Café, pra mim, é essencial.
Tive algumas das melhores conversas da minha vida, em torno de uma mesa de café.
Na minha casa, tenho o “cantinho do café” que a Karol me ajuda a manter, mesmo odiando esta iguaria, ao contrário de mim, que adoro. Tem café de supermercado, café gourmet, café colombiano, cafés que amigos cafeicultores me presenteiam, café espresso, cafeteira italiana, coadorzinho, cappuccino… é meu cantinho do pensamento!
O café na casa do amigo Manoel Boca era, até outro dia, um ritual diário. Quando eu demorava a aparecer, lá vinha aquele áudio com voz de compadre Belarmino: “TíCamiiiilo, vem bebê caféeee, o melhor café das montanhasssss” e eu dava meu jeito de ir logo, porque sentia que estava perdendo alguma coisa que não poderia voltar, algum momento ou algum assunto que ele não ia lembrar depois. Ou só mesmo a vontade de desfrutar logo daquele café e daquela companhia. Manoel foi embora pra Vila Velha e deixou esta lacuna impreenchível.
Restou o café do amigo TandoSoulei, que eu provo toda vez que passo pela sua ourivesaria, tão bom quanto.
Durante minha estada na Mãe Admirável, o café era a minha transgressão. Arrumar um jeito de invadir a cozinha fora do horário e tomar uma xícara de café escondido era o auge da minha rebeldia. Inocente rebeldia, diante de tantas que a antecederam…
Minha amiga Fernanda Cordeiro era minha parceira de café, quando ela morava em Caratinga. Hoje ela está morando no nosso concorrente cafezal (Manhuaçu), mas a lembrança daquelas conversas permanece.
O cafezinho do sr. Wilson, que hoje é administrado pelo Harold e pelo Carlinhos, mas continua sendo o “cafezinho do sr. Wilson”, ao lado do Maria Lina, continua sendo o ritual diário de quem quer ficar bem informado. Afinal, fofoca também é cultura!
Quando morei alguns anos na rua João Pinheiro, tive a honra de ter, bem em frente à minha casa, o Café com Mimo, da Ângela e do Pedro. Hoje, Pedro continua tocando o projeto, e eu o visito menos, pois não moro mais ali, mas as oportunidades que tenho de curtir um cafezinho coado na mesa e a conversa agradável de meu amigo Pedro e outros que frequentam o lugar, eu aproveito bem!
E o barista-mor de Caratinga, Gustavo Sobreira, comanda, junto à sua doce bailarina Juliana Anselmo, o Café Courmet Brasil, onde, junto com a xícara, vem a aula. Cada café, tomado ali, nos torna mais conhecedores da história, das receitas, dos tipos, das formas de coar, dos sabores, das origens… enfim, da aura mística que envolve o ritual de se tomar um café.
Em BH, onde até pouco tempo eu mantinha um apê na rua da Bahia, eu adorava o Café Kahlua, na esquina com a Guajajaras. Lugar maravilhoso, bem frequentado, de rodas intelectuais, música de qualidade, exposições de arte; lugar que servia de redação natural para Os Impublicáveis, site e revista com os quais eu colaborava. Sentar ali com Robert, Domingos, Cind, Ivy e quem mais chegasse, era sempre um sarau. Ser anfitrionado pelo Ruy e sua verve característica era um prazer. Encontrar poetas, escritores, artistas plásticos, músicos, agitadores culturais que conhecíamos na hora mesmo e já entubávamos aquela conversa longa, era único. Ter a honra de fazer ali lançamentos da Jararaca Alegre e exposições com meus trabalhos era uma honra. Tristemente, o Kahlua não sobreviveu à pandeia.
O Café Nice, quase centenário, ali na praça 7, é onde eu sinto o clima da BH dos “anos dourados” e tenho o particular sabor nostálgico de lembrar meu avô Camilo Lelis, que, quando eu nasci, era dono do Café Nice em Caratinga, onde eu ia tomar sorvete e toddy batido. Ainda não tinha aprendido a tomar café quando ele fechou, mas no Nice de BH – o dono não sabe – eu sempre tomo meu café sozinho pensando no querido “padrinho” Camilo.
O café do Palácio das Artes é outro espaço nobre que eu adoro frequentar. Minha única tristeza é ver que a livraria está fechada, e a galeria de arte anexa teve sua parede de vidro substituída por uma de tijolos. Tomar um espresso ali admirando as exposições como paisagem era um must. Gostaria de saber quem foi a anta que quis fazer esta troca. Ali, aconteciam as “Terças Poéticas”, reunindo a turma da elite da poesia de BH, da qual a Jararaca Alegre e Os Impublicáveis não faziam parte, mas participaram algumas vezes.
Mais da minha turma era – é – o café do Cine Belas Artes, ali na Gonçalves Dias com Bahia. Ali sim, depois de uma visita à livraria anexa “Usina das Letras” do meu amigo Tarcísio, era hora de tomar um café antes de assistir uma sessão cult de cinema. Neste local sagrado da cultura de BH já aconteceram lançamentos da Jararaca Alegre, a convite do Tarcísio. O café muda de dono e de nome mas continua imbatível, café, local e ambiente.
E finalizando esta tour pelos meus cafés preferenciais de BH, tem o Black do shopping Cidade. Toda vez que estou em BH tenho de sentar ali, roubando o wi-fi e saboreando o café com alguma guloseima.
Encerro o passeio pelos cafés que frequento chegando ao Café Galo, de Montes Claros, no “Quarteirão do Povo”, o mais tradicional de MOC, onde eu evito dizer que sou cruzeirense porque quero tomar meu café em paz…
“Mestres & Gafanhotos”: Exposição se encerra neste sábado
A mostra de Artes Visuais “Mestres & Gafanhotos”, que reúne 37 artistas caratinguenses sob a batuta do cartunista Camilo Lucas, termina neste sábado, dia 25 de junho. Inicialmente prevista para o dia 26, ela acaba um dia antes, pois o dia 26 será de desmontagem para liberar o espaço para outros usos pela Unec.
Sendo assim, visite, de 10h às 17h, no Centro de Convenções “Dário Grossi”, anexo à Unec 1, na rua Moacyr de Mattos, centro de Caratinga, a mostra que retrata a arte caratinguense de ontem e de hoje!
A abertura da mostra no último sábado (18) foi bastante concorrida, com grande participação do público e abrilhantada por apresentações da Escola deDança Aplauso e de Nathan Vieira Trio junto ao maestro Eroni Ramos e seu projeto “Trem de Minas”. O homenageado Onair Freitas e a família do homenageado Giancarlo Laghi estiveram presentes, assim como a maioria dos artistas cujas obras estão expostas. O livro “Mestres & Gafanhotos”, catálogo da mostra, foi distribuído gratuitamente.
Ao longo da semana, além da visitação do público normal, houve visitas guiadas de escolas da cidade, Apae e Cras. Crianças e adolescentes ficaram encantadas e encheram de vida as galerias da exposição.
Camilo e os demais expositores convidam a todos para apreciar estes últimos dias da “Mestres & Gafanhotos”. Este evento conta com patrocínio de DPC e Irmão Supermercados, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. É realizado através de parceria entre Revista Jararaca Alegre, Prefeitura de Caratinga e Funec. Tem apoio cultural de Riodoce, Empreender Energia Solar, Carvalho Negócios Imobiliários, W Morais Tendas e Estruturas e de toda a imprensa local, em especial o Diário de Caratinga.