Bruno dos Anjos, Giorge de Carvalho e Alessandro Augusto, acusados do crime de extorsão junto com Ronilson, também participaram da audiência
CARATINGA – Aconteceu ontem, no fórum Desembargador Faria e Sousa, na 1ª Vara Criminal, a audiência de instrução da ação penal movida contra o vereador Ronilson Marcílio Alves, 42 anos, Bruno dos Anjos Freitas Rabelo, de 33, Giorge de Carvalho Lima, de 37, e Alessandro Augusto Teixeira Pinheiro, de 27. Todos foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de extorsão e formação de quadrilha e se encontram presos desde dezembro de 2016.
A vítima é o padre José Antônio Nogueira. De acordo com a denúncia, os acusados queriam a quantia de 200 mil reais para não divulgar um vídeo sobre o padre. Após negociações, o valor foi renegociado para R$ 85.000,00, sendo combinado pela vítima e pelos suspeitos um encontro para a entrega da importância acordada. Pela denúncia, a vítima, após ser ameaçada e constrangida a entregar o valor citado, acompanhada de uma testemunha que havia presenciado parte da ação dos acusados, resolveu revelar os fatos à Polícia Civil, que armou cerco para prender os ora acusados em flagrante delito, no momento combinado para a entrega do valor exigido.
A CHEGADA DOS ACUSADOS AO FÓRUM
A audiência de instrução conduzida pelo juiz Consuelo Silveira Neto foi marcada para as 13h. Os acusados Giorge e Bruno chegaram escoltados por agentes penitenciários por volta das 12h30 e meia-hora depois foi a vez de Ronilson e Alessandro chegarem ao fórum. Como o processo segue em segredo de justiça, não foi autorizado que a imprensa entrasse no fórum para fazer imagens dos acusados e nem acompanhar a audiência, que é de instrução com objetivo de ouvir os acusados e as testemunhas. Do lado de fora do prédio do fórum, a reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA conseguiu registrar o momento em que Ronilson e Alessandro desceram da viatura.
DEFESA
Antes da audiência, o advogado Max Capella Araújo, que representa Giorge e Bruno, disse que sua primeira tese era rechaçar a organização criminosa, pois ele entende que desde o início do processo não ficou caracterizado esse crime, que é autônomo. Depois a defesa disse que entraria no mérito da extorsão propriamente dita, mostrando que os dois têm certa negativa de autoria e por isso tentaria a liberação deles. “A negativa de autoria é uma tese bem complexa para defesa, porque vamos falar que não praticaram o fato e vamos mostrar com o próprio material colhido pela polícia que a participação dos dois não foi como está na denúncia. Não há necessidade da mantença da prisão deles. Estamos aguardando se a vítima virá para ser ouvida ou não, caso não apareça, mais um motivo para revogar a prisão, pois teremos nova audiência e não poderão ficar indefinidamente presos à mercê do Ministério Público ou do judiciário tentando ouvir essa vítima”, disse o advogado.
Quando concedeu essa entrevista, Capella não tinha a confirmação do comparecimento do padre José Antônio, mas ele veio até o fórum, prestou depoimento e saiu sem falar com a imprensa. A vítima estava acompanhada de seu advogado, o ex-vereador Sebastião Alves Batista.
PARENTES E AMIGOS DE RONILSON
Com palavras de força e carinho, vários cartazes foram mostrados por parentes e amigos de Ronilson na porta do fórum. Claudet Inácia Alves, irmã do vereador, disse acreditar na índole de Ronilson e afirmou que “muitas pessoas estão aguardando que ele ganhe a liberdade para continuar ajudando a todos, como fazia anteriormente”. “Todo mundo tem direito de ser julgado pela justiça e também ser inocentado. Converso com Ronilson há mais 40 anos, sou irmã, tenho orgulho de quem ele é, sempre ajudou a todos desde 14 anos quando começou a trabalhar na Casa de Saúde. Ele não mede esforços para ajudar. Nós estamos aqui representando a inocência dele. Ele foi preso, mas a família está sendo julgada, mas somos muito unidos e estamos tirando de letra, confio em Nossa Senhora Aparecida que não nos desamparará”, afirmou a irmã de Ronilson, relatando que ele está tranquilo e confiante.
