CARATINGA – Na manhã dessa sexta-feira (25), servidores da Segurança Pública realizaram uma manifestação em frente à delegacia de Polícia Civil pela recomposição salarial.
No último dia 21, os servidores manifestaram em Belo Horizonte, mas disseram que ainda não foram ouvidos pelo governador Romeu Zema. No próximo dia 9, esses manifestantes devem voltar a capital mineira para mais uma vez tentar conseguir o que estão pedindo.
APNM – ASSOCIAÇÃO DOS PRAÇAS DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
Cassius Henriques Duarte Lisbôa, diretor da regional APNM (Associação dos Praças do Interior de Minas Gerais) de Caratinga, explicou que a manifestação começou por uma série de fatores, principalmente a falta de recomposição salarial. “Desde 2015 estamos sem uma recomposição, não estamos pedindo aumento, é recomposição. Da mesma forma que o salário mínimo aumenta todo ano, nosso salário também tem que ser revisado anualmente, inclusive está determinado na Constituição, e não está sendo cumprido no governo do Zema. Em 2019 começamos uma negociação com ele, onde ele acertou três parcelas, e próprio governador vetou duas parcelas. Depois disso houve revolta, chegou uma pandemia, na qual ele não fez repasse patronal, prejudicando Polícia Militar, Bombeiro Militar no seu plano de saúde durante a pandemia, agora ele tentou vincular qualquer negociação ao regime de recuperação fiscal, que destrói as carreiras do funcionalismo público do estado de Minas Gerais, e ontem (quinta-feira, 24), após a manifestação do dia 21, com 35 mil servidores na capital mineira, ele teve a coragem de dar uma declaração de que daria 10% de um percentual de 50,75% de defasagem, sendo que ele deu uma recomposição que era melhor para outros servidores do que para segurança pública que está se manifestando por ser a classe mais prejudicada sem recomposição”, disse Cássius.
Outra reclamação do diretor da APNM, é que o governador não conversa com os servidores da Segurança Pública. “O governador Romeu Zema vive de redes sociais, enquanto ele fala para a população que está pronto para o diálogo aberto, é uma grande mentira, ele não tem recebido os deputados, nem os presidentes de associações, é um governo completamente autoritário, ele não olha pra ninguém, ele pega o que pensa apenas e aplica. E está querendo recompor 10% porque foi a inflação de 2021, só que nossa perda inflacionária vem desde 2015. Não serão aceitos os 10%, é um deboche”.
Cassius explicou ainda que não se trata de um movimento grevista e disse que estão dentro de estrita legalidade. “Estamos simplesmente aplicando a lei em seu rigor, não vamos sair com viaturas com pneus carecas, com problemas no volante, falta de cinto, coisa que fazíamos vista grossa para melhor atender a população. Não vamos usar celulares particulares, para comunicar com o quartel, coisas que fazíamos além do que poderíamos fazer e nunca foi reconhecido, então agora estamos mostrando para população o quanto fazemos para melhorar o serviço sem depender do governo”, finalizou.
POLÍCIA CIVIL
O escrivão Diego Oliveira disse que a Polícia Civil está fazendo atendimento de forma reduzida, como forma de mostrar a insatisfação das forças de segurança pública, em relação ao governador de Minas. “Mas não vamos deixar o serviço parar, nós temos um compromisso com a população, então aquelas coisas mais graves, como flagrante, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, os serviços não estão parados. Aqueles serviços que podem ser feitos sob a supervisão na internet na delegacia virtual, serão direcionados para que essas pessoas possam fazê-lo através da internet. E aí a gente quer deixar bem claro que não estamos fazendo uma greve, que isso é impedido pra gente, mas estamos manifestando para demonstrar nossa insatisfação pela forma que o governador de Minas Gerais tem feito com nós da segurança pública. Eu já fui secretário de Educação e na época eu dizia que era o menor de todos, a gente quando está ocupando um cargo público, a gente está de passagem, e os servidores não. E é isso que a sociedade precisa entender, a forma de tratar o servidor público ela é diferente, infelizmente, é a forma que muitos empresários tratam seus servidores na iniciativa privada, quando não está satisfeito simplesmente manda a pessoa embora e contrata outro por menos. No serviço público não, a gente precisa ter um trato, e é isso que estamos esperando do governador, que abra de fato o diálogo, que quando a secretária vem falar que 10% é o máximo que se pode dar até pela questão da responsabilidade fiscal, eu digo que se fato isso acontecesse, nada impediria o governador de conversar com as classes sindicais, e isso não aconteceu. A gente percebe também que a estratégia utilizada é uma forma de jogar servidor contra outro. A gente não quer em momento algum que haja essa desunião. Então nós da força de segurança pública estamos cobrando aquele compromisso que foi feito pelo governador assinado em ata, e que depois ele simplesmente vetou e não quer conversar com a gente”, disse Diego Oliveira.
