Em 2012 eu iniciei um pós-mestrado numa das mais prestigiosas e respeitadas escolas de teologia brasileiras. Fui para lá para me preparar para ajudar no lançamento da nossa Faculdade de Teologia aqui em Caratinga. Logo fui dirigido à preparação da dissertação, a qual eu defenderia diante de uma banca de doutores em Teologia.
Chegar ao tema sempre é uma grande parte da tarefa. Muitas vezes acontece que o mestrando não se acerta em suas escolhas, o que é bem frustrante. No meu caso eu tinha uma frase em mente que eu queria pesquisar: “Por que há pobres na igreja?”
Na minha pesquisa, descobri duas coisas importantes: 1ª. A ONU estava também preocupada com a pobreza – na verdade, do mundo inteiro, e que no ano 2000 tinha colocado como alvo acabar com a pobreza no ano 2015. Faltavam apenas três anos! Será que conseguiriam?
A outra descoberta naquele tempo muito frio no Rio Grande do Sul foi na própria Bíblia: – descobri que Deus, desde os tempos mais antigos, já tinha se preocupado com isso, e que por isso, deu instruções muito claras a Moisés em como providenciar pelo bem-estar de todos que criam nEle. Além das instruções, volta e meia Ele mandava um profeta ou qualquer um que se qualificava perante Ele, para falar contra as injustiças, bem como para dizer como cuidar dos pobres, dos desafortunados (mulheres viúvas, ou órfãos, que perderam o esteio familiar, seu supridor), e estrangeiros (ou migrantes), que podiam ser refugiados – fugindo, às vezes, até por causa de sua fé e crenças.
FICOU ÓBVIO PARA MIM que o que aconteceu na primeira igreja em Jerusalém era o resultado da obediência de um grupo de pessoas às instruções do Criador e Deus. Diz o relato no Novo Testamento que os primeiros seguidores de Jesus – logo após a sua ascensão – apesar de haver acréscimo de novos membros a cada dia, “não havia entre eles pobres, pois cada um [dos membros] não considerava o que possuía como seu, mas compartilhava com aqueles que não tinham nada”. Outra declaração que encontramos sobre eles é que eles “transtornaram o mundo”. Em outras palavras, promoveram justiça e paz onde antes havia má fé e conflitos e violência.
Quando apresentei meu trabalho diante da Banca, recebi a seguinte “ordem”: ISSO AÍ VOCÊ PRECISA ESPALHAR, principalmente entre as igrejas e seus líderes!
Foi com esta intenção e compromisso interior que assumi minha função na faculdade.
Hoje li na Revista Times desta semana um artigo em manchete na capa: HOW TO DO THE MOST GOOD (Como Fazer o Máximo de Coisas Boas). A jornalista Naina Bajekal entrevistou um jovem professor da conceituada Universidade de Oxford, Inglaterra, chamado William MacAskill, de 35 anos de idade. É impressionante o relato de como ele chegou a desenvolver o movimento agora mundial “Altruísmo Efetivo” (EA), que entre, outras coisas, faz auditoria de organizações filantrópicas, zelando para que as doações recebidas vão realmente para as causas críticas e de grande necessidade que eles anunciam em sua divulgação.
Mas talvez o que mais me impressionou – e não entrarei em muitos detalhes – é que ele decidiu tirar, do seu próprio salário e das outras entradas (palestras, venda de livros, etc.), de 10 a 15%. E ele já possui milhares de seguidores que fazem o mesmo: doam para FAZER O BEM àqueles que estão sofrendo.
Pensei comigo: – Não é isso que a IGREJA DE HOJE está pedindo dos seus membros? O dízimo (que foi uma das instituições que Moisés ditou) poderia sim fazer uma diferença no nosso mundo.
Imagine comigo: – Se a igreja dos últimos séculos tivesse seguido o exemplo da primeira igreja de Jerusalém, onde de fato, NÃO FALTAVA NADA PARA NINGUÉM, NEM PARA OS RECÉM-CHEGADOS – e tivesse continuado a se espalhar DESSE JEITO, TRANSFORMADOR, pelo mundo – será que não teria resolvido o grande problema mundial da pobreza?
Eu sei e creio que a igreja aqui em Caratinga e região está fazendo muita coisa boa. Mas, infelizmente, o número de pobres e sem teto aumenta a cada dia, e há muita gente que é tratada injustamente nos tribunais, bem como temos pessoas – até autoridades – desviando recursos para interesses próprios. O pior, porém, é que há muita gente que já viu de perto e que até já viveu na pobreza, que ESQUECEU “DECISÕES PESSOAIS” de REPARTIR COM O POBRE não apenas esmolas, mas muito mais. E hoje vive da mesma forma como aqueles que ele/ela criticava antes – por alguma razão especial.
Quando li sobre esse professor da Oxford, que está impactando o mundo, desejei que ele viesse falar conosco aqui em nossa cidade – para nos transmitir ideias sobre como podemos verdadeiramente ajudar o nosso irmão aqui mesmo, ele ou ela “por quem Cristo morreu também”.
Quem sabe um dia!?
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum E-mails: [email protected] ou [email protected]