PROCESSO ESTÁ EM FASE FINAL
A audiência de instrução dos quatro acusados, que começou às 13h, terminou por volta das 19h30. Os advogados Max Capella, que representa Bruno e Giorge, e Dário Júnior, responsável pela defesa de Ronilson e Alessandro, falaram com a imprensa. Segundo os advogados, o processo está em fase final e em aproximadamente vinte dias o juiz deve proferir a sentença.
Max Capella disse que a audiência foi muito favorável à defesa e aconteceu tudo dentro do que esperava, “pois a verdade foi colocada à mesa”. Ele explicou que os acusados não foram liberados porque já se encerrou a fase instrutória do processo, que vai agora para as alegações finais e depois acontece a sentença. “Ficou bem claro que não existe organização criminosa, que não se associaram para cometer nenhum crime e principalmente não ficou provada a existência de um crime de extorsão. Vamos trabalhar com a tese defensiva da negativa de autoria. O próprio depoimento da vítima jogou o crime por água abaixo. Deu elementos para defesa mostrar a verdade, que não houve extorsão do modo que a acusação quer e que a polícia disse que havia apurado”.
Ainda de acordo com Max Capella, sobre Bruno, em momento algum se falou em dinheiro; e quanto a Giorge, a participação que teve foi de tentar uma negociação para ajudar o padre “nessa suposta divulgação do vídeo que de forma alguma seria por parte dos acusados”. Segundo Max, “quanto aos dois (Bruno e Giorge) não está provada extorsão e nem organização criminosa”.
A DEFESA DE RONILSON E ALESSANDRO
Dário Júnior, que defende Ronilson e Alessandro, relatou que audiência realizada sobre a presidência do juiz Consuelo Silveira Neto, “como sempre imprimiu muita objetividade, muita celeridade”. Conforme o advogado, os trabalhos ocorreram de forma muito produtiva. Dário Júnior explicou que a fase de instrução se encerrou ontem, quando foram ouvidas as testemunhas de acusação, de defesa e os acusados foram interrogados. Segundo ele, o processo já está no ponto em que a acusação terá três dias para apresentar suas alegações finais, depois cada um dos defensores também terá esse prazo e não precisa mais realizar nenhum tipo de investigação, então será concluso para sentença. “Nossa expectativa é de uma sentença justa. Acreditamos na competência, entendimento e conhecimento do Dr. Consuelo, que demonstrou conhecimento do que está sendo apurado, de detalhes do processo, mostrando que está muito bem inteirado da situação. E em nosso ponto de vista, com relação aos nossos clientes, estamos otimistas sobre absolvição no sentido que o crime de organização criminosa não restou configurado na audiência de hoje (ontem)”.
Sobre o depoimento da suposta vítima, Dário disse que foi dentro do esperado, que ela nem chegou a ser intimada, mas avisada da audiência, compareceu espontaneamente, narrou o que aconteceu e trouxe também alguns detalhes importantes. “Com relação ao vereador Ronilson estão havendo alguns comentários, não sei se de má fé ou ignorância que ele pegou dinheiro do padre e da igreja, isso não aconteceu em momento algum. O padre disse que nunca iria dar dinheiro para alguém, não tinha dinheiro, nos dois momentos que em a polícia esteve em sua casa para tentar fazer o flagrante e depois a prisão dos acusados, não tinha um centavo para entregar; muito menos o vereador Ronilson que não participou desses eventos diretamente. Quem diz que o vereador levou dinheiro do padre ou da igreja, é mentira”.
Dário Júnior argumentou ainda que não há mais razão plausível para a prisão preventiva, visto que em sua opinião não há nenhum risco para instrução do processo, já que a vítima não mora mais em Caratinga e disse não ter recebido nenhuma ameaça concreta. “O magistrado entendeu que não seria o momento da revogação da prisão e sim aguardar a sentença que acontecerá em breve. Agora trabalharemos nas alegações finais”, informou o advogado.
Em relação à Câmara, o advogado disse que o mandato de Ronilson está suspenso, mas assim que for possível sua soltura, deverá reassumir seu cargo.