Servidores comentam de medo após dois casos em cinco meses; trabalhador estava no sétimo andar quando ouviu o estrondo
“Tragédia anunciada. Já é o segundo acidente.” A declaração é do servidor da Justiça Federal e coordenador executivo do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário em Minas Gerais (Sitraemg), Nelson da Costa. Suas palavras refletem o sentimento de medo e indignação compartilhado por servidores, terceirizados e estagiários do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), após a queda de um elevador no prédio sede do órgão, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (2 de dezembro).
Costa revelou à reportagem de O TEMPO que a servidora afetada pela primeira queda de elevador nos prédios do TRF6, em julho, ainda está em recuperação após, pelo menos, quatro cirurgias. O incidente já havia gerado preocupação entre os funcionários que frequentam os edifícios e, agora, o medo aumentou. “Os prédios são antigos, não foram projetados para ser um tribunal. Nós solicitamos a interdição de todos os edifícios e o trabalho remoto para todos os funcionários enquanto o risco não for resolvido definitivamente. Não podemos colocar nossos servidores em risco dessa forma”, continuou.
‘Pareceu uma bomba. Não quero pegar elevador mais’, diz funcionário do TRF6 após morte de colega
No momento em que o elevador caiu do 17º andar do prédio do TRF6, com Aldemir Rodrigues de Souza, de 40 anos, na parte superior do equipamento, um funcionário que realizava a limpeza no 7º andar ouviu o estrondo. “Parecia uma bomba. Foi tão alto que achei que fosse um caminhão batendo na rua”, relembra ele, que preferiu não ser identificado.
Após o barulho, o trabalhador foi procurar o que havia acontecido e recebeu a notícia, o que lhe trouxe um novo trauma, especialmente por um incidente semelhante já ter ocorrido em julho deste ano. “Disseram que o elevador tinha caído. Já é a segunda vez que isso acontece. A gente fica com medo. Agora estou receoso. Não quero mais usar elevador”, desabafou.
Luto de três dias
O desembargador e presidente do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), Vallisney Oliveira, decretou luto oficial de três dias na Justiça Federal em Belo Horizonte após a morte do trabalhador terceirizado na manhã desta segunda-feira (2 de dezembro). Aldemir Rodrigues de Souza realizava a manutenção de um elevador que caiu do 17º andar no prédio sede do tribunal, localizado no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul. Ele morreu na hora.
O expediente presencial nos três edifícios do TRF6 foi suspenso até sexta-feira, 6 de dezembro. Durante esse período, todos os servidores, colaboradores e estagiários deverão realizar trabalho remoto. Em nota, a Justiça Federal em Belo Horizonte lamentou profundamente o ocorrido e informou que está prestando o apoio necessário à família da vítima. Aldemir era casado e deixa uma filha adolescente.
Trabalhos de perícia
O prédio foi isolado para os trabalhos da perícia. A Polícia Federal (PF) realizará a análise da questão estrutural e técnica dos elevadores. Já a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ficará responsável pela perícia no corpo da vítima e pela remoção, que será feita pelo rabecão. O prazo para a conclusão dos resultados da perícia técnica é de no mínimo três meses.
O que aconteceu?
Na manhã desta segunda-feira (2 de dezembro), um trabalhador de manutenção perdeu a vida após a queda de um elevador do 17º andar no prédio da Justiça Federal, localizado no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O equipamento estava sendo inspecionado no momento do acidente.
A vítima era funcionária de uma empresa terceirizada e possuía mais de 20 anos de experiência no setor. No instante da queda, o técnico encontrava-se na parte superior do elevador. Ele deixa a esposa e uma filha de 17 anos.
Fonte: O Tempo