Meu desejo hoje é de continuar as considerações sobre valores que são universais.
De uma forma resumida, a modéstia é um valor que reflete a humildade e a contenção nas ações, pensamentos e comportamentos.
Como podemos reconhece-la?
Ela é a capacidade de reconhecer os próprios limites, habilidades e sucessos sem ostentação, buscando sempre o equilíbrio e a simplicidade.
Podemos descobri-la no dia a dia através de ações como não se vangloriar das conquistas pessoais, sempre tratando os outros com respeito, independentemente das posições sociais, e honestamente reconhecendo que há sempre algo a aprender, não importa que experiência ou conhecimento possuímos.
Nossa sociedade detém áreas ou segmentos onde há choques entre pessoas. Para destacar uma delas, quero me referir às gerações, à disparidade etária.
Como a modéstia pode se manifestar ali? Os millenials, por exemplo, cresceram em um mundo digital. Principalmente por isso eles detém um domínio quase que ‘natural’ sobre a informática e a tecnologia, algo que os idosos muitas vezes sentem dificuldade em acompanhar.
Eu diria, que grande oportunidade para um jovem praticar a modéstia! Ao se conscientizar da lacuna de conhecimento entre gerações, ele poderia oferecer sua ajuda aos mais velhos, e isso de forma natural, sem arrogância ou superioridade. Ridicularizar os mais velhos por sua falta de habilidade tecnológica – isso faz sentido? Nunca. Afinal, conhecimento e habilidade se adquirem, não importa a idade ou outros diferenciais.
Culturalmente, a modéstia tem raízes profundas na tradição bíblica, onde é exaltada como uma virtude. Veja, que tremendo: no livro de Provérbios a humildade é considerada preferível à riqueza e ao poder!
Como Jesus Cristo exemplificou a modéstia em sua vida nesta terra! Tome o exemplo de servir ao próximo – sem buscar reconhecimento ou status! Ele e muitos seus seguidores nos legaram lições culturais e espirituais que até hoje influenciam a maneira como muitas pessoas entendem e praticam a modéstia.
Não podemos ignorar, entretanto, que nosso mundo está cada vez mais dominado por conglomerados comerciais, industriais e tecnológicos, nos quais a modéstia torna-se um enorme desafio. Pois esses conglomerados muitas vezes promovem uma cultura de competição e ostentação, onde o valor de um indivíduo é medido por sua capacidade de consumir, de exibir riqueza ou de alcançar posições de destaque. (Sendo bem sincero, isso, infelizmente, pode também se infiltrar em outros meios da sociedade, e até entre os meios mais seletos, como numa instituição de caridade ou numa comunidade, uma igreja!)
O mais triste neste aspecto é que tal tendência de competição e promoção pode anular as nossas identidades individuais e pode até fazer com que a modéstia seja vista como uma fraqueza, em vez de uma força.
Creio que faz sentido dizer que a modéstia é um valor que nos convida a buscar o equilíbrio em um mundo que frequentemente nos empurra para os extremos.
Que cada um de nós possa ser mais e mais um “Dom Modesto” ou “Dona Modesta”, alguém que sempre carrega a bandeira humanizante da MODÉSTIA.
Em outras palavras, uma pessoa cuja importância não está no que ela possui ou na posição que ocupa, mas em sua forma de agir com humildade, respeito e compreensão.
Rev. Rudi Augusto Kruger – Diretor, Capelão
Faculdade Uriel de Almeida Leitão