(Parte II)
Ainda falando sobre nossa sociedade e mundo modernos, cada pessoa deve acordar para o fracasso de nossas formas atuais e visões errôneas de progresso, e começar ela mesma a praticar as mudanças que tanto almeja, atentando cada um de nós para nossas próprias ações e pensamentos, deixando nosso estado de inércia, sem esperar para que outros tomem as atitudes que, há muito tempo, nós mesmos já deveríamos ter tomado.
Para que todo um povo ou nação não se perca outra vez nas densas trevas da ignorância, sendo domadas pelas rédeas, que se encontram nas mãos de políticos e pessoas sem escrúpulos, que agem visando somente a sua própria vontade, seus desejos e caprichos particulares, cada um de nós deve parar, agora, em nossa marcha desenfreada rumo ao abismo e a falsa proteção proporcionada pelas nossas cavernas, com o comodismo que proporciona a falta de engajamento do homem de nossa sociedade na aplicação do conhecimento e na ascensão rumo a uma vida melhor, orientada e pautada pela busca pelo conhecimento, da compreensão do mundo, do nosso mundo.
Exaltamos o progresso e a evolução científica, causados pela revolução tecnológica, mas ainda tememos os novos conhecimentos e horizontes que nos foram apresentados a partir de tal revolução. Conhecimentos e horizontes estes que nos apresentaram um mundo novo e que, consequentemente, transformaram, e ainda transformam, todas as relações humanas, trazendo consigo novas e incontáveis oportunidades de mudança, e mudança pra melhor.
Precisamos parar de temer e fantasiar as sombras que vemos enquanto temos nossa visão limitada e envolta em trevas, e deixar que as luzes da razão entre novamente em nossa consciência, para que cada um de nós pare com sua marcha frenética de volta a caverna, e a idade das trevas.
Atentemo-nos cada vez mais para tudo o que foi feito e ensinado, e veremos que o mundo “moderno” em que nós vivemos nada mais é do que um presente com uma embalagem muito bonita, mas que, por dentro, carrega algo com a capacidade de desencadear a putrefação de toda a estrutura ética/moral de nossa sociedade.
Quanto mais nos encaminhamos e nos engajamos rumo à modernidade, mais ignorantes parecemos ficar, quanto mais “moderno” o homem se torna, mais atitudes animalescas e ignorantes o homem do século XXI demonstra em suas ações, e com relação ao respeito e igualdade em todas as suas relações.
A tecnologia nos deu a capacidade de nos comunicarmos e mantermos contato com pessoas distantes, instantaneamente, o que era impossível e impensável há alguns anos atrás. Da mesma forma que a tecnologia nos uniu com pessoas distantes, a mesma tecnologia separou famílias dentro de suas próprias casas. A medicina e a indústria farmacêutica avançaram de maneira alarmante, mas milhares ainda morrem por doenças consideradas simples. A produção de alimentos e a tecnologia em todo o seu processo também avançaram e aumentaram, mas a fome ainda continua alarmante matando milhares.
De nada vale o progresso da humanidade se não houver seres humanos para usufruírem desse progresso
“Tempos modernos… Tempos de profundas contradições.”
Wanderson Reginaldo Monteiro
– Vencedor do Prêmio “Marilene Godinho” de Literatura nas categorias Conto (2016) e Crônica (2017).
(São Sebastião do Anta – MG)