* ALAN DE FREITAS BARBIERI
Assistimos um mundo sitiado por viroses advindas de um mosquito: dengue, chikungunya, zika vírus… Sem falar da febre amarela camuflada na preocupação com outras mazelas, mas que também continua desfilando vítimas.
Fontes históricas sobre a dengue no Brasil relatam que no ano de 1903, Oswaldo Cruz, então Diretor Geral da Saúde Pública, implantou um programa de combate ao mosquito que alcançou seu auge em 1909. Sendo que, no ano de 1957, anunciou-se que a doença estava erradicada no Brasil, embora os casos continuassem ocorrendo até 1982, quando houve uma epidemia em Roraima.
Advindo de origem africana, o mosquito “Aedes aegypti” atracou no Brasil junto aos navios negreiros, em que os depósitos de águas das embarcações eram os criadouros de seus ovos, espalhando o mosquito pelo país a fora.
Registros históricos também apontam que o primeiro caso de dengue foi registrado em 1685, no estado de Pernambuco na sua capital Recife, sendo que até 1953, a dengue era considerada uma virose benigna, sem letalidade, até haver um surto de dengue hemorrágico nas Filipinas.
Analisando estes registros pensei: “terá sido descaso, irresponsabilidade”, não sei!!!, Então relutei-me e resolvi refletir sobre este medo que o mundo está vivendo!
Tivemos o registro de uma erradicação do mosquito “Aedes aegypti” no Brasil, e hoje assistimos a uma enxurrada de casos de viroses que vão muito além da “dengue” e que são transmitidas pelo mesmo “Aedes aegypti”.
Foi então que minha reflexão tomou proporções maiores, pois, o que poderia ter sido planejado, estudado e pensado lá em 1909 no auge do programa de combate realizado por Oswaldo Cruz, hoje está causando medo em todo o mundo.
Existe o descaso das autoridades responsáveis pela nossa saúde pública sim, mas vale ressaltar que não fossem a quantidade de lixo jogado nas encostas, lixo a céu aberto, terrenos baldios, pneus abandonados sem qualquer cuidado, enfim, uma série de fatores exógenos a responsabilidade das autoridades, uma parcela deste acometimento poderia ter sido evitada.
Mas minha reflexão é pautada no sentido de alertar a sociedade brasileira para melhor valorizar a educação e o desenvolvimento da ciência, precisamos cada vez mais formar cidadãos comprometidos com a ciência e fornece-lhes suporte para que seus estudos se desenvolvam por meio do fomento das autoridades nacionais para não ficarmos sucumbidos a termos que assistir nossos grandes cientistas ter que deixar sua pátria para desenvolver seus estudos em outro país.
Ou mesmo, depender de que outras nações desenvolvam estudos para sanar acometimentos que dizem respeito ao nosso sistema, como por exemplo, as doenças tropicais, que não são de interesse científico do mundo, mas que, para nós cujo vivemos em um país tropical, deveríamos nos preocupar.
Este artigo também se preocupa em destacar a falta de um planejamento adequado e bem estruturado no que diz respeito à saúde pública, pois um mosquito que foi erradicado do país, e volta com força total, espalhando, além da “dengue”, a “febre chikungunya” e o “zika vírus” é quase que assinar um atestado de incompetência deste sistema.
Pois se percebe, que bastou com que estas viroses tomassem ares internacionais, acometendo países desenvolvidos, para que toda a comunidade científica mundial se voltasse para o estudo sobre estas viroses, determinado a incapacidade de programação e planejamento da saúde pública do Brasil.
Portanto, com mais de um século presente no Brasil este problema não foi sanado, volta-se ao velho jargão de planejamento (ou ausência deste) no Brasil: “imediatismo”, o que poderia ter sido monitorado e estudado ao longo dos anos, hoje precisa de uma solução para ontem!!!
Agora, além das mazelas em que nossa economia se desmorona, assistimos a mais um descaso e falta de programação do sistema de saúde pública nacional.
Mas, para não sermos mais uma vez, reféns de um sistema falido e despreparado, acredito que devemos buscar nas nossas atitudes como cidadãos que compõem este sistema, fazer a parte que nos cabe, para não nos tornarmos tão passivos como o sistema se mostra, para tanto, façamos da prevenção nossa aliada, como já a fazem, as grandes nações desenvolvidas do mundo.
Pois com algumas ações preventivas como uso de repelente, verificação de água parada acumulada no fundo de vasos de plantas, garrafas sempre com a boca voltada para baixo, enfim, ações que não irão demandar mais que alguns minutos do seu dia, a fim de que, por meio da prevenção, nos blindemos um pouco, até que nossas autoridades nos forneça alguma solução.
Prevenção advém de planejar, ou seja, a prevenção hoje é nosso maior aliado para o amanhã. Façamos cada um de nós nossa parte, pois só assim poderemos mudar o rumo deste sistema “desprogramado” e atrasado em que estamos inseridos.
Não podemos ficar sitiados por um mosquito sendo tão “sapiens” como somos, a capacidade de raciocinar todos nós temos, seja em países desenvolvidos ou não, pois então, vamos pensar mais nesta nossa capacidade e acabar de uma vez por todas com este tão pequeno e ao mesmo tempo GRANDE problema que fazemos parte, e trabalhar com as ações que temos o mínimo dever de cumprir se desejamos avançar para uma nação mais bem desenvolvida.
Não são apenas as autoridades que determinam o futuro de uma nação, nós cidadãos somos todos subsistemas deste grande sistema, e cada vez que fazendo nossa parte, estaremos contribuindo com o sistema como um todo. Já fez sua parte hoje?
* ALAN DE FREITAS BARBIERI, possui graduação em Administração de Empresas e graduação em Educação Física. Tem o título de Mestre em Biotecnologia. Atualmente atua como tutor do ensino semipresencial do UNEC – Centro Universitário de Caratinga – MG, onde também é docente dos cursos de Administração de empresas, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e Segurança no Trânsito. Além de exercer a função de professor efetivo na rede estadual de ensino do estado de Minas Gerais – MG
3 Comentários
Maria luiza
Ótimo texto! O momento é apropriado para o questionamento. Parabéns!
zumara
Muito bom o texto! A época de chuva e do mosquito esta de volta. Vamos cuidar pro mosquito não aparecer
zumara
Muito bom! Texto bem orientador e atual. Parabéns