ALAN DE FREITAS BARBIERI
O mundo vive hoje a grande corrida pela sustentabilidade, ou seja, uma busca emergencial para remediar uma exploração predatória de recursos em função de um crescimento econômico, que tem levado a uma escassez de diferentes recursos naturais. Sendo assim, devemos nos lembrar de que novas tecnologias são descobertas para auxiliar o homem, e, portanto não devemos temer o novo.
Em meio à crise hídrica, a sustentabilidade soa aos ouvidos da sociedade com intensidade sempre crescente, pois, além da escassez de água, faz soar alerta em relação a outros recursos, muitos deles inter-relacionados, que podem ser cruciais para a sobrevivência da humanidade na Terra, dentre os quais se destaca a problemática da produção de alimento. Neste contexto sou levado a questionar como a revolução tecnológica poderá auxiliar o homem para minimizar a necessidade de recursos naturais e construir um mundo mais sustentável?
Neste contexto, percebo que deva haver uma preocupação em cuidar do planeta, promovendo ações para uso racional dos recursos naturais, de forma a se atingir a autossustentabilidade de tão frágil sistema. Como assistimos hoje ao esgotamento de diversos recursos naturais, temos que nos atentar para estatísticas importantes sobre a alimentação na Terra: a ONU projeta uma população mundial de 10 bilhões de pessoas em 2050, implicando que a produção de comida deverá ser continuadamente aumentada. Assim, pensando-se em sustentabilidade, têm-se as sementes transgênicas, que possibilitam formas de se tirar maior produtividade de uma mesma área de plantio. Além da produtividade, as sementes transgênicas podem ser desenvolvidas com outras características, como a resistência ao clima seco e aos insetos, garantindo que safras consigam se desenvolver em diferentes condições bioambientais.
Tema recorrente em discussões e debates científicos, a transgenia na agricultura representa um grande interesse econômico, biológico e tecnológico no mundo. Os transgênicos são organismos ou culturas geneticamente modificados (OGMs) que contêm um gene que foi artificialmente inserido, em vez de adquirido naturalmente, por polinização, como ocorre nas culturas convencionais.
Com a evolução e o desenvolvimento da biotecnologia moderna e as inúmeras possibilidades abertas com essa nova ferramenta tecnológica interdisciplinar, o setor de agroquímicos hoje está ligado a áreas de produção de sementes e das indústrias farmacêuticas e de alimentos.
Uma das inovações surgidas na década de 1980 e comercializada legalmente no Brasil, a partir dos primeiros anos do século XXI, é a modificação genética de sementes, que permite a obtenção das chamadas plantas transgênicas, com diversas características de interesse como resistência a insetos, fungos e vírus, tolerância a herbicidas, maior concentração de nutrientes e produção de fármacos e biopolímeros, entre muitas outras.
Vivemos hoje em um sistema de crescimento predatório no qual já sentimos a gravidade do fato de serem finitos muitos dos recursos naturais, além da séria crise hídrica decorrente do desequilíbrio climático mundial, o que nos leva a pensar seriamente com o futuro da humanidade. Como Mestre em Biotecnologia, pesquisador e educador questiono como podemos, nós estudiosos, contribuir para minimizar estes efeitos?
Uma das contribuições é o uso de plantas transgênicas, que minimizam impactos ambientais como derrubadas de mais árvores para levantar cultivos, menos recurso naturais explorados com aumento de produção e oferta de alimentos. Como exemplo, tem-se a informação de que a substituição de plantios orgânicos pelos transgênicos levou à economia de 42,2 bilhões de litros de água, o suficiente para abastecer quase um milhão de pessoas durante um ano, ocorrida no ano de 1996, sem contar a diminuição da emissão de CO2 na atmosfera, apontando para sua efetiva ação dirigida para a sustentabilidade.
Dentro do tema, desperto para o seguinte posicionamento: quando o homem desenvolve técnicas como clonagem, uso de células tronco, transgenia, entre outras, não quer dizer que o homem está passando por cima de leis divinas, como muitas pessoas pensam, mas sim, são homens estudiosos e preocupados com o futuro das próximas gerações que dedicam seu tempo na busca por remediar um uso indiscriminado dos recursos naturais que vêm acontecendo sistematicamente.
Também ressalto que a visão dos transgênicos como representando problemas de saúde pública, já está ficando no passado, pois, por falta de sustentação científica, tem sido verificado que essa ideia vem perdendo espaço para publicações científicas de pesquisas sérias, que apontam para os inúmeros aspectos positivos associados ao implemento do cultivo de transgênicos.
Não há como escapar da realidade: o uso dos transgênicos no mundo vem se expandindo a cada dia, e o Brasil, em especial, vem combinando crescimento econômico sustentável com agricultura sustentável, tendo em vista que os alimentos transgênicos vieram para ficar. Além disto, os alimentos transgênicos ou deles derivados que são disponibilizados nas prateleiras dos mercados, vêm passando por incessantes e cuidadosas avaliações criteriosas e, até o momento, ainda não foi evidenciado nenhum prejuízo à saúde de seus consumidores.
Portanto, pensar no novo é um dos caminhos para a sustentabilidade. Planejar um futuro com mais recursos e menos destruição, demanda cuidados que começam no cotidiano de cada cidadão. A simples ação de se fechar uma torneira enquanto escova os dentes ou diminuir o tempo de banho, por exemplos, já contribuem para esta corrida para um mundo sustentável. Porém, o agravamento das condições ambientais e a escassez de recursos como terras livres para novos cultivos, demandam ações que ultrapassam os cuidados que cada cidadão possa tomar, levando ao homem a acreditar mais na ciência e tecnologia com criticidade e inteligência como sendo mecanismos de evolução humana, do que levantar discussões até mesmo de âmbito religioso confundindo inovação tecnológica com mexer naquilo que Deus fez…
Assim, a transgenia já se firmou como instrumento biotecnológico, implementando o crescimento econômico com desenvolvimento sustentável. Pense nisso!!! O uso de transgênicos é forma de garantir a disponibilidade de alimentos, reduzindo sua dependência de fatores ambientais, principalmente os climáticos, permitindo a prática de uma agricultura moderna em prol de um mundo mais sustentável.
* ALAN DE FREITAS BARBIERI, Possui graduação em Administração de Empresas e graduação em Educação Física. Tem o título de Mestre em Biotecnologia. Atualmente atua como tutor do ensino semipresencial do UNEC – Centro Universitário de Caratinga – MG, onde também é docente dos curso de Administração de empresas, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e Segurança no Trânsito. Além de exercer a função de professor efetivo na rede estadual de ensino do estado de Minas Gerais – MG