Fortes chuvas que aconteceram na madrugada de sábado (8) para domingo (9) provocaram alagamentos e inundações em diversos pontos da cidade
VARGEM ALEGRE – Nesta segunda-feira (10) muitos moradores de Vargem Alegre ainda contabilizavam os prejuízos causados pela chuva que aconteceu na noite de sábado (8) para domingo (9). A Prefeitura prestava auxilio na limpeza das ruas, que ficaram tomadas por entulho e lama, enquanto isso, a prefeita Cilinha percorria os pontos críticos do muncípio. O lugar mais atingido foi bairro Walter Garcia, em virtude do transbordamento de um valão, local onde recebe esgoto sanitário. Agora, os afetados pela chuva tentam se reerguer e para isso contam com o espirito solidário das pessoas que podem ajudar. Até uma campanha está sendo feito. Os pontos de arrecadação são em Caratinga e Ipatinga.
Centro
Dona Euzeni da Silva Brito, 69 anos, mora na avenida Cândido Machado, 829, centro de Vargem Alegre, há 22 anos. A única companhia é um sobrinho de 20 anos, que vive com ela desde os sete meses de vida. Ela conta que o que passou na madrugada de sábado (8) para domingo (9). Segundo dona Euzeni, a água veio dos fundos e entrou dentro de sua residência. “A gente não esperava por isso. Me lembro que escutei a mulher que mora nos fundo batendo no muro, então pensei que a água estava vindo. Então, do nada, ‘topei’ com a água dentro de casa”.
No desespero, dona Euzeni começou a gritar por socorro. “Danei a gritar por uma menina que mora perto. Quando ela veio me ajudar, já tinha enchido tudo. A roupa que guardo no fundo da casa tá toda molhada, como a roupa que deixo na cômoda. Perdi comida também”, lastima.
Na manhã desta segunda-feira, dona Euzeni tentava salvar o que dava. “Perdi tudo, mas acho que dá para recuperar a cômoda. Ela é de sucupira e vou deixar no sol. Acho que dá pra recuperar”, anseia.
“Nesse tempo todo que moro aqui, nunca passei por isso. Agora não sei o que fazer, sou doente, tomo remédios”, finaliza dona Euzeni, que espera contar com a ajuda para poder reorganizar sua vida.
Bairro Walter Garcia
Rosângela de Almeida Coelha, 32 anos, é moradora do bairro Walter Garcia. Ela conta que nem tinha dormido, pois estava preocupada com o nível do valão. “Veio aquela chuva rápida, que depois diminuiu, ficou todo mundo alegre. Não tinha expectativa de enchente porque o valão não estava para transbordar. De repente meu cunhado saiu e voltou gritando que a água tinha subido e saímos para socorrer o povo. Não pegamos nada em casa, peguei minhas meninas e pus no terraço da casa de minha irmã. Fui ajudar o meu irmão e quando voltei, já deparei com a situação, um desespero total”, observa Rosângela.
A moradora relata que só saiu com a roupa do corpo e pegou os documentos. “Realmente foi um pânico. Saímos à rua e gritamos para o povo acordar. Também acudimos uma senhorinhas. Foi muita coisa em tão pouco tempo”.
“Hoje (segunda-feira, 10) que consegui parar para pensar. Não foi fácil dormir porque teve uma pancada de chuva bem rápida e a gente ficou naquela expectativa de acontecer tudo de novo e se a gente dormisse, a gente nem conseguiria acordar”.
“Foi uma perda muito grande, tem coisa que a gente nem tinha acabado de pagar, mas com Deus abençoando e com a força do povo, vamos erguer de novo”, almeja Rosângela.
Campanha
A vereadora Marlise Almeida da Silveira tem acompanhado a situação desde a noite de último sábado (8). “Foram chuvas intensas durante a noite de sábado para domingo. Quando deu 4h a parte mais alta da cidade começou a encher de água. Isso foi gerando preocupação e ficamos monitorando para vermos como estava a situação”.
Marlise falou que o bairro Walter Garcia foi o mais castigado. “Mais da metade das famílias perderam móveis, alimentos, colchões, roupas e documentos. Na rua Manoel Inácio, que fica próxima ao rio, já teve casos de alagamentos, mas não de inundação dentro das casas. Agora as pessoas estão tirando a lama de dentro dos imóveis. E tem um agravante, pois estamos sem o fornecimento de água da Copasa desde sexta-feira (7) à noite porque na sexta à noite aconteceu uma chuva muito forte na cabeceira do córrego Pouso Alto e destruiu a tubulação, algumas represas, que as pessoas tinham para criação de peixes, tanto é que chegaram a pegar peixes no meio da rua”.
Segundo ela, a previsão de restabelecimento de fornecimento de água seria para domingo, porém durante a madrugada choveu forte e inviabilizou esse conserto. “Então sem água potável, sem fornecimento de água nas casas, dificultando assim a limpeza, cozinhar e tomar banho. Está sendo uma situação atípica, completamente anormal diante do que a gente vivencia”, avalia a vereadora.
Outra questão abordada por Marlise foi a respeito do esgoto sanitário. “Aqui no bairro Walter Garcia tem essa situação, que a gente chama de ‘valão’. O esgoto a céu aberto corta o bairro em dois pontos. Todo esgoto da cidade fica nesse valão. É uma luta nossa constante. Muitos políticos se aproveitam disso há décadas dizendo que vão realizar a obra do valão, mas depois de eleitos eles esquecem. Então esse valão encheu, pois o rio desaguou nele. As baixadas foram tomadas pela água”.
Diante desta situação foi feita uma campanha para ajudar os moradores que perderam com as chuvas. “Começamos uma campanha para conseguirmos doação de roupas, alimentos. Até que não tem muito está dividindo com quem tem menos ainda. Estamos mobilizando amigos através das redes sociais para conseguirmos doações. Essa campanha não vai durar apenas uma semana, será uma situação que vai se prolongar, pois muita gente perdeu tudo. Tem caso de uma família que perdeu móveis que ainda estavam sendo pagos. Então como vai ser?”
Ainda, de acordo com a vereadora, muito problemas também foram detectados na zona rural, como quedas de barreiras, pontes cedendo.
“Quero fazer um apelo para quem tem condição, pra quem puder, pra quem se sentir tocado, que doe, ajude com o que puder. Doe alimento, roupas. Aproveite o início do ano, pois muitas pessoas têm o hábito de fazer limpeza no guarda-roupa nessa época. Aquela roupa que você não usa mais, faça essa doação. Um colchão que você tiver e está sobrando, ele só é usado para quando tiver uma visita, faça essa doação. Tem famílias que nem tem onde dormir. Também precisamos de água potável até normalização de fornecimento de água da Copasa. O que puder doar que faça essa doação”, convoca Marlise.
A respeito dos pontos de coleta, a Rede Doctum é um deles em Caratinga. “Casarão das Artes também. Em Ipatinga também tem um ponto de coleta, que é no bairro Bom Retiro, próximo a Unidade II do hospital Márcio Cunha. Tem também o número do Pix da Associação de Médicos de Vargem Alegre. Essas doações serão canalizadas na compra de remédios, colchões. Tomara que não, mas podem acontecer casos de doenças de pele, leptospirose. Também precisamos de produtos de limpeza, como água sanitária e detergente”, conclui Marlise, solicitando mais uma vez que quem puder, que faça sua doação.