Campanha reforça a importância da prevenção ao suicídio em um cenário de pandemia e distanciamento social
CARATINGA – A campanha Setembro Amarelo, realizada desde 2015, ganha ainda mais relevância em um cenário de pandemia e distanciamento social. O mês de setembro é marcado pela campanha de conscientização e prevenção ao suicídio. Em razão de todos os reflexos da pandemia de coronavírus, a campanha ganha uma importância ainda maior em 2020. Pelo fato do suicídio ser resultado do agravamento de doenças relacionadas à saúde mental, todas as limitações impostas pelas medidas de segurança adotadas podem acabar agravando ou gerando quadros de ansiedade ou depressão que merecem atenção.
Criada de forma conjunta pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV), a campanha Setembro Amarelo tem o objetivo de conscientizar a população em relação à prevenção do suicídio. “É preciso agir!” é o tema da campanha em 2020. De acordo com dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. Calcula-se que, aproximadamente, um milhão de casos de mortes por suicídio são registrados por ano em todo o mundo. No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos.
O psicólogo hospitalar do Casu – Hospital Irmã Denise, Gabriel Sathler, afirma que este momento de incertezas vivido durante a pandemia pode agravar quadros depressivos e suicidas. “Este período de distanciamento dificulta laços sociais importantes, que são benéficos e proporcionam apoio para prevenção do suicídio de muitas pessoas. De maneira oposta, o isolamento também estreita laços que são relacionados aos motivos para cometê-lo. Ao mesmo tempo, o acesso a profissionais e instituições das áreas específicas de saúde mental está sendo menos procurado, o que agrava ainda mais o problema. Isso destaca a importância da atenção primária de receber e encaminhar esses casos, e dos profissionais específicos se disporem de mais meios para estar recebendo esses encaminhamentos”.
Gabriel Sathler destaca os sinais e sintomas que precisam ser observados para a prevenção ao suicídio. “O principal que deve ser observado são tentativas anteriores de suicídio. Estima-se que 50% dos que efetivaram já tentaram anteriormente. Ao mesmo tempo, deve-se estar atento à fala, pois nela deve ser considerada todas as ideações e planejamentos, que precisam ser levadas a sério. Devemos nos atentar também sobre os transtornos mentais não diagnosticados, não tratados corretamente ou já em tratamento. Depressão, ansiedade, esquizofrenia, abusos de álcool e drogas, todos eles são fatores de riscos graves e que devem ser considerados em todo tempo”, explica o psicólogo.
Orientação profissional é fundamental na prevenção ao suicídio
O suicídio é fenômeno muito complexo que pode afetar pessoas de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Saber identificar os sinais de alerta é tão importante como tratá-los. E para realizar o tratamento e a prevenção de maneira eficaz é necessária orientação profissional especializada. “Procurar ajuda profissional o mais rápido possível é o mais indicado. Mesmo não sendo possível procurar imediatamente um profissional da saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, o médico, ou profissional da saúde primária, são aptos para identificar e avaliar os riscos de suicídio, e em seguida encaminhar para profissionais e locais específicos para que o tratamento seja feito de forma completa”, orienta Gabriel Sathler.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) promove apoio emocional responsável e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente, de maneira ética e em sigilo por meio do telefone 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias, que podem ser acessados no site www.cvv.org.br/quero-conversar/. A equipe de psicologia e psiquiatria do Casu – Hospital Irmã Denise está preparada para te atender. Para mais informações entre em contato pelo telefone: (33) 3322-7900 no ramal 7882.