Vítima de violência doméstica relata o recomeço, após denunciar agressor e receber ajuda do Creas
CARATINGA- O relato que está nesta reportagem é de uma mulher vítima de violência doméstica. O nome e demais dados serão preservados, considerando o sigilo e a segurança.
“Sofri uma violência que o meu esposo, um amigo dele e a minha sogra, puxou meu cabelo, que eu ia chamar a polícia. Fiquei muito machucada, cheguei a pensar até que não ia conseguir, mas, graças a Deus consegui. Passando os dias, foi desinchando o rosto, saí para a rua com a minha filha e acabei encontrando a Delegacia da Mulher. Deixei lá um depoimento que se acontecesse alguma coisa comigo seria o meu esposo ou alguém da família dele. Daí foram acontecendo outras agressões dentro de casa, comigo, com minha filha, ameaças. Hoje, minhas filhas estão bem graças a Deus e eu estou aí, sobrevivendo, com muito acompanhamento do Creas”, relata a vítima.
Ela ainda fez questão de destacar o acompanhamento realizado com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). “Não tem explicação, você se sente viva de novo. Pra mim tanto fazia eu morrer, hoje não, hoje luto para viver, porque eles me deram a mão, apoio, conversaram muito comigo. Por essas agressões hoje faço acompanhamento com psiquiatra, no CAPS, mas, hoje está bem mais fácil. Consigo enxergar o mundo de outro jeito. Já tentei suicídio várias vezes, quando acontecia uma briga lá. O meu braço, cortado, fui eu que cortei”.
E aconselha as mulheres que passam por violência doméstica. “Procure ajuda, antes que aconteça o pior, com elas ou com seus filhos, porque hoje em dia a maldade está aí. Temos que ter muita fé, esperança em Deus e principalmente nas pessoas que tem amor no coração. Hoje é vida nova”.
CREAS
Gisele Rismo, assistente social, explica que o Creas, além de atender demanda espontânea, que é quando essa mulher busca diretamente os serviços, também atende aos encaminhamentos. “Recebemos encaminhamentos da rede de atendimento à mulher, como Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Militar através da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, temos também as demais políticas públicas como Saúde, Educação e assim que o Creas tem conhecimento dessa mulher, vítima de violência doméstica, realizamos contato através de visitas domiciliares, agendamentos no próprio Creas e é feita uma acolhida, um momento muito importante. Muitas das mulheres chegam fragilizadas, vulnerabilizadas pelo contexto de violação de direitos e ao ouvir a história dessa mulher, nós começamos a traçar um plano de acompanhamento familiar, onde realizamos encaminhamentos para a nossa rede de serviços”.
Na maioria dos casos, as mulheres precisam de atendimento psicológico, devido ao estado emocional muito abalado, além de outros mecanismos, como afirma Gisele. “Também articulamos ações conjuntas com a rede de educação, às vezes essa mulher, que até então dependia financeiramente do marido, com afastamento desse agressor do lar porque é aplicada essa medida protetiva, essa mulher já não tem mais a renda desse companheiro, desse marido, muitas vezes ela precisa trabalhar e na casa tem crianças. Ela precisa de creche, de CEIMs, que são os centros de educação municipal, então, fazemos contato com a rede de educação do município e tem mais políticas públicas que vão se fazendo necessárias ao longo desse acompanhamento”.
Gisele Rismo finaliza com a mensagem de que a denúncia é crucial no combate à violência doméstica. “Você parente, você que convive ou conhece algum caso de mulher vítima de violência doméstica, hoje nós temos os canais de denúncia, são mecanismos gratuitos, sigilosos, você não precisa se identificar, pode ser uma denúncia anônima, através do Disque 100, temos o disque denúncia também específico, o canal da mulher, que é o 180. Ligue, denuncie, temos também a delegacia virtual, onde pode entrar no site da Delegacia da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais e registrar a ocorrência. Então, assim que se tem conhecimento desses fatos, os órgãos competentes vão tomar as medidas necessárias. O que é necessário é denunciar. Ajude-nos. Salve uma vida”.