Em 2021, aos 6 anos, Arthur começou a pedir um celular após ver os coleguinhas de escola com o aparelho, e acabou ganhando um smartphone de presente da tia. “Em seis meses de uso constante, ele passou a ficar entediado facilmente, jogar os brinquedos no chão, não tinha paciência para brincar e ficava ansioso quando estava longe do celular”, contou a mãe do menino, a empresária Ana Lúcia do Carmo Valentim Flaviano Cezario, de 41 anos, moradora de BH.
Para piorar, ele não estava desenvolvendo bem a leitura. “Eu percebi a tempo. Tirei o celular, que fica guardado. Inseri livros criativos e jogos educativos, mas ele ainda ficava muito irritado. Aos poucos, foi melhorando, inclusive a leitura. Hoje a situação está bem melhor, e ele só usa o aparelho em viagens longas, de carro”, contou a empresária.
A situação vivida por Ana Lúcia e o marido é cada vez mais comum nos lares. Estudo divulgado recentemente pelo instituto Opinion Box, especializado em soluções digitais de pesquisa, indica que as crianças brasileiras passam, em média, quase quatro horas por dia em frente a telas móveis – o dobro do recomendado para determinadas idades (confira mais aqui e aqui) – e que 44% delas já tem um smartphone próprio – quanto maior a idade, maiores os percentuais.
Especialistas dizem que o manuseio excessivo de telas pode danificar diferentes regiões cerebrais, e as consequências são muitas: dependência, dificuldade para dormir, terrores noturnos, problemas de memória e concentração, redução do rendimento escolar etc. “São diferentes estruturas sensoriais, essenciais para a modulação da arquitetura cerebral, que têm a função afetada”, afirma a neurologista do Hospital Felício Rocho, Rosaína Lima.
Fonte : O tempo