Fotos íntimas falsas de alunas com idades entre 12 e 17 anos estariam circulando em aplicativos de mensagens; estudantes afirmam que escola tenta abafar o caso
Fotos pornográficas falsas, criadas por meio de Inteligência Artificial (IA), com o rosto de alunas de uma escola particular de Belo Horizonte, com idades entre 12 e 17 anos, estariam sendo vendidas na internet. A denúncia foi feita nas redes sociais pela influencer Ive Moreira, de 21 anos, que é irmã de um ex-aluno do Colégio Santa Maria. A instituição de ensino foi procurada e lamentou o caso. Na porta da instituição, alunas conversaram com a reportagem e, com medo, relataram que pretendem fazer uma manifestação.
Em apenas 16h, o vídeo de quase 8 minutos publicado no TikTok pela jovem foi assistido quase 90 mil vezes somente na plataforma. O TEMPO conversou com a influencer nesta quarta-feira (4 de junho), que detalhou que a situação já vem se arrastando desde 2023, quando fotos reais das adolescentes foram vazadas pelos colegas, também adolescentes.
“Meu irmão saiu da escola no ano passado, mas, como ele ainda tem contato com várias meninas, e eu tenho algum alcance nas redes sociais, elas me procuraram e pediram para fazer essa denúncia para ver se alguma coisa seria feita. Mas isso não é de agora, em 2023 algumas alunas foram expostas e o caso foi denunciado”, detalha.
Desde então, dois dos estudantes envolvidos teriam sido punidos com dois dias de suspensão. Entretanto, na última semana, foi descoberto que a divulgação de imagens ainda estaria ocorrendo, porém, desta vez, com a suspeita, até mesmo, de comercialização de imagens de “deep fake”, quando o rosto das estudantes era colocado via IA em corpos nus.
Segundo um profissional da escola, que falou com a reportagem sob anonimato, a instituição teve conhecimento do acionamento da Polícia Militar (PM), mas que, até às 11h49 desta manhã, nenhuma viatura chegou ao local. O funcionário também afirmou que a mochila do estudante, apontado como portador de uma faca, foi vasculhada, sendo que nenhum item de risco foi encontrado.
Conversas comprovam compartilhamento
O TEMPO teve acesso a algumas imagens que comprovam o compartilhamento das imagens pelos estudantes em grupos de WhatsApp e Telegram. Em uma das imagens, um dos suspeitos ironiza a descoberta do vazamento. “Mas ela que postou. Se os caras tiraram foto, fod#$%. Ela que é PCD de postar foto quase pelada”, escreve um dos garotos.
“Eles compartilhavam estas imagens nos grupos e faziam uma competição de quem se masturbava mais com as imagens das garotas. Depois, ainda publicavam no Instagram parabenizando o ‘ganhador’ e marcando a menina que foi vítima. Temos relatos que, após essas imagens, as meninas eram seguidas dentro da escola, por aqueles que viram as fotos, fazendo chacota delas. Chegaram até a receber proposta de fazer programa, vindo de meninos de 14 anos”, completa Ive na entrevista.
Polícia Civil pede que vítimas procurem delegacia
Procurada por O TEMPO, a Polícia Civil informou, por nota, que atua para “levantar as informações do caso”. A instituição policial orientou, ainda, que as vítimas procurem a Delegacia Especializada de Apuração de Ato Infracional em Belo Horizonte para registrar o fato.
“O endereço da especializada é rua Rio Grande do Sul, 661, Barro Preto. Até o momento, sem registro de ocorrência”, concluiu a polícia.
Fonte: O Tempo