POLÍCIA PENAL
O policial penal Éverton da Silva Soares explicou que no presídio de Caratinga as atividades estão sendo suspensas, devido à manifestação que começou ocorrer no último dia 21, atendendo ao apelo do sindicato. “Para fazer tudo é necessário uma supremacia de força, um mínimo de contingente para que a gente possa desenvolver todas as atividades, e o estado não oferece isso pra nós, e a gente optou por suspender isso como forma de estar chamando a atenção do governo para segurança pública sobre aquilo que tange a questão de recomposição salarial. A gente perdeu bastante o poder de compra durante esse período de pandemia, a gente sabe que no ano passado teve uma inflação que corroeu todos os salários em torno de 10%, o governador assinou em ata, um acordo com a segurança pública dando um reajuste para a categoria em três parcelas, ele não cumpriu, deu somente uma parcela, a gente quer um diálogo com o governo para que ele cumpra o que foi acordado em ata. Optamos por suspender atendimento de advogados e visitas íntimas, o preso tem direito a isso, só que se não houver um contingente mínimo para isso, não tem como executar essas tarefas, então aquilo que é demanda do judiciário nós continuamos cumprindo, o que é de urgência e emergência está sendo cumprido, e não estamos em desacordo com a lei”, enfatizou o policial penal.
POLÍCIA MILITAR
Antônio Carlos de Oliveira, da Polícia Militar, disse que foi realizado um chamamento dos membros da Segurança Pública para fazer uma movimentação na manhã dessa sexta-feira, pois durante esse horário, em Belo Horizonte, também estaria tendo uma manifestação na Cidade Administrativa por parte dos representantes da classe. “O nosso movimento é reivindicatório, por enquanto não se trata de greve. Estamos preocupados com a forma que o governado está nos tratando, a forma que a gente vai chegar até o dia 9 de março. A Polícia Militar é vedada pela Constituição à sindicalização e à greve. O que a gente está reivindicando, é desde 2014 que a gente vem pedindo a nossa recomposição inflacionária. Em 2019 a gente sentou com o governador, a gente fez uma reivindicação que dava acima de 40% da reposição inflacionária, ele nos propôs dividir em três parcelas, 13% a partir de 2020, 12% em 2021, e os outros 12% a partir de 2022. No entanto ele vetou nossa recomposição inflacionária, e nos deu apenas os 13%”.
De acordo com Oliveira, existe o risco real de greve. “Esse risco é real por todos os órgãos de segurança, dia 9, será o dia D para essa decisão. Se hoje a Polícia Militar está vedada à greve, quem garante que a partir do dia 9 da forma que o governador está conduzindo o processo com as forças de segurança, todas entrem em greve como aconteceu em 97? Eu participei, fomos colocados numa situação que foi preciso fazer aquilo. Se pegar o aumento do salário mínimo em 2014, que era de R$ 720,00, para hoje que é R$ 1.120, teve um ganho real de mais de 50% do poder de compra e venda, e em contrapartida, o salário do funcionalismo público está o contrário, está depreciando”, conclui o militar.
- Éverton, policial penal
- Diego Oliveira, PC
- Antônio Carlos, da PM
- Cassius, da APNM
- Servidores da segurança pública se reuniram em frente à delegacia