Ao acordarmos e ao vermos a notícia achamos que o mundo estará estranho, mas surpreende assim tanto que o presidente dos EUA seja Trump?
O americano comum revê-se nele e gostaria de ser como ele. Uma estrela de reality show que vende a imagem do homem de negócios que faz milhões. Mas Trump arrastou atrás de si a maioria de uma nação apelando ao que de mais primário há no ser humano, a ausência total de humanismo.
É extraordinário que a construção de muros, o fechamento de fronteiras, os insultos às mulheres, aos negros, a toda a espécie de minorias, o fecho da internet… é extraordinário, repito, que todas estas barbaridades tivessem tido tão bom acolhimento ao ponto escolherem o promotor destas ideias para líder de um País, para mais, afligem-se todos os outros, o mais poderoso do Mundo, tais ideias só possíveis nos EUA.
É certo que Hillary não inspira qualquer tipo de confiança como produto fabricado do sistema, sem qualquer tipo de empatia, artificial, fria, e com algumas pedras no sapato como a fortuna fantástica que acumulou com o marido em pouco tempo, o erro do e-mail custou e desgastou muito a imagem de alguém que queria ser futura presidente.
Trump terá sido autêntico, dizem, e os americanos, como qualquer eleitorado, gosta disso. Portanto, quem o elegeu presidente dos EUA terá mesmo acreditado em todas as selvagerias prometidas e isso é que é assustador. Porque quanto a Trump, ele mostrou que conhece melhor o povo americano que os meios de comunicação social e que, populista como é, disse o que o povo queria ouvir usando estes meios como ninguém, roçando muitas vezes o ódio nos seus discursos inflamados.
Agora que está eleito, vai esquecer-se de quem o elegeu e vai tornar-se muito mais moderado. O discurso de vitória é claro, até elogiou Hillary Clinton, quando em campanha ameaçou mesmo mandá-la prender. É claro que quem vai ganhar com tudo isto serão os seus “pares”, aqueles que menos precisam; os do costume, os instalados no velho sistema político. E afinal, a campanha para a Casa Branca não foi apenas um intervalo na amizade de anos entre os Clinton e Trump?
Esperemos que os ódios do discurso não se confirmem e que os EUA tenham respeito por eles próprios e pelo Mundo, pois muita coisa depende disso.
João Abreu