* Denise Souza
Pique-pega, pique-esconde, amarelinha! Provavelmente se sua infância ocorreu até os anos 80 ou 90 você se lembra dessas divertidas brincadeiras de criança! As ruas não eram tão perigosas e podiam ser dividias por vezes entre as pessoas e os automóveis. Os motoristas, não tão estressados diminuíam a velocidade dos carros ao passar por uma rua onde a criançada estivesse brincando. De dentro das casas os pais monitoravam os filhos e gritos do tipo: Menino, onde você está? Não vá para longe! É hora do banho! Eram frequentes.
As pessoas costumavam chegar em casa mais cedo do trabalho e cenas de mães passeando com os filhos logo após o pôr do sol eram comuns e bonitas de se ver. Os vizinhos tinham tempo para um breve mas produtivo bate-papo. As amizades eram reais e presenciais. Era inevitável conversar sem olhar para o outro e apreciar seu semblante! Em ruas menores todos se conheciam, encontrar um endereço era muito simples.
Pelo contato constante assim como o diálogo, a impressão deixada é que havia maior consideração de uns para com os outros. Desde cedo as crianças aprendiam seus limites nas brincadeiras com os colegas da rua. Sabiam o que podiam ou não. Se defendiam na medida do possível e as relações interpessoais iam acontecendo e se ajeitando na personalidade de cada um. De qualquer forma desde a infância as pessoas se relacionavam.
Mudança dos tempos, evolução tecnológica, uso de celulares, computadores, tablets… Atualmente não há como impedir uma criança de se aproximar desses recursos tecnológicos. O mundo virtual ganha força e expressão com o crescente número de adeptos dessas tecnologias.
Toda evolução tem seu lado positivo. Geralmente os criadores estão a serviço da humanidade. Os celulares encurtam distâncias assim como os computadores. Falar com alguém distante já não é uma missão tão difícil. Pequenas e grandes empresas beneficiam-se do conforto da informática. Os computadores trabalham pelas pessoas.
A promessa inicial dos notebooks, através de propagandas, era exatamente o homem ter mais tempo para a família. O computador deveria otimizar seu serviço e um tempo para o ócio deveria surgir. Na realidade portanto o que vivenciamos hoje é algo bem diferente desta promessa. Não temos tempo para muita coisa. O dia-a-dia de todos nós é uma grande correria! Conversar com os vizinhos é raridade, o máximo que conseguimos é saudá-los com um cumprimento rápido. As amizades se tornaram virtuais assim como os bate-papos.
Essa realidade está refletida na infância de nossos filhos. Brincar na rua é muito perigoso. Ir na casa de colegas, somente às vezes. O tempo que deveria ser livre é totalmente preenchido com atividades que julgamos importantes na formação deles. Enfim as relações interpessoais estão sendo construídas de outras formas. Eles se relacionam muito mais tempo por meios virtuais do que presenciais.
Consequentemente não vemos mais crianças brincando nas ruas formando equipes. Cada um está em sua casa, cuidando de seus afazeres, intermináveis afazeres. Pode-se dizer que é triste esse lado dos tempos modernos.
Nada substitui uma amizade verdadeira. Quem encontra um amigo encontra um tesouro. Esses princípios devem ser passados às crianças ainda na mais tenra idade. O complicado é que a amizade deve ser vivida, vivenciada e presencialmente! Portanto devemos julgar até que ponto nossas crianças devem se enveredar no mundo virtual em detrimento ao real. É bem verdade que a função dos pais nesse contexto é encontrar a dose certa da utilização das tecnologias disponíveis por seus filhos. Assim espera-se que tenhamos futuros adultos que dominam o mundo tecnológico virtual, mas conscientes de que pertencem a um mundo real!
* Denise Souza, Licenciada em Química pelo UNEC, possui mestrado em Ciências Naturais e da Saúde, concluído em 2010, também pelo UNEC, é doutoranda pela PUC-MG em Geografia: Tratamento da Informação Espacial. Atua há mais de dez anos como professora na FUNEC, sendo que atualmente se dedica aos cursos de graduação em Química, Pedagogia, Ciências Biológicas e Bacharelado em Farmácia.
Mais informações sobre a autora, acesse: http://lattes.cnpq.br/4446789164079416