Por meio de origamis, professor Max Bastos retrata Subaé e faz um chamado à conscientização
CARATINGA- “O horror de um progresso vazio/Matando os mariscos e os peixes do rio”. O trecho é da música “Purificar o Subaé”, de Caetano Veloso, consagrada na voz da irmã do cantor, Maria Bethânia, em 1981.
A canção traz uma reflexão sobre o rio Subaé, que nasce em Feira de Santana e banha Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, terra natal dos artistas e sofreu ao longo dos anos um processo intenso de poluição industrial e de esgotos sanitários. Por isso, tornou- se símbolo de pautas ambientais, o que foi intensificado após o lançamento da música-protesto.
Toda esta temática serviu de inspiração para o professor Max Bastos, que lançou uma exposição em cartaz no Casarão das Artes até o dia 21 de outubro. Cores, peixes em origami e um chamado à reflexão. Minas também tem sofrido com desastres ambientais, o que ele também procurou demonstrar. “Quando planejei este trabalho, pensei na questão dos rios e nas barragens, inclusive fiz um peixe de quatro metros, que chama cor de lama, que é para representar as questões das barragens que aconteceram em Minas Gerais. Tenho uma instalação chamada ‘Ninguém solta a nadadeira de ninguém’, como se fossem os peixes fazendo um apelo na questão da queima das matas e poluição dos rios, representando a poluição dos rios, inclusive até mares. O acidente que aconteceu em 2015 em Brumadinho, segundo alguns estudiosos, os efeitos devem perdurar por cem anos no rio ainda”.
O espaço foi dividido ainda em outras alas, que ilustram um chamado à conscientização. “Tem a instalação principal da exposição, que seria o Subaé, composta por quatro partes, onde têm alguns peixes que ficam ‘nadando’ todos lineares, como se estivessem no fundo do mar. O convite que fiz em quadrinho, fiz grande também, que é a entrada, está escrito Subaé”.
Professor de Biologia em duas escolas estaduais, Max Bastos também demonstra sua aptidão artística em um trabalho rico em detalhes. “Gosto muito de música, cinema, literatura… Então, o trabalho aqui percorre a questão muito da música. Por exemplo, eu tenho um quadrinho chamado Cajuína, que é feito em cima de uma música de Caetano. Gosto de trabalhar muito com isso e gosto da questão da interação. Você poder percorrer entre os peixes, isso eu acho interessante”.
Sobre a repercussão da exposição, ele faz um balanço positivo e acredita que o objetivo está sendo alcançado. “Estou surpreso e satisfeito. Primeiro, a questão do Casarão ter cedido o espaço, essa é minha primeira exposição. Particularmente nunca fui a nenhuma exposição de origami, então, a primeira exposição que estou indo de origami é a minha própria, achei bacana isso. E a aceitação legal dos colegas, rede social que está sendo divulgado. As pessoas estão vindo, gostando, porque aqui tem uma explosão de cores, você tem temas diferentes, por exemplo, o mel que retrata a natureza, as abelhas. Então, além do Subaé, foram retratadas outras situações”.
Bahia tem Subaé e Caratinga tem o Rio Caratinga. Localidades diferentes, mas que trazem o apelo ao cuidado com o meio ambiente, como analisa Max. “Temos problemas de poluição no Rio Caratinga também, na questão de rede de esgoto. O objetivo da exposição é tentar fazer essa reflexão também, porque a gente acha que lá na Bahia não tem nada a ver, da Amazônia não tenho nada a ver com isso, mas temos que perceber que isso reflete, a questão da natureza, do clima. E do direito dos animais também, dos seres vivos viverem em seus locais, tirar essa ideia que a terra é só de nós humanos. As plantas e os animais também têm direito de viver aqui”.
Um manifesto em forma de exposição. Subaé segue com horários de visitação ao público de 8h às 18h. Toda a população é convidada a prestigiar o trabalho. “Tenho três rosas gigantes que foram feitas, que simbolizam Resistência. Então, o objetivo é tentar mostrar uma Resistência do meio ambiente. É preciso conscientização, apelo mesmo, para que possamos ter um avanço em relação ao meio ambiente e à natureza”, finaliza Max Bastos.
O Casarão das Artes está situado à Rua João Pinheiro, 154, centro.