Em entrevista à imprensa no fim da manhã desta segunda-feira (5), o delegado da Polícia Civil, Marcelo Franco explicou que foi deflagrada no começo da manhã a operação Xeque-Mate, destinada ao cumprimento de quatro mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão visando o esclarecimento do duplo assassinato das irmãs Elisangela Ribeiro da Cruz, de 50 anos, e Camila Keila Ribeiro da Cruz, de 34 anos, descoberto na madrugada de sábado (6/1), no loteamento do bairro Chácaras Madalena, em Ipatinga. “O crime foi completamente apurado nessa investigação. Estamos hoje, ao fim da operação, com três autores presos e um foragido” , acrescentou.
Conforme o delegado, os objetos alvo das buscas enrobustecem as provas que já existem no inquérito. O crime, que foi o fato policial de maior repercussão neste começo de ano em Ipatinga, passa a ser tratado como latrocínio. “O que aconteceu, que parecia ser um duplo homicídio, tecnicamente falando foi um duplo latrocínio. Essas mulheres foram mortas para que os autores subtraíssem os bens que elas levavam. Esse é um crime contra o patrimônio em que a vida da vítima é eliminada em função da subtração patrimonial”, detalhou.
A linha de investigação que associava o duplo assassinato das irmãs a um triplo homicídio no bairro Bethânia, horas antes delas serem mortas foi descartada. A investigação apontou para outro lado, detalha o delegado:
“Uma das vítimas (Camila Keila Ribeiro da Cruz) mantinha relacionamento com um motorista de aplicativo. E esse motorista queria terminar o relacionamento, conversou com a Camila e ela não ficou satisfeita com isso. Pior ainda, ela viu o seu ex-namorado, acompanhado de outra mulher. E esses fatos a deixaram com desejo de uma retaliação, que seria uma surra. Com isso, ela contratou quatro indivíduos do bairro Esperança, para que batessem no ex-namorado. Levou esses indivíduos até o local onde essa pessoa mora, no bairro Veneza, e eles ficaram de tocaia. Ocorre que a câmera de segurança do prédio onde o ex-namorado mora captou a imagem desses indivíduos e isso foi determinante para as investigações” , acrescentou o delegado.
Marcelo Franco também afirmou que, no dia seguinte, como os contratados não conseguiram dar a surra no motorista, ex-namorado, porque ele não estava em casa, a pessoa (Camila) que contratou foi procura-los (acompanhada da irmã Elisângela), no bairro Esperança, querendo o dinheiro de volta.
“Ocorre que ela estava lidando com gente perigosa, que não devolveu o dinheiro dela, como também tomou tudo o que essa mulher e a irmã levavam: bolsas, celulares, cartões bancários, uma quantia de R$ 1.000 e ainda as mataram para evitar que o crime fosse descoberto. Antes da execução foram levadas para um cativeiro, na casa de um deles, e lá, pelo menos uma delas foi violentada sexualmente. A gente sabe disso porque a medicina-legal encontrou esperma nas roupas íntimas de uma delas (Camila). Essa mesma mulher que foi violentada sofreu um duro golpe, que quebrou o maxilar dela e alguns dentes”, acrescentou.
Uma das possibilidades é que a tortura tenha sido praticada, mediante resistência da vítima, ou então porque os criminosos exigiram senhas bancárias e elas se negaram a repassar. “Foram colocadas no porta-malas do carro sangrando e o local da execução foi mesmo o loteamento no alto do Chácaras Madalena, onde os corpos foram encontrados. Cada uma recebeu cinco disparos de arma de fogo. Elisângela foi executada primeiro, conforme revelado nos exames de necropsia” , afirmou o delegado.
Cooperação PM e PC agilizou a apuração do caso das irmãs Ribeiro
O delegado Marcelo Franco Marino atribuiu o resultado do trabalho a uma cooperação entre a Polícia Milita e a Polícia Civil. No dia em que os indivíduos foram dar a surra no homem alvo da ira da mulher, e desistiram porque o homem não estava em casa, no caminho de volta, eles foram abordados por policiais militares, que os reconheceram como indivíduos envolvidos em diversos atos criminosos no bairro Esperança. No momento da abordagem eles foram fotografados por policiais militares que os pararam. “Então, quando confrontamos as imagens das câmeras de segurança do prédio do alvo e as fotos feitas depois, pelos policiais militares, isso facilitou a identificação de todos os envolvidos. Agora presos, alguns já confessaram parcialmente o envolvimento com o crime. As diligências complementares estão em andamento”, enfatizou o delegado.
Quem eram as irmãs executadas a tiros na madrugada de 6/1
Camila era professora na Creche Comunitária Nova Conquista, localizada no bairro Bom Jardim em Ipatinga. A irmã dela, Elisangela Ribeiro, tinha sido lojista. As duas tinham saído juntas, da casa de Elisângela, em HB20, de cor prata. Horas depois que os corpos foram localizados, o carro foi encontrado batido na rua 2 do bairro Nova Esperança, mesmo bairro onde as duas moravam. O proprietário do carro, um médico, confirmou que o veículo era alugado e que tinha emprestado o HB20 para Camila, de quem era amigo. Camila saiu de casa dizendo ao marido que iria à casa da irmã, que tinha pedido ajuda. O marido da vítima informou que, por volta de 23h30 de sexta-feira (5) a mulher havia saído para ir à casa de sua irmã Elisângela, que havia pedido ajuda, pois estaria passando mal. Câmeras de segurança mostram que as duas irmãs saíram no carro e depois disso, desapareceram e só foram encontradas horas depois, já assassinadas.
Fonte: Diário do Aço