Distrito é divido. Quem mora em Caratinga busca assistência básica do outro lado, pertencente à Ipaba
VALE VARDE (CARATINGA) – Vale Verde foi criado oficialmente pela Lei Municipal 242 de 15 de junho de 1998. O distrito é divido pela avenida em dois lados. Parte da localidade pertence à Caratinga e abriga centenas de famílias, que têm suas moradias distribuídas em ruas de difícil acesso, identificadas por números. Mas, para os moradores, há anos os governantes têm se esquecido do local, que não tem rede esgoto e nem pavimentação.
Se a sede representa o crescimento e desenvolvimento, isso não se aplica ao Vale Verde. José Pereira, morador do local há quase 30 anos, afirma que o distrito parece estar parado no tempo. “A rua está buraco puro. Prefeitura não vem fazer nada. As pequenas melhorias que têm são os moradores que fazem. Tem mais de seis anos que não fazem nada aqui, quando mandam é uma capinadeira. Já fizemos abaixo assinado para a Prefeitura vir aqui e não vem”.
As dificuldades se intensificam no período chuvoso. Para evitar inundações, muitos precisaram providenciar mecanismos para ‘barrar’ a entrada de água em suas residências. “Quando chove a água entra nas casas, ela não tem ‘caída’. Minha casa mesmo já entrou água. Teve um dia que estava viajando, fiquei uma semana fora, deu uma chuva, quando eu cheguei minha casa estava invadida de água. Estava cansado de viajar o dia inteiro, daqui para Belo Horizonte e de Belo Horizonte para Barbacena e tive essa surpresa desagradável”, recorda.

Para Antônio Vasconcelos, união popular tem sido fundamental, considerando a falta de recursos públicos
Antônio Vasconcelos mora no Vale Verde há sete anos, mas o imóvel é uma herança de família há 34 anos. Ele mora em uma rua acima, mas, ainda assim, não deixa de ser prejudicado pela falta de estrutura do distrito. “Sempre desse jeito aqui. Não mudou nada até hoje. Só vêm época de política, aí está todo mundo aqui. Para quem tem casa lá em baixo inunda muito, é muito barro. E quando chove não tem
como subir aqui, o carro tem que ficar lá em baixo, vir a pé no meio da lama. Nós esperamos que olhem por nós, mas até hoje nada. Se tiver alguma melhora aqui é porque a gente combina com os vizinhos para ajudar, são pessoas muito boas. Eles (Prefeitura) falam que vão passar a máquina aqui para melhorar um pouquinho, mas até hoje nada. Estamos esperando ainda. Esperança é a última que morre”.
Outro morador, que preferiu não se identificar, ilustrou dificuldades enfrentadas, pois o lado pertencente à Caratinga não tem estabelecimentos comerciais, saúde, educação ou qualquer tipo de assistência. “A escola é do outro lado, o posto de saúde também, do lado de cá nem boteco não tem, tudo é no Ipaba. Quando chove não dá pra passar, Prefeitura nem lembra daqui. Aqui nem máquina nas ruas pra acertar não vem”.
O contraste entre os dois lados (Caratinga e Ipaba) é o que mais chama a atenção dos moradores. Eles não encontram do lado de cá, o que está disponível do lado de lá.
Um comentário
Henrique
Sempre foi assim e nunca vai mudar!