Continuando o tema iniciado no artigo anterior, queria mencionar pelo menos três razões possíveis que impactam o valor que atribuímos ao sofrimento e à morte de Jesus, e que afetam também nossa compreensão da gravidade do pecado:
- A Familiaridade que Dilui o Impacto; 2. Ênfase na Vitória e na Ressurreição e, 3. Desconexão Cultural e Histórica.
Cada uma dessas razões afeta dois aspectos: como cada um de nós valoriza o sofrimento de Jesus, e a nossa compreensão de nosso pecado.
Vejamos a questão “Familiaridade”: Quando a crucificação é vista como algo “comum” ou meramente simbólico, nós perdemos de vista o custo real do sacrifício de Jesus. Ele sofreu uma tortura desumana, que deveria despertar em nós uma profunda reverência e gratidão. Assim, nossa “compreensão do pecado” é afetada: somos dessensibilizados e nossa percepção do peso do pecado é reduzida. Se não reconhecemos a dor extrema que Jesus suportou, é possível subestimar a gravidade daquilo que o levou à cruz: nossos próprios pecados.
Quanta à nossa “Ênfase na Vitória e na Ressurreição”: Focar exclusivamente na vitória da ressurreição, sem meditar no sofrimento, pode fazer com que vejamos a cruz como um “meio necessário” e não como uma expressão suprema do amor sacrificial de Deus. Com isso, nossa “compreensão do nosso pecado”, a seriedade do pecado pode ser minimizada. A cruz mostra o preço altíssimo que foi pago, mas quando ignoramos esse aspecto, podemos tratar o pecado como algo leve, esquecendo que ele exigiu o sangue do Filho de Deus.
Por fim, a “Desconexão Cultural e Histórica”: A distância cultural nos torna menos propensos a entender a humilhação pública, a dor prolongada e o horror psicológico da crucificação de Jesus. Perdemos a dimensão humana e histórica do evento. Isso sem dúvida afeta nossa “compreensão de nosso pecado”: O preço pago por nossos pecados foi brutal, mas poderemos racionalizá-los ou vê-los como “erros” ou “fraquezas” sem implicações eternas.
O pecado parece menos grave quando não reconhecemos que ele custou a vida de Jesus de maneira tão cruel.
O que fazer?
Para restaurar uma compreensão mais profunda, precisamos:
- Meditar nos relatos dos Evangelhos sobre o sofrimento de Jesus, colocando-nos no contexto histórico.
- Equilibrar a celebração da ressurreição com a contemplação do sacrifício da cruz.
- Reconhecer que o horror da crucificação revela a seriedade do pecado e, ao mesmo tempo, o amor incomparável de Deus.
Somente assim poderemos perceber que o sofrimento e a morte de Jesus não foram apenas um ato de martírio, mas o preço de nossa redenção e a medida da gravidade do pecado que ele veio abolir.
Contudo, como mencionado há uma semana, há um ponto ainda mais desafiador: se Cristo assumiu toda a culpa e nos concedeu perdão completo, como podemos reter o perdão daqueles que nos fizeram mal?
Na próxima semana, continuaremos…
Tenha um ótimo fim de semana!
Rev. Rudi Kruger – Faculdade Uriel de Almeida Leitão, Rede Doctum – [email protected]