SOLIDÃO DIGITAL

João Paulo Freitas

Vivemos hiperconectados. Nunca foi tão fácil mandar uma mensagem, fazer uma chamada de vídeo ou enviar uma foto. Isso é muito bom, e o intuito da internet sempre foi esse: nos conectarmos com outras pessoas. Porém, com a mesma intensidade com que nos conectamos, também, nos distanciamos. O que antes eram encontros com trocas de vivências, diálogos, olhares diretos, hoje existem aparelhos que, por segundos de distração, nos levam a horas presos em redes sociais, bate-papos online e jogos. Quanto mais nos conectamos por meio das telas, mais parece que estamos nos distanciando na vida real.

Nas escolas, jovens se sentem cada vez mais ansiosos e deprimidos, muitas vezes sem saber como se expressar fora do ambiente virtual. Nos lares, casais dividem o mesmo teto, mas não a mesma conversa. E nos escritórios, convencionais ou híbridos, colegas trabalham juntos, mas mal se conhecem.

Essa solidão digital não é silenciosa – ela grita nos dados sobre saúde mental, nos consultórios cheios de adolescentes aflitos, nas conversas interrompidas por notificações e na dificuldade crescente de olhar nos olhos do outro. Estamos constantemente presentes… mas ausentes. A lógica do “curtir” substitui o “como você está?”; e o feed infinito se torna mais familiar que o rosto do vizinho. Criamos avatares que sorriem enquanto, por dentro, nos sentimos cada vez mais desconectados de nós mesmos e dos outros.

Mas nem tudo está perdido. A consciência é o primeiro passo. É possível resgatar os laços verdadeiros – com pausas conscientes, conversas sem o celular à mesa, encontros em que o tempo importa mais que o registro em foto. Precisamos reaprender a estar. A internet é uma ferramenta poderosa, sim, mas não pode ocupar o lugar do toque humano, da escuta atenta e da presença real. Em um mundo tão conectado, talvez o verdadeiro ato de resistência seja desligar – para se conectar de verdade.

A pandemia, ao exigir o distanciamento social, também deixou marcas emocionais que hoje aparecem na nossa convivência com as pessoas. Para superar isso, é importante fazer o que antes era comum: reunir-se PESSOALMENTE com amigos e familiares, sair para conversar e se reconectar, como fazíamos antigamente.

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