Se existe algo que têm tido enorme peso para as várias mudanças, na maioria ruins, que vêm ocorrendo em nossa sociedade, tal coisa têm sido a falta de princípios demonstrada por uma grande parte da população. Tomo aqui como definição de “princípios” os conjuntos de valores, tomados também como “regras“, que temos e usamos como balizas para as nossas decisões. Sendo então tais princípios as bases das quais tomamos como parâmetro para as nossas ações, como guias para nossa visão de mundo, aquilo que influenciará nossos julgamentos, nossa maneira de pensar, de guiarmos e orientar nossa vida.
Princípios são, basicamente, aquilo que decidirá e nos dirá o que é certo ou errado, de acordo com a nossa formação pessoal, de acordo com o que aprendemos como atitudes aceitáveis, ou não, de acordo com os parâmetros estipulados pela sociedade e/ou, principalmente, pela nossa própria consciência.
Como as regras e parâmetros de convívio em sociedade têm a tendência de mudar de acordo com a vontade de alguns, ditando o que é certo ou errado, obrigatório ou não, de acordo com certos tipos de situações e, principalmente, dificuldades enfrentadas (principalmente econômicas), aqueles que têm princípios morais individuais fracos tendem a seguir a correnteza de imoralidade que se instaura com esse estado de “princípios” voláteis. Princípios individuais bem estabelecidos e delineados são a âncora que nos impede de sermos levados por tal correnteza.
Tomo como “princípios” aquilo que não muda, e nem pode mudar, diante de diferentes situações. “Princípio” é aquilo do qual não se deve abrir mão, são linhas delineadoras que têm a função de mostrar o que pode, ou não, ser feito e aceito como correto. No âmbito individual, os princípios são aquilo que terá a função de delinear o nosso caráter.
Em uma pessoa onde não há limites previamente estabelecidos e fixados por seus princípios morais, éticos e religiosos, entre outros, os quais têm grande influência na formação de nossos princípios individuais, tal pessoa, muito provavelmente terá algum, ou alguns, problemas de caráter e, também enfrentará problemas com certos grupos de regras que venham a limitar sua “liberdade”, gerada por sua falta de princípios e, consequentemente, pela sua falta de disciplina. É extremamente necessário que venhamos aprender a diferença entre “liberdade” e “libertinagem”, pois a má compreensão destes dois termos têm levado nossa sociedade pelos caminhos da devassidão moral.
Diante da falta de princípios individuais firmes, inabaláveis, demonstrada pela maioria das pessoas que compõem nossa sociedade, é inevitável que tal situação se reflita em escala maior, levando a sociedade toda a ser vista como uma sociedade sem princípios fixos, sem padrões que norteiam suas atitudes, totalmente inundada em seu modelo de princípios instáveis, que não prevalecem, que não se firmam, estabelecendo uma situação onde tudo é mutável, inconstante, onde nada é feito para durar, caracterizando assim àquilo que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman chamou de “Modernidade Líquida”; caracterizada por uma sociedade sem padrões duráveis e princípios fixos e uniformes que, onde tudo é inconstante, em todas as áreas e, assim como o líquido, se molda segundo a forma do recipiente no qual se encontra. Perdeu-se a característica sólida e durável das coisas, hoje, tudo é passível de sofrer mudanças e transformações, à todo e qualquer instante.
Infelizmente, em nosso mundo atual, os moldes do “recipiente” do qual a nossa sociedade sempre toma a forma são estabelecidos pela mídia, que dá a sociedade a forma que lhe agrada, levando o povo onde quer que ela queira que ele vá, sem encontrar nenhuma resistência por parte da grande maioria. As pessoas que compõem nossa sociedade atual, pela falta de princípios individuais fortes, sem ter uma “forma” que é somente sua, incapazes de se manterem resistentes em sua individualidade, têm aderido as formas estipuladas por outros, se espelhando em outros, tendo na grande mídia sua maior representação.
Diante disso vemos uma enorme luta sendo travada em vários níveis e instâncias da sociedade contra a manipulação e a implantação de valores e princípios, no mínimo, questionáveis, que são apresentados por parte da mídia.
Faço eco às palavras da jornalista Joice Hasselmann, as quais ouvi quando assistia a um vídeo de uma entrevista da mesma, onde ela diz: “A mídia é, junto com as empreiteiras do ‘Petrolão’, o seguimento mais corrupto que existe”. E são tais valores midiáticos que as pessoas de nossa sociedade vêm assimilando sem perceber, valores corruptos e corruptíveis desde o início, onde o dinheiro e o poder fala mais alto que a moral, a ética, os bons princípios e a verdade. Em questão de princípios voláteis e contraditórios o “alto escalão” da mídia brasileira é imbatível! Não negando a alcunha que lhe foi dada de “Quarto Poder”, ela detém em suas mãos o poder de exaltar ou rebaixar àquilo que ela quer, quem ela quer, o que lhe convém ou, quem lhe paga mais, onde, na grande maioria das vezes o “compromisso” com a verdade é deixado de lado. É essa mídia, meus amigos, símbolo maior de contradição, corrupção, e falta de princípios, que têm norteado todas as decisões, maneiras de pensar, ser e agir da grande maioria das pessoas de nossa sociedade.
Se realmente queremos e almejamos uma mudança significativa em nossa sociedade, devemos começar fortalecendo e restaurando os nossos bons princípios. Tal atitude deve ser tomada urgentemente se realmente pensamos em mudanças.
Sem a delineação e restauração de princípios individuais fortes e duradouros, estaremos sempre a mercê de todo e qualquer outro “princípio” que queiram nos implantar, tendo aí o início de nossa corrupção, que desencadeará e refletirá na corrupção de toda a sociedade. Sem princípios individuais estabelecidos não passamos de massa de manobra na mão da mídia e do governo.
Que venhamos a refletir sobre isso; estamos conservando princípios invioláveis, dos quais não abrimos mão e que nos faz ser quem somos, demonstrando nossa personalidade e individualidade, ou já abrimos mão de todas nossas bases delineadoras, norteadoras, em prol da ideologia relativista imposta e propagada pela nossa “modernidade”, representada pela grande mídia e, até mesmo, por projetos elaborados pelo governo?
A certeza e a confiança só se estabelecem onde há a imutabilidade.
Wanderson Reginaldo Monteiro
(São Sebastião do Anta – MG)