Sargento Cássia fala sobre o trabalho da patrulha de prevenção
CARATINGA – O aumento da violência doméstica após a determinação de medidas de isolamento e distanciamento social para combater o novo coronavírus – ou seja, quando as pessoas começaram a passar mais tempo em casa, foi observado em diversos países. Entre eles, a China, a França e, claro, o Brasil.
Mas em Caratinga e toda área do 62º Batalhão de Polícia Militar, a situação é contrária, pois houve queda. No mês de março e abril (até dia 20) a Unidade apresenta uma considerável redução no número de registros de ocorrências de crimes de violência doméstica.
Em março foi apresentada uma redução de 24,35% e em abril essa redução já chega a 14%, em relação ao mesmo período do ano passado.
A sargento Cássia Adriana da Silva Neto, que trabalha com o soldado Wedmon Amorim Souza, na Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, explica como é possível contribuir para essa redução.
Quando começou o trabalho da Patrulha de Prevenção à Violência doméstica?
Aqui em Caratinga a patrulha ainda está engatinhando, bem recente, começou em setembro. Esse ano estamos aprimorando os serviços, colocando em prática os protocolos corretamente, conforme manda a resolução da violência doméstica.
Como o trabalho é realizado?
Esse patrulhamento feito por mim e mais um militar é uma equipe de segunda resposta, nós fazemos análise dos boletins de ocorrência e os que a gente vê casos de maior gravidade e reincidência, fazemos visitas às vítimas de violência doméstica, apresentamos a elas o projeto dos serviços prestados pela Polícia Militar através dessa patrulha e fica a critério da mulher aceitar ou não. Caso ela aceite a gente faz o acompanhamento dela e do autor, pois nossa finalidade é acabar com esse ciclo de violência e até erradicar a violência contra a mulher.
Existem muitos casos de reincidência?
Existem sim muitos casos de reincidência, atualmente fizemos levantamento dos casos do ano anterior, inclusive fiz a visitação a todas as mulheres apresentando o programa. Esses casos de maior reincidência, as mulheres sentem segurança com esse trabalho realizado pela Polícia Militar.
As mulheres que são vítimas de violência conseguem se separar dos agressores?
Uma boa parte quando chega à reincidência, umas já tentaram se separar e não conseguem, outras se separam e o autor fica com aquela insistência, perseguições, e é aí que a gente entra para tentar quebrar essa insegurança que a mulher tem, e essa insistência também. O autor se sente impune, mas se a PM está presente tem como inibir as ações dele.
Algumas mulheres ainda permanecem nesses relacionamentos abusivos por conta da dependência financeira?
Na realidade de hoje dos casos que nós estamos acompanhando é a minoria, mas ainda tem. Porque atualmente a mulher já se tornou mais independente, mas ainda tem caso da mulher ser totalmente dependente do marido, que ainda fica com ele mesmo diante da agressão.
Em alguns países da América Latina, incluindo o Brasil, o número de casos de violência doméstica aumentou durante a quarentena, quando as mulheres ficam confinadas com seus agressores. Contrariando esses dados, na unidade do batalhão esse número caiu. Como a senhora explica essa queda?
Foi feito levantamento e realmente foi verificado que realmente houve essa queda. Acredito que essa parceria entre Polícia Militar, judiciário, Polícia Civil, está dando um bom resultado no trato com essas mulheres e autores de violência doméstica. E comparado nosso município com outras cidades, Caratinga não teve esse isolamento total como em outros locais.
Qual a forma mais segura de uma mulher denunciar a violência doméstica?
Ela pode denunciar pelo 190 que cai diretamente na central de operações da Polícia Militar de Caratinga, e tem o 180, número de denúncia de violência contra a mulher
Qual recado deixa para as mulheres que são vítimas de agressão?
Não se calem, denunciem. Estamos aqui para ajudar.