Família busca tratamento com células tronco para recuperação de jovem que, após acidente, perdeu a fala e os movimentos
INHAPIM- “Disseram que tinha óbito no local, mas ao chegarmos, constamos que a vítima apresentava os sinais vitais”. Essas palavras do comandante dos bombeiros civis de Ubaporanga já davam a dimensão do acidente que aconteceu na madrugada do dia 17 de dezembro de 2016.

Os pais de Túlio, Edivaldo Ferreira e Mary Cristina de Oliveira mudaram a rotina para cuidar do filho
No km 506 da BR-116, trecho que corta o município de Inhapim estava um veículo completamente destruído, contra uma árvore. Em meio aos destroços estava Túlio Vinícius de Oliveira Ferreira, 21 anos, que se acidentou quando retornava da festa de formatura da namorada. Gravemente ferido, os bombeiros precisaram organizar uma operação especial para resgatá-lo com segurança e garantir o socorro rápido ao setor de emergência do Pronto Atendimento Microrregional (PAM).

Sueli dos Santos, tia de Túlio, mobiliza campanha para arrecadação de R$ 150.000 para tratamento na Tailândia
Quase cinco meses se passaram e Túlio se recupera em casa, no Córrego São Silvestre, zona rural de Inhapim. Mas, de lá para cá, a rotina do jovem não é mais a mesma. São diversos cuidados especiais, já que ele teve sequelas: não fala e não tem mais os movimentos dos braços e das pernas.
O DIÁRIO DE CARATINGA esteve na casa da família e conversou com a tia de Túlio, Sueli dos Santos Oliveira. Ela falou sobre a esperança de um tratamento que pode devolver a qualidade de vida ao jovem.
O ACIDENTE
Sueli relembrou quando a família foi informada sobre o acidente de Túlio. “A gente estava em casa, quando era umas 6h a mãe notou a falta de Túlio, porque ele tem o costume de chegar de madrugada, deitar e dormir. Ela já começou a falar: ‘Acho que aconteceu alguma coisa, vai atrás do Túlio’. Ela foi, com o pai dele e o avô, uma menina lá do depósito de Ubaporanga ligou pro meu pai dizendo que um Fiat Uno tinha capotado lá, mas era um senhor de idade que estava, mas era o Túlio mesmo”.
Ela ainda relatou que o acidente aconteceu por volta de 3h30, mas o seu sobrinho foi socorrido pelo menos quatro horas depois. “Demorou porque no local era difícil o acesso, as pessoas verem, por ser de madrugada. Levaram ele para Caratinga, onde recebeu os primeiros socorros, ficou quatro dias esperando uma vaga em uma UTI. Daí quatro dias saiu a vaga em Timóteo, ele ficou em coma 37 dias e depois abriu o olho, mas não movimentava nada. Depois que ele veio pra casa com 57 dias, começou a mexer o olho e a sentir a perna um pouco”.
No entanto, Túlio teve graves sequelas neurológicas. Ele sofreu traumatismo craniano e uma lesão axonal difusa. “Houve um desligamento, que agora aqueles fios que desligaram não ligam mais. Ele não fala e perdeu os movimentos. O braço esquerdo não teve movimento nenhum porque houve um rompimento de nervo. Agora o direito ele está fazendo fisioterapia, está trabalhando com ele, se a gente movimentar sim, mas ele movimentar sozinho não movimenta. Tem que procurar outros caminhos. Então a gente está esperando o milagre de Deus para a gente ver ele de volta junto com a gente, fazendo tudo que ele fazia antes, que é o nosso sonho”.
MUDANÇA NA ROTINA
Após o acidente, a rotina mudou completamente e os familiares se dedicam quase que integralmente aos cuidados com Túlio. “Quinta-feira fez oito dias que ele tirou a sonda, então a gente tem que ter um cuidado mais especial, mais tempo, cuidado, porque ele engasga muito. Estamos na luta. Ele já é um milagre na nossa vida, dele ter sobrevivido, porque o acidente dele foi muito grave. A gente está esperando Deus completar essa obra”.
O jovem faz uso de alguns medicamentos e a família tem muitas despesas financeiras. Mas, segundo Sueli, as doações têm contribuído. “Ele usa gardenal à noite, risperidona. Usa mais um remédio pra dor, fraldas. A gente um pouco de gastos, porque a Prefeitura doa fralda, um dos tipos de leite que ele toma, o outro a gente compra, mas ele também ganhou de alguns amigos e parentes. Mas, pagamos a fonoaudióloga duas vezes por semana, as fisioterapeutas quatro vezes por semana e a Prefeitura doa um dia da fonoaudióloga e dois dias das fisioterapeutas”.
Com muitos amigos, Túlio recebe visitas com frequência, além do apoio da namorada. Sueli afirma que é possível perceber algumas reações, quando ele está perto de conhecidos. Ela também explicou como a família se comunica com ele. “Às vezes quando chega alguém aqui que é muito próximo a ele, um amigo dele, a gente vê que ele respira fundo, às vezes parece que ele chora. Mas, pergunto alguma coisa pra ele e falo: ‘Túlio, me responde, pisca o olho’. Às vezes ele pisca e outras não. O médico explicou que quando passa naquela parte onde foi lesionado, ele não está entendendo nada, ele não vai responder. Mas, quando passa na parte onde não foi, ele entende. A gente conversa e ele pisca o olho”.
TRATAMENTO NA TAILÂNDIA
Além da fé, recentemente, a família ganhou mais um sopro de esperança para a recuperação de Túlio. Em conversa com uma família de Inhapim, Sueli descobriu que há um tratamento que pode melhorar significativamente a saúde de Túlio. “A gente conheceu um rapaz aqui que levou a filha dele. Mandamos os exames dele (Túlio) pra lá e os médicos da Tailândia olharam e disseram que tem pra ele o tratamento com as células tronco, fica em torno de R$ 150.000”.
Para contribuir na arrecadação do dinheiro para o tratamento, a família está dando início a uma série de campanhas. A primeira delas é um bingo, que acontecerá no dia 6 de agosto. Outros eventos ainda estão sendo programados. “Vamos fazer também, mais pra frente, o bingo de uma leitoa assada que o colega dele doou. Vamos fazer essas rifas pra ver se conseguimos, porque é muito dinheiro e a gente gasta muito durante a semana. Essas fisioterapeutas e fonoaudiólogas que são particulares, a gente tem que buscar e levar. Fica caro. O pai dele já não trabalha muito, porque ele que tem que pegar, colocar na cadeira, na cama, a gente não aguenta. A minha vida mudou totalmente porque tenho meu salão, está praticamente fechado, fico aqui o tempo todo para ajudar, porque é muita coisa. Tem que dedicar mais tempo a ele, porque agora ele precisa de nós”.
Sueli espera que a população da região contribua com a campanha. Ela ainda fala da solidariedade que a família tem recebido. “O povo aqui é muito bom, os amigos, parentes, vizinhos, ajudam a gente demais. Se não fosse, não sei como seria de nós”.
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Helena
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