Cleon Coelho fala de sua experiência no 4º mandato, e como é presidir o legislativo pela primeira vez
CARATINGA – O DIÁRIO DE CARATINGA entrevistou essa semana o presidente do legislativo, Cleon Comini Coelho, 48 anos. Cleon é casado com Mônica Aparecida Guimarães Coelho, pai de Priscila Guimarães Coelho, e está em seu 4º mandato pelo PSD (Partido Social Democrático).
Radialista por paixão, Cleon foi eleito pela primeira vez no ano de 2000, ficou fora por duas legislaturas, conseguiu voltar em 2012, em 2016 foi o mais votado e agora conseguiu chegar a presidente da Câmara pela primeira vez.
Quando ingressou na vida pública e por qual motivo?
Eu não fazia menor ideia de vida pública, sou de uma família que pai, mãe e irmãos nunca foram filiados a partido político, o que me levou para a vida pública foi o rádio mesmo. Porque o programa de rádio que apresento, naquela época principalmente era muito popular, participação das pessoas, e isso foi me popularizando no meio das pessoas, e fui convidado para candidatar. Achei que aquele trabalho que fazia no rádio poderia ser melhor na política. E a política é muito boa, eu gosto, no rádio as pessoas falam a gente é bonito, que a voz da gente é bonita, e na vida pública não, o cara te chama atenção, reclama, às vezes te acusa injustamente, mas isso é muito bom, para o crescimento da gente, amadurecimento da gente.
Como é representar Caratinga através do legislativo?
Pra mim é uma alegria muito grande, não escondo isso, porque sou do município de Raul Soares, município menor, ainda criado na roça, no distrito de Vermelho Velho onde estudei, até a 8ª série, vim para Caratinga anonimamente, virei radialista. Como radialista, cheguei a me eleger em 2000. Então pra mim é uma satisfação enorme, sou muito agradecido à população de Caratinga por confiar em mim, e graças a Deus consigo relacionar bem com as pessoas e representá-las.
Em sua opinião, qual a área do município necessita de mais atenção?
Saúde sempre é muito necessária, isso aí sem dúvida, vem mesmo em primeiro lugar. Mas Caratinga é um município muito grande, tem uma extensão territorial muito grande, e hoje eu vejo assim que não é fácil, e a prefeitura quer se estruturar nesse sentido, mas há necessidade de um atendimento na área rural, que é muito grande, distritos, tem estradas que a gente nem conhece, o vereador do município nem conhece. Até vi uma reportagem falando que são 2.500 km² de estradas, então é muito estrada pra você cuidar. E também porque nossa cidade é conhecida como a cidade do café, e nós precisamos ajudar esse pessoal a escoar a produção. Lógico também que a questão da educação sem dúvida, um povo que não tem educação, não tem perspectiva, e também é claro que as escolas estão distantes, não só aqui dentro da cidade. E essa questão das obras rurais, das estradas vicinais, eu vejo que temos que estar muito atentos a isso.
Como é sua relação com o executivo?
É uma relação muito boa, no primeiro mandato de 2016 a 2020 eu não conhecia bem o doutor Welington, nos conhecemos melhor no decorrer do mandato. Mas acredito que ele tenha uma confiança em mim, e vejo que a forma dele de conduzir as coisas, é muito correta, ele é uma pessoa que sabe ouvir a gente, as demandas, e a gente relaciona muito bem. E nesse caso então agora, eu e ele somos do mesmo partido, porque fui PSD, ele também foi PSD, e digo que não tem como esconder essa relação nossa, no executivo e legislativo, todos nós somos eleitos pelo voto, e por partidos políticos, e nesse caso eu sou do mesmo partido do prefeito doutor Welington.
Como está sendo a experiência de presidir a Câmara?
A história de cada uma é escrita de uma forma, tem gente que nunca candidatou a presidente, tem quem já candidatou várias vezes e não conseguiu ganhar, e para presidente me candidatei pela primeira vez, e consegui a eleição. Os mandatos anteriores me ajudaram, pra eu poder desta vez à frente da Câmara, fazer um trabalho bom, eu acredito. A gente está começando, são só dois meses e pouco, mas vejo que estou me identificando bem, com tranquilidade para poder tocar, tendo apoio dos colegas vereadores, dos funcionários, a gente tem uma clima muito bom, muito harmonioso lá, e eu falo para eles que eu cheguei pelo voto, outros chegaram pelo concurso, por nomeação, mas juntos queremos fazer o melhor para atender bem a população e deixar uma boa impressão.
Nas últimas legislaturas apenas dois vereadores se tornaram prefeitos, Dr. Eduardo e João Bosco Pessine. Você poderia ser o terceiro?
(Risos…) Vamos ver o que pode acontecer. Uma coisa eu falo, eu queria chegar a presidente da Câmara, porque acho que é uma escola boa, porque ou você terá convicção que pode candidatar a prefeito para fazer um bom trabalho, ou também você vai ver que não é pra você. Então é isso, estamos no começo, mas depois de dois anos vou poder dizer, se tenho condição ou não. A gente não pode querer ser prefeito só porque é popular, porque senão você terá depois uma administração ruim, e ficará culpado de coisas que você talvez nem tenha culpa, mas você não teve comando, não teve domínio, e se perdeu.
