DA REDAÇÃO – Atividades extraclasse da área de Geografia costumam proporcionar visitas a localidades interessantes. Durante os trabalhos de campo, os alunos têm a oportunidade de conhecer regiões com características específicas a serem estudadas, usando como base as teorias ensinadas em sala de aula. O relevo cárstico, por exemplo, foi tema de um trabalho de campo recente de um grupo de estudantes do Doutorado em Geografia – Tratamento da Informação Espacial, oferecido pelo Centro Universitário de Caratinga (Unec), em parceria com a PUC/Minas.
“Esse tipo de paisagem possui rochas conhecidas por serem grandes armazenadoras de água. Essa particularidade confere ao carste a característica de principal fonte de água potável em muitas regiões do mundo, segundo estudos desenvolvidos por pesquisadores da área, como Luiz Eduardo Panisseti Travassos e Bruno Durão Rodrigues”, esclarece o professor Sebastião Ricardo, do UNEC.
Os dois pesquisadores mencionados pelo professor escreveram a respeito do relevo cárstico em 2015. “Devido ao amplo conhecimento sobre o assunto, eles coordenaram a visita dos nossos alunos ao chamado “cráton de São Francisco”, que compreende as regiões de Bambuí, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Matozinhos e Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde ocorreu um seminário sobre meio ambiente”, explica Ricardo.
Esse tipo de relevo, ainda segundo o professor, possui recursos minerais que lhe conferem grande valor econômico, como o cimento. “São locais onde podemos encontrar acervos arqueológicos e paleontológicos, de uma biodiversidade frágil, mas diversificada”, ele completa.
No Parque Estadual do Sumidouro os alunos conheceram a paisagem de uma lagoa em ambiente cárstico na época de seca. “O período de seca da lagoa é cíclico, mas estudos nos levam a crer que a ação do homem tem colaborado para a diminuição da água”, alerta o professor.
Ele também esclarece que o chamado “Poljé do Sumidouro” é uma área aplainada, formada a partir da dissolução de rochas carbonáticas e drenado pelo Córrego Samambaia, localizado na porção leste do Parque do Sumidouro, em Fidalgo (distrito de Pedro Leopoldo). “A região é um dos pontos de menor altitude, com 678 metros. Trata-se de um local panorâmico com boa visibilidade, no qual é possível observar toda a planície de corrosão com a Lagoa do Sumidouro e o Maciço do Sumidouro”, complementa Ricardo, baseado em estudos teóricos do pesquisador Travassos e também de Vânia Kele Evangelista Pinto.
Já o denominado “Maciço do Baú, localizado a Oeste do parque, a cerca de 724 metros de altitude, é considerado patrimônio natural em virtude de sua grandiosidade e pela conexão com os demais elementos cársticos que compõem a unidade geomorfológica do Planalto das Dolinas. “O nome se deve ao formato alongado que se assemelha a uma chave ou fechadura de um baú, aspecto característico da evolução de uma caverna com o canal inicial mais arredondado e seguido pelo rebaixamento do nível de base hídrico”, desvenda o professor do UNEC, ainda usando como base teórica as pesquisas de Travassos e Pinto.
Nas paredes da caverna do Parque Estadual da Cerca Grande os estudantes também conheceram registros ancestrais. “São símbolos e desenhos geométricos de pessoas e animais datando entre 9,5 a 11 mil anos”, finaliza Ricardo.