Garota foi diagnosticada com leucemia e vive a esperança de receber alta de sua primeira internação. Vizinhos deram início à campanha para reformar construção antiga, que apresenta risco à saúde da paciente
IMBÉ DE MINAS- Tamires Lorraine de Oliveira Gonçalves tem apenas 10 anos de idade. Há menos de um mês foi diagnosticada com leucemia, doença que atinge os glóbulos brancos do sangue, comprometendo o sistema de defesa do organismo. A família mora em uma casa simples, na Rua José Teodoro, Bairro Vitória, em Imbé de Minas.
Há dois meses começaram os sintomas. A garota brincalhona, risonha e agitada, deu lugar a uma menina desanimada, o que causou estranhamento à mãe, Roseli Ventura de Oliveira. “Vi ela muito baqueada, dormindo muito. Perguntei: ‘O que você tem minha filha?’. Ela respondeu que estava cansada. E o bracinho dela inchou, fiz raio-x e não deu nada, mas estava há dias inchado. Fiz exame de sangue dela, peguei dinheiro emprestado com meu pai e paguei, deu que ela estava com as plaquetas baixas e apontou leucemia”.
Após ter ficado internada em Caratinga no dia 10 de junho, Tamires foi encaminhada para a Unidade de Oncologia Pediátrica, instalada na unidade II do Hospital Márcio Cunha, no bairro Bom Retiro, em Ipatinga, onde ainda permanece. Tamires vive a esperança de receber alta de sua primeira internação, mas reside em uma construção antiga, com mofo e infiltrações que prejudicariam a saúde de uma pessoa já debilitada. “Ela queria vir agora dia 14 para passar uns dias em casa, para ver o primo dela que vai nascer, mas como minha casa é desse jeito não tem como. O médico perguntou o jeito que a minha casa é, se era de laje, falei que é mais simples. Ele explicou que não pode, por causa de poeira, essas coisas; então, para ela vir, a casa tem que se adaptar a ela. Ela nem está podendo receber visita no momento, pelo risco de pegar bactérias”.
O TRATAMENTO
No hospital, tudo ainda é muito novo para Tamires, que está no início de um tratamento doloroso e difícil. E o que ela mais quer é poder ir para casa, mesmo que seja provisoriamente. “Ela está tomando as injeções, bolsa de sangue e as plaquetas. O médico poderia dar alta para ela vir ficar uns dias em casa, só que tem que ter muito cuidado. Mas, ela é bem levada, chegando aqui ela vai querer cantar no culto, ir na casa de todo mundo”.
Religiosa, foi criada em berço evangélico e busca na fé toda a força que precisa para seguir em frente e também ajudar outras crianças que estão internadas, passando pela mesma situação, como afirma a mãe Roseli. “Sexta-feira, três crianças ganharam alta. Tem um lá que está sentindo muitas dores, grita demais, dói até a alma da gente de tanta tristeza. Ela ora pra ele, tem que ver que coisa mais lindinha. O dia que ela orou, ele dormiu a noite inteira. Falei com ela, ora mesmo minha filha, melhor coisa que você faz”.
Durante o tratamento, alguns efeitos colaterais podem surgir, como enjoo, o que já tem ocorrido com Tamires. “Ela está melhorzinha esses dias, mas com um pouco de enjoo, mesmo assim está comendo. Eles levaram uma comida para ela esses dias que ela ficou brava, não gostou. Perguntaram o que ela queria comer, ela disse que omelete com quatro ovos e um arroz bem soltinho, com bastante alho (risos). Elas trouxeram para ela e ela comeu direitinho”.
Outro efeito desagradável do tratamento é a queda de cabelo após a quimioterapia. Com cuidado, o assunto já foi abordado com a paciente. “O médico falou com ela que o cabelo dela vai cair, ela ficou triste. Falou: ‘Não queria que meu cabelo caísse, meu cabelo é cacheadinho’. Falei com ela: ‘Tem problema não filha’. Ela falou: ‘Tá bom’. Não falamos muito pra ela não ficar triste, porque a cabeça dela ainda não está entendendo”.
Todos estão se unindo em uma corrente do bem pela recuperação de Tamires. Mesmo tendo se afastado da escola para realizar o tratamento, tem recebido o carinho dos colegas. “Ela falou que está com saudades da escola, os coleguinhas tão rezando para ela lá, que eles são católicos. Ela falou que quando chegar vai agradecer um por um. E ela é muito levada, gosta de cantar no culto, fica sempre perto do pastor e ver ela baqueada assim faz a gente sofrer, porque não estou acostumada a ver ela assim”.
A CASA
A família enfrenta dificuldades para o sustento. Roseli precisou deixar o trabalho para cuidar da filha e o esposo, Adão Geraldo Gonçalves, também precisa revezar como acompanhante de Tamires no hospital. “O pessoal aqui da família mesmo que ajudava a comprar umas coisinhas para ela, porque nós todos somos humildes, agora estou tentando que as pessoas me ajudem com a questão da casa, porque sozinha não tenho condições. Eu trabalhava dando faxina na casa dos outros, ganhava R$ 400 para pagar conta de luz, de água; agora estou desempregada para cuidar dela. O pai dela não tem emprego fixo, trabalha mais na ‘panha’ de café, aqui é muito difícil de emprego. E ele não tá ‘panhando’ porque tem que me ajudar no hospital”.
A casa é bastante simples, coberta por telhas de amianto. Os quartos e outros cômodos da casa, como o banheiro, estão com as paredes descascando. Para os dias chuvosos, a solução foi improvisar, amarrando uma telha para conter a água que escorria para dentro da residência. Mas, os vãos entre as telhas também são favoráveis para acúmulo de poeira e mais entrada de água.
A construção é resultado do empenho de Roseli, mas agora ela se esforça ainda mais para garantir um ambiente favorável à saúde da filha, além de realizar um sonho da menina. “Falei que estão querendo arrumar a casa dela. Ela falou: ‘Mãe, pede para arrumar bem arrumadinho o meu quarto. Porque sempre ela teve vontade de ter uma casa de laje e um quarto arrumadinho, acho que todas as crianças né”.
Vizinhos da família, com apoio da Igreja Batista Nacional de Imbé de Minas deram início a uma campanha para a reforma, com uma nova pintura e forrar a casa. Seja com mão de obra, materiais de construção, qualquer quantia em dinheiro ou outra forma de ajuda que possa contribuir para que Tamires tenha mais conforto e segurança à saúde são bem-vindos. Além disso, como pai e mãe estão desempregados, eles enfrentam inúmeros dificuldades para se sustentar e contam com a solidariedade de toda a região. “Agora tem quase um mês não estou trabalhando, tenho que ficar por conta dela e as contas vão chegando”, afirma Roseli.
Quem desejar contribuir com a campanha, pode entrar em contato pelos números (033) 98740-1776- falar com Roseli ou (033)98855-5360- falar com Bruna.