado Seu envolvimento direto com Israel. As promessas que ainda estavam sem cumprimento teriam passado à igreja, e nem mesmo o direito a uma terra poderia ser argumentado.
Confesso que aquela minha antiga posição refletia um cristianismo muito egocêntrico, uma posição que de forma alguma estava alinhada ao comportamento da igreja em seus primórdios. Pois, desde o seu início, a igreja se entendia e se comportava como uma continuidade da história divina com um povo especial, os filhos de Abraão. Mas, como diz ali em Gênesis 12, Deus abençoaria quem abençoasse a Abrão e sua descendência – portanto, todos os povos fariam parte deste povo escolhido de Deus.
Mas o que aconteceu em Evian em 1938? A Conferência de Evian-les-Bains, onde o Presidente americano F.D. Roosevelt se reuniu com representantes de outras 31 nações livres para decidir o que fazer diante do plano diretor do nazismo de extermínio dos judeus que lhes tinha sido revelado. Após este encontro de Evian, Hitler ocupou a Tchecoslováquia em setembro, e em novembro, ordenou a Noite de Cristal, na qual as lojas de judeus foram vandalizadas, o que é considerado como o início do holocausto.
O Brasil foi uma das 32 nações presentes, e decidiu juntamente com o restante (exceto três países) fazer nada contra o plano de Hitler. Com isso nós, como brasileiros, também tivemos nossa parte de responsabilidade no holocausto. Quando conversei com o então presidente interino do Brasil, Deputado Ulysses Guimarães, e lhe contei qual era o plano da Conferência de Perdão e Reconciliação de Berlim, exatamente no jubileu – 50 anos – após o fracasso da diplomacia internacional em Evian, ele me autorizou a pedir perdão ao povo judeu em nome do Brasil.
Foi um grande evento aquela noite anterior em Berlim – mais de duas mil pessoas conscientes do erro do passado – levantando-se e clamando a Deus o perdão pelo mal cometido a Seu povo de Israel.
Tudo isso formava o pano de fundo de nossa subsequente viagem a Evian. E sob este impacto, e com as Escrituras abertas, madrugada adentro falávamos dos maravilhosos feitos de Deus com o Seu povo, da sua luta e coragem através da história, e como a igreja tinha se omitido, e se perdido em seus próprios planos e teologias errôneas.
Voltei ao Brasil amando mais ainda a revelação bíblica, e disposto a ser ainda mais um arauto da verdade.
Rev. Rudi Kruger – Diretor Faculdade Uriel de Almeida Leitão
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