Ator promove live ‘Fiz meu programa’ e recebe convidados
CARATINGA – Nesta semana, Thales Henrie apresentará a live Fiz meu programa. Contemplado com a Lei Aldir Blanc, o ator e apresentador convidou três artistas de Caratinga, de diferentes áreas, para compartilharem um pouco do movimento artístico e cultural da cidade via instagram – @thaleshenrie. Às 17h da segunda-feira (1/2), ele recebe o músico Nathan Vieira; já na terça-feira (2/2), às 14h, a convidada é atriz e professora de teatro Bia Mussi; fechando a live, às 15h da quarta-feira (3/2), Thales Henrie recebe a bailarina Juliana Anselmo.
SER ATOR
Thales Henrie, 26 anos, nasceu em Ponte Nova, cresceu em Caratinga, onde teve o seu primeiro contato com as artes cênicas. É graduado em Teatro pela Universidade Federal de São João del-Rei.
Thales fala sobre o que o levou a ser ator. “Acho que sempre fui influenciado pelo que via na televisão e no cinema. Por muito tempo acreditei que ser ator fosse algo extremamente ligado à fama e à televisão. Comecei a pesquisar e a estudar cada vez mais. Aos 14 anos de idade, tive a oportunidade de fazer uma oficina de teatro com a Beatriz Mussi, no Casarão das Artes. Foi onde comecei a abrir os meus olhos para essa profissão à qual tanto me dedico, comecei a ver que ser ator exigia muito trabalho e dedicação. Eu sempre quis ser várias pessoas e viver várias experiências nesta nossa vida que é tão rápida. Encontrei no teatro a oportunidade de ser cada vez mais eu e poder “brincar” de dar vida a outras pessoas”.
SER ATOR EM CARATINGA
Thales analisa como é ser ator em Caratinga e o espaço que a cidade oferece para esse ofício. “Acredito que em todos os lugares o teatro não é tão valorizado quanto deveria, e em Caratinga não é diferente. Quando comecei as minhas primeiras oficinas e, posteriormente, as minhas primeiras apresentações, era notável que quem estava consumindo os espetáculos, e na maioria das vezes, eram os pais de quem estava se apresentando. Ficávamos presos naquela bolha. Eu apresentava para a minha família como os meus colegas estavam também apresentando para a família deles. Hoje vejo muito mais coisas acontecendo na cidade. Tem a Casa Viva Meraki, que é um projeto lindo, mas que ainda existe na própria cidade uma resistência em consumir o que é feito nela. Temos que entender cada vez mais que ator, artistas não são só aqueles que aparecem na televisão e no cinema”.
Thales Henrie esteve um tempo fora de Caratinga. Nesse período, estudou teatro. Ele descreve essa volta. “Sinto uma necessidade de me movimentar, trazer o que vi e aprendi. Tenho várias ideias e sempre que estou andando pelo centro vejo e sinto um potencial muito grande na cidade para consumir teatro. Quero ocupar cada vez mais espaços públicos e privados de Caratinga”.
Sobre os projetos que ele pretende realizar em Caratinga, o ator diz que é colocar em prática o que aprendeu, compartilhar o seu talento levando arte a toda população caratinguense. “Quero cada vez mais mostrar o que aprendi nestes anos fora, estudando teatro. Esse é um processo. Estamos caminhando para chegar ao ponto em que todos sentirão a necessidade de consumir teatro tanto quanto consomem TV e cinema”.
O ator considera que Caratinga tem muito a oferecer, mas ainda precisa se dedicar mais em movimentar esse campo. “Conheço várias pessoas que consomem e gostam de ir ao teatro. Precisamos encontrar um meio para que essa arte esteja presente na cidade, que todos possam escolher ir ao teatro antes de sair para jantar, ou até mesmo adotar essa ação como programa principal do dia”.
A PANDEMIA
A pandemia do coronavírus afetou todos os segmentos, e o meio artístico foi um dos que mais sentiu seus reflexos, segundo observa o ator. “Não sou de olhar unicamente para o meu próprio umbigo. A pandemia afetou todos os profissionais e, principalmente, as pessoas de baixa renda. Falando da minha profissão, os meus trabalhos pararam e se tornou impossível continuar. Como costumamos falar, e não é nenhuma mentira, teatro não se faz sozinho. O teatro é uma arte de resistência, por muitas vezes conseguimos ler nos livros que o teatro estava morrendo e ressurge e, agora não foi diferente, os processos presenciais pararam, mas encontramos novos caminhos e novas possibilidades de continuar trabalhando com teatro. Vieram as “lives”, as leituras dramáticas, as apresentações virtuais e uma outra infinidade de coisas. Quem é artista e vê a arte como uma profissão é forte e se reinventa. Vi muita gente dizer que desistiu e, quando me assustei, surgia com algo incrível para apresentar”.
FIZ O MEU PROGRAMA
E a crise sanitária fez com que Thales Henrie se reinventasse também; daí nasceu o projeto Fiz o meu programa. “Eu queria e senti necessidade de fazer algo. Os teatros parados, os processos de montagem parados e eu vendo vários colegas parados também, mas que estavam inquietos para voltar aos palcos. Foi aí que decidi conhecer mais dos trabalhos das pessoas por meio das lives e, com elas, não só eu conhecia os trabalhos como várias outras pessoas podiam conhecer e compartilhar esses conteúdos. Hoje tenho salvo no meu IGTV do Instagram (@thaleshenrie) uma série de lives onde trabalhos de artistas do país inteiro podem ser conhecidos. Isso é incrível. De uma forma descontraída, divertida e leve, eu conduzo as lives. Sempre penso em o que conversar, em o que perguntar para os artistas, as brincadeiras mudam, o assunto muda, existe um roteiro, mas o que vai acontecer é sempre uma surpresa.
A SENSAÇÃO DE ESTAR NO PALCO
A pergunta recorrente a Thales Henrie é sobre estar no palco. “Na maioria das vezes, eu não sei explicar. É grandioso. Eu me sinto responsável pelo que estou fazendo e pelo que desejo passar com as minhas apresentações. Sinto um frio na barriga antes de entrar em cena, e é este frio na barriga que me motiva cada vez mais a estar ali. Hoje em dia eu já não me vejo fazendo outra coisa. Vocês não fazem ideia da saudade que estou de entrar em cena, me apresentar, escutar os aplausos da plateia, depois conversar com cada uma das pessoas que assistiram e escutar delas o que entenderam e o que viram. Eu amo as várias percepções que podem sair da mesma apresentação. O teatro é tão rico que nunca vai ter uma única e exata explicação daquilo que foi visto.
“Ainda pretendo me movimentar muito aqui pela cidade, tudo na medida do possível e sempre lembrando que a pandemia ainda não acabou”, finaliza Thales Henrie, que nesta semana será três vezes Thales Henrie com o projeto Fiz o meu programa.