Atualmente os vereadores têm acesso direto aos deputados para buscar recursos. Você acha que é uma tendência da política, ou uma peculiaridade de Caratinga?
Acho que é uma tendência mesmo. Aqui em Caratinga nós estamos incrementando isso mais, dando mais visibilidade para essa questão, eu, por exemplo, em outros mandatos sempre fiz meus contatos, reparo que os deputados ficam receosos de ajudar, de contribuir, porque os deputados federais e estaduais tem uma situação bem diferente, nós todos somos parlamentares, mas o vereador pode indicar, pode pedir, tem lá o subsídio dele, só isso. Mas os deputados têm milhões para poder indicar, e isso é legal, então eles vão indicar para municípios que tem mais afinidade com o vereador, com o prefeito. Então acho que a gente precisa valorizar isso mais, lá na Câmara, por exemplo, esse ano nosso propósito é de estar convidando de todos os deputados para participar das nossas reuniões, para ficar mais claro o trabalho que o deputado tem feito em favor do nosso município. Eu por exemplo já convidei vários, teve o deputado Mauro Lopes, teve também o professor Irineu, convidei o Celinho do Sintrocel, que não esteve lá porque estava com covid, e ele iria inclusive anunciar uma emenda parlamentar que eu pedi, mas os outros colegas estão articulando esse ponto também, vão levar lá seus convidados e vão anunciar recursos. Isso é necessário, hoje as vezes se reclama em que a prefeitura investe, mas o que sobra mesmo do orçamento, é 3%, então se você não tiver esse incremento através das emendas parlamentares fica difícil você conseguir investir. A prefeitura arrecada, mas o custo também é alto.
Você acha que Caratinga está lidando bem com esse triste momento de pandemia, tanto governo, quanto a população?
Acho que até hoje (terça-feira, 16/3, data da entrevista), 164 pessoas que vieram a óbito, devido a Covid, mas de qualquer forma é um número correspondente a um ano. Lembro exatamente dia 20 de março do ano passado, quando começou essa questão de fechar o comércio. No Brasil inteiro é uma situação muito complicada, principalmente porque é a questão respiratória, é uma coisa agonizante só de imaginar faltar o ar, mas eu acho que o que a gente tem que ter é consciência. Se tem um lugar que tem aglomeração, saio dali, evito, essa questão de fechar comércio é uma forma do governo mostrar que está monitorando, está agindo, mas não acho que isso resolve. Até acho que isso tem um efeito colateral, quando anuncia o fechamento todo mundo corre pra comprar, aí vem aglomeração, as pessoas se contaminam, e vão pra dentro de casa contaminadas já, aí vem o crescimento dos casos. Acho que fechar comércio não é solução, é apenas uma forma do governo mostrar que está controlando, o comerciante adoraria que estivesse dando aglomeração na loja dele, ele até monitorar ali, mas essa não é a realidade. Agora uma decisão do governo do estado, o prefeito precisa respeitar, certamente. Essa questão de fechamento tem outro complicador ainda, os casos de depressão, as pessoas ficam presas e aí vem essa complicação. O certo é que estou com 48 anos e nunca vi uma coisa assim. Primeiro essa tentativa de controle por parte da administração, esse monitoramento detalhado dos veículos de comunicação, eu nunca vi uma coisa assim.
Quais seus principais projetos como vereador e como presidente?
Um que a gente conseguiu colocar, e só não está melhor por causa da pandemia, é abertura das reuniões para presença dos deputados, não só para oferecer emenda, mas para relacionar melhor, falar do que fez, do que pretende fazer, estreitar relacionamento, isso é um ponto. Outro ponto é que quero fazer o que for possível para todos os meus colegas, acho que o presidente tem que ter essa visão, sempre pensei assim, além de ser um vereador como qualquer outro, preciso cuidar dos interesses de todos e preciso cuidar do interesse da instituição Câmara Municipal. Essa é uma visão que tenho, além dos funcionários, é lógico, tanto que a gente tem uma relação hoje muito boa. Mas acontece que às vezes a gente não pode entrar muito em detalhe, não porque é segredo, mas se você pretende fazer alguma coisa e começa anunciar, começam os entraves aparecerem, então é preciso parar de falar, e fazer.
Qual a mensagem deixa para Caratinga, principalmente nesse momento de pandemia?
Com relação à pandemia, o que falo é que a gente tem que ter consciência, usar a máscara, manter o distanciamento e não aglomerar. Agradeço a oportunidade de estar na câmara representando as pessoas, é muito bom. Gosto de conversar com as pessoas, tenho prazer de contar minhas história também, e penso que se ficar fora é um choque, você acostuma com essa vida, ter compromisso é legal porque você não tem tempo para pensar em coisa negativa. Agradeço as pessoas pela confiança, e até falo que o vereador, essa maneira de falar vem da roça, meu pai falava o seguinte: “você coloca uma pessoa para trabalhar, e ter que ficar atrás dele não compensa”. Então eu falo, a gente vereador tem que ter consciência de fazer o melhor, independente das pessoas estarem ali, tenho que lembrar que a pessoa me deu o voto dela, então ela assinou ali para eu poder representá-la, e eu faço isso com muita tranquilidade, com muito prazer, e às vezes alguma coisa que passa impressão que a gente não quer dar satisfação, mas não é isso. Na vida tudo pra você construir, não te como detalhar demais, como as pessoas às vezes falam.