Eugênio Maria Gomes
As redes sociais são um campo fértil para você encontrar o torcedor de carteirinha. Não, eu não falarei aqui de futebol, do torcedor do Galo, da Raposa ou do Urubu. Eu falarei sobre o torcedor dos políticos e de seus partidos. No Brasil, esse grande, nobre e pobre país dirigido – há décadas – por cruéis e irresponsáveis gestores, desenvolveu-se a tal “torcida organizada” na Política, com alguns chatos torcedores de carteirinha. E se você acha que elegerei o PT – Partido dos Trabalhadores – para falar de como algumas pessoas agem, como se participassem de uma torcida de um time de futebol, cometerá um ledo engano. Até porque, até há pouco tempo, talvez não encontrássemos muitos torcedores fanáticos em outros Partidos Políticos. Mas, hoje, a coisa ficou generalizada em relação aos partidos e aos políticos: todos eles têm, sim, a sua torcida organizada, chata, que não consegue olhar um palmo à frente do nariz, achando que o que eles fazem está certo, está bem feito.
Existe coisa mais chata que conversar com um fanático defensor de Lula? Sim, há, basta conversar com um fanático defensor de Temer. Impressiona-me como é possível que em um país que está definhando, implodindo em si mesmo, ainda apareça alguém que defenda essa turma que, governo após governo, vem tirando tudo de nós, a ponto de, nos últimos tempos, até a dignidade de muitos brasileiros esvair-se no meio dessa pouca vergonha que têm sido os nossos sucessivos governos.
Esta semana eu assisti a uma reportagem que mostrava servidores públicos – principalmente os aposentados- de algumas capitais do país, enfrentando filas para o recebimento de cestas básicas. Sem receber os salários a que fazem jus – quer seja por conta do direito adquirido após anos de trabalho, quer seja por conta do direito à remuneração pelos dias trabalhados -, os servidores e aposentados estavam recebendo cestas básicas oferecidas pelos poucos servidores que estão com os seus salários em dia. A pessoa trabalhar – ou ter trabalhado durante anos – e não receber o provento a que tem direito, submetendo-se à fila da cesta básica, é, sim, uma afronta à sua dignidade.
Outra questão que merece a nossa atenção é que, quando a crise chega, os mais ricos nem a percebem, enquanto os da classe média pagam a conta mais alta. No entanto, uma das maneiras encontradas por eles para se livrarem um pouco dos nefastos efeitos da crise econômica é gastar menos, reduzir despesas e, consequentemente, ajudar menos. Com isso, quem acaba pagando a conta mais alta são os pertencentes à classe mais baixa. O resultado é o aumento do número de pedintes nas ruas e os que fazem uso das praças como moradia. As ruas e praças das principais cidades brasileiras têm demonstrado o aumento da população de rua, pessoas que não tinham nada mais para perder e que, ao deixarem de receber benefícios simples como uma cesta, uma sopa que lhes era oferecida por alguma entidade ou a ajuda que lhes davam os parentes e amigos, acabam nas ruas, dormindo em calçadas, marquises, nos bancos das praças. Em Caratinga mesmo é possível ver o aumento da população de rua e de pedintes.
Enquanto isso, algumas pessoas vão se digladiando nas redes sociais, defendendo o indefensável, como se existissem defensores da pátria. PSDB, PT, PMDB e não sei quantos “Ps” mais, abrigando Lula, Sarney, Collor, Temer, Dilma, Aécio, Serra e tantos outros, são todos culpados pela situação que o país está passando. Uns por conta de exaurir todas as reservas nacionais para implantação do Populismo e, outros, por não enxergarem o cidadão como o principal usuário dos serviços governamentais. Porém, todos eles envolvidos até o pescoço em denúncias de corrupção e do mau uso da coisa pública.
Acredito que, na hora em que entendermos que os candidatos que escolhemos são passíveis de erros, que Lula não é santo, como Temer também não o é, quando o foco da nossa defesa for o país e não os políticos e os partidos, quando percebermos que a corrupção política é apenas uma consequência das nossas próprias escolhas, talvez estejamos dando um dos saltos mais importantes para transformar esse país em uma grande nação, ética, próspera e feliz para todos os brasileiros.
Eugênio Maria Gomes é professor e pró-reitor do Centro Universitário de Caratinga. Diretor da Unec TV e apresentador de programas nas TVs Super Canal, Sistec, Unec e Três Fronteiras. Presidente da AMLM – Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas e membro das Academias de Letra de Caratinga e Teófilo Otoni. Membro do MAC – Movimento Amigos de Caratinga, do Lions Clube Caratinga Itaúna, da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga e Grande Secretário de Educação e Cultura do GOB-MG.