*Alessandra Soares da Silva
A vida é coberta por surpresas, como bem demonstra o ocorrido com uma adolescente da Zona Rural, a Maria de Lourdes. Ela vivia uma vida normal, brincava, ajudava seus pais com os afazeres no terreno onde moravam juntamente com seus três irmãos, dois homens e uma mulher.
Vivia uma vida normal, como qualquer outra adolescente. Seus pais, de origem muito simples, lutavam com muito esforço para cuidar dos filhos. Foi então que o inesperado aconteceu, quando aos 12 anos Maria começou a sentir fortes dores nas costas De início acharam que podia ser algo simples, mas a dor foi aumentando sua intensidade e constância. Levada ao médico, foi diagnosticada com câncer, para desespero de sua família, pois o tratamento deveria ser feito em Belo Horizonte, além de todos os medicamentos que deveria tomar. Foram dias difíceis… Quimioterapia, remédios e uma cirurgia que lhe tirou duas costelas e a metade do pulmão.
Anos se passaram e ela lutando contra essa doença, sempre com o sorriso no rosto, uma fé inabalável e levando sua vida com naturalidade. Mesmo sem os seus cabelos pretos e sofrendo as reações da quimioterapia, ela comemorou o seu aniversário de 15 anos. Colocou uma linda peruca e aproveitou a festa com os seus familiares e amigos, sempre abrilhantando a todos com a sua força e seu jeito doce de ser.
Ao completar 16 anos, os médicos a liberaram do tratamento, pois o câncer havia sumido. No entanto, uma das principais recomendações foi a de que ela não poderia se engravidar, já que isso poderia agravar a sua saúde. A alegria tomou conta da família pela grande notícia, já que Maria estava curada. Passados alguns anos Maria decidiu se casar, em busca de uma vida normal, como qualquer outra mulher de sua idade. Passados dois anos, a notícia da gravidez encheu a casa de felicidade e, também, de muita preocupação. Consultas, exames, pré-natal e muita alegria coma chegada de uma linda menina, Alessandra. A família foi presenteada com o “milagre”, contrariando o que recomendava a medicina.
Maria continuou sua vida normal e quando a sua filha completou 5 anos ela e seu marido Carlos tiveram o segundo filho, Alex, fruto também de uma gravidez tranquila, presenteando a todos com aquele menino lindo e saudável. Infelizmente, Maria desenvolveu outro tipo de câncer, voltando a fazer tratamento, porém dessa vez em Ipatinga. Mais uma vez a quimioterapia, a queda dos cabelos, náuseas frequentes, dores fortes, anemia e outras ocorrências. Mesmo diante de tanto sofrimento ela sempre dizia “Eu estou bem”, mesmo sentindo dores intensas não perdia a vontade de viver e seu sorriso não saia de sua face, sempre buscando forças em Deus.
Porém, dessa vez, o câncer a atingiu de uma forma mais avançada. O tratamento, mais for ter e longo, foi acompanhado de perto por sua família, sempre presente, ao seu lado. Sua irmã Justilina era a que mais a acompanhava nas consultas, pois sua mãe tinha problemas de saúde, mas ajudava o máximo que podia, assim como o seu marido, que lhe dava todo o suporte, trabalhando e cuidando dos seus filhos. Ao finalo de um período, os especialistas a liberaram após não encontrarem mais nenhum vestígio do câncer, marcando o seu retorno em 6 meses, para consulta de rotina.
Foi uma enorme alegria, principalmente para sua menina, pois ela não a deixava nenhum instante, cuidava dela mesmo tendo menos de 11 anos de idade, vigiando a sua respiração à noite, por medo dela morrer. Vencido o ptazo estipulado, a consulta de rotina chegou, mais ela estava bem, não estava sentindo nada, o único incômodo era um nódulo… Novamente encontram o câncer. Maria voltou a fazer a quimioterapia e agora teria que fazer também a rádio. E a luta se iniciou novamente, só que dessa vez o câncer veio muito mais severo e foi se alastrando pelo seu corpo. As dores se tornaram mais intensas, e ela passou a necessitar do oxigênio 24 horas por dia, além de idas constantes a Ipatinga e do uso de morfina. Foi quando os médicos encontraram 5 tumores em seu cérebro, detectaram a metástase e informaram da impossibilidade de operá-la, devido às possíveis sequelas e ao risco dela ficar em estado vegetativo.
A informação de que, operando ou não, ela teria no máximo mais 2 meses de vida, abalou a todos Juntos, buscaram força no Senhor, o dono da vida. Exerceram a fé, acreditando que na vida de um cristão nada é por acaso, tudo tem um propósito, e cada um tem a sua missão. Maria partiu aos 32 anos de idade, vivendo mais do que a sentença que lhe foi dada. Deixou o seu legado: “Não importa as lutas que você terá que enfrentar, mas que lute com um sorriso no rosto, mesmo que a dor lateje por dentro. Não se esquecendo de que, sempre, ao seu lado, tem um Pai que está todo o tempo te dando forças para lutar e só Ele sabe o que é melhor para você”.
“Mas bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está”. Jeremias 17:7