Moradores cobram medidas para retorno seguro a imóveis que foram interditados devido a deslizamento no Rodoviários
CARATINGA– 7 de dezembro de 2020. Nesta data, um deslizamento de terra desabrigou diversas famílias que residiam no Bairro Rodoviários. Conforme apurado pela Justiça, o incidente foi provocado por uma obra de construção civil com desaterro volumoso. A ação envolve quatro réus, dentre empresas e a Prefeitura.
De lá para cá, decisões judiciais envolviam responsabilidades, como monitoramento dos edifícios, medidas paliativas, vistoria dos imóveis e pagamento de benefício aluguel social. No entanto, conforme os moradores, nada teria sido cumprido.
Hugo Morais Mendes morava no Residencial Íris, que precisou ser interditado. Ele destaca a falta de providências. “Se passou um ano em que ocorreu o deslizamento e até o momento, nós, proprietários, estamos sem ajuda nenhuma se quer. Sendo quatro réus envolvidos, que ocasionaram o problema e nós ficamos sem nossas moradias”.
Conforme Hugo, apesar do pedido do Ministério Público, que por meio de uma ação civil fez o pedido do aluguel social, esta medida ainda não foi cumprida solidariamente pelos réus e muitos têm sido os prejuízos. “Infelizmente, até o momento, nenhum desses réus está cumprindo com o que foi solicitado. Estamos ficando no prejuízo. Disseram que o prédio está evacuado por questões de segurança, não está condenado, mas, só podemos voltar quando a obra de contenção for realizada. O município de Caratinga entrou com uma lei para nos isentar do IPTU também, porém, até o momento, a lei não foi sancionada pelo prefeito. Também continuamos então a pagar aluguel, financiamento, IPTU e condomínio, desse prédio e de onde estamos morando. Tem proprietários que perderam o apartamento por não conseguir pagar duas contas e a Caixa Econômica Federal pegou o apartamento de volta e está leiloando”.
Hugo afirma que os proprietários não querem dinheiro, mas, o retorno aos lares com segurança. “Juntamos dinheiro, compramos com nosso trabalho e vivíamos tranquilamente. Uma época de inflação, tudo subindo preço e ninguém está nos ajudando. Muitos estão pensando em parar de pagar o financiamento e perder o apartamento, porque não tem mais como continuar. Estamos perdendo a esperança, estamos vendo o prefeito gastar dinheiro com iluminação da praça de Natal, nada contra isso, mas, ele não vem nos ajudar aqui. Teve participação do município e nada até agora”.
Para o morador, ainda não é possível assegurar que não há riscos para os imóveis. Ele cita, como exemplo, que o risco de deslizamento já era iminente à época. “Dois dias antes do incidente ouvimos barulho de concreto rachando. Entramos em contato, informamos, o muro da casa que até cedeu uma parte, apareceu uma rachadura de uma hora para outra. Nos relataram que estava tudo tranquilo e dois dias depois aconteceu tudo isso. Segurança não podemos ter, a pessoa que é técnica, especialista nisso dizia que podia ficar tranquilo e olha o que aconteceu, como vamos ter segurança? Só podemos e queremos voltar aqui quando tiver feito a obra de contenção”.
Ele reforça que nenhuma medida, até o momento, teria sido realizada pelos réus, como forma de minimizar os impactos nos imóveis. “Até os tríplex que têm ali estão descendo mais a cada dia. As obras que eles disseram que fizeram, não foi feito nada. Está tudo do mesmo jeito, se não está pior. Teve dois dias de obra, que passaram um trator no lote aqui do lado, mas, o proprietário impediu a continuação dessa obra. A ideia era concretar tudo isso para fazer a primeira parte da contenção. Mas, o dono do lote interviu. Então, não foi feito realmente nada. Após o incidente a prefeitura veio e desentupiu os bueiros, mas, coisa que já havíamos requerido há mais de dois anos. O problema tinha que ter sido resolvido antes, não depois. Há um pouco de concreto jogado ali, não tinha, mas, eles fizeram uma obra só para não deixar piorar a situação, mas, nada foi feito para nos ajudar a voltar para nosso apartamento”.
Hugo ainda cita que com o período chuva, eles observam que a área afetada continua em risco. “A parte do talude que não cedeu está do mesmo jeito, mas, cada vez mais vai descendo um pouco de terra ali, o asfalto está cedendo mais, o vidro das casas está quebrando. Percebemos que está cedendo o terreno. Se continuar com esse mesmo descaso, a tendência é só descer mais terra e o que estava interditado apenas por segurança pode ser agora condenado, que é nosso prédio. O prejuízo será muito maior”.
Antônio Frederico também precisou deixar seu apartamento devido à interdição. Ele declara que a insegurança e a incerteza ainda são os sentimentos dos moradores. “É muito triste essa situação. Saber que já tem vizinhos perdendo apartamentos e o descaso com os moradores é muito grande. A insegurança que temos de voltar aumenta cada vez mais com esse período de chuva. Eles não têm reparado, mas, a terra está descendo e quanto mais deslizamento devagarzinho for tendo de terra, vai acontecer o pior, se não for feito nada rápida. Para pagar o financiamento do imóvel está apertado, prejudicando muito o nosso bolso”.