Proprietários afirmam ter sido multados e orientados pela Vigilância Sanitária e Procon a abrir outra empresa para manipular a carne
CARATINGA– Os proprietários de açougues que aproveitam o período da tarde para vender churrasquinho na porta de seus estabelecimentos estão insatisfeitos com a Vigilância Sanitária e o Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) de Caratinga. Segundo eles, foi iniciada uma verdadeira “perseguição” aos comerciantes que praticam este tipo de venda, utilizada como uma maneira de complementação de renda de seus comércios.
Os comerciantes afirmam que a Vigilância e o Procon têm ido até os estabelecimentos e multado em cinco mil reais aqueles que fazem tal venda, alegando que precisam abrir outra empresa para manipular a carne que vendem no churrasquinho.
O proprietário de um antigo e tradicional comércio no centro da cidade procurou a Reportagem. Ele prefere não ser identificado, mas, confirma que há poucos dias foi multado em cinco mil reais e orientado a abrir outra empresa. O comerciante reclama que paga mais de dois mil reais mensais só de impostos e toda a carne que compra é com nota fiscal. “Tenho autorização da Vigilância Sanitária para manipular a carne que vendo aos meus fregueses, mas não posso manipular a carne que utilizo no churrasquinho, isso é absurdo. Se continuar assim prefiro fechar as portas”.
Outro que reclama é Ronaldo Gonçalves da Cruz, proprietário do Açougue Bom Apetite, na Avenida Catarina Cimini. “A gente trabalha, paga impostos. Há muitos anos vendia meu churrasquinho aqui na porta do açougue, agora vendo meus colegas sendo multados parei de vender. Há poucos meses a Vigilância Sanitária de Caratinga nos chamou para fazer um curso de manipulação de alimentos e teve até diploma, mas não serve para nada, não nos dão sossego”.
Ronaldo da Silva, proprietário do Açougue do Ronaldo, localizado na Praça da Estação, também afirma que foi multado. “Não estou dando conta nem de pagar a quantidade de impostos do açougue, e querem que se monte outra empresa para vender churrasquinho aqui na porta”.
Ronaldo mostrou as notas fiscais de compra da carne para atestar que o que é vendido tem procedência. “Pago imposto de tudo e ainda sou perseguido, não tenho sossego para trabalhar, isto é vergonhoso”.
Marcilio Teles é proprietário de um açougue no Bairro da Graça. Há anos também vendia o churrasquinho nos finais de tarde, em frente ao seu estabelecimento. Mas, há alguns dias, alertado por amigos, parou de vender por medo de ser multado. Ele também mostra o diploma do curso de manipulação de alimentos, ministrado pela Vigilância Sanitária.
Ambulantes que vendem churrasquinhos em diversos pontos da cidade, também temem ser multados, já que trabalham de maneira informal. Reginaldo Ferreira é um destes vendedores e trabalha há vários anos no Bairro das Graças. “Ainda continuo, mas trabalho com medo. Vou ficar aqui até eles chegarem e tomarem minha mercadoria. O que posso fazer, este é o meu ganha pão”.