(Noé Neto)
Ensinar é tarefa que se inicia logo cedo, mas não é nada fácil.
O ensino se inicia logo no ventre materno, quando ela muda toda sua rotina para se organizar e ao mesmo tempo ensinar organização ao filho que carrega consigo.
Nascida, a criança começa a aprender logo que há um momento para cada coisa. Hora do banho, hora de dormir, hora de ser amamentada, etc. Esse processo de aprendizagem não é fácil, mas não demora muito e ela já possui uma organização extremamente funcional.
Iniciados os primeiros passos é o momento de frases mais expressivas, de ordem: “não pode!”, “não mexa aí!”, “se desobedecer vai ser castigado!” Por meio delas a criança vai sendo ensinada do que deve e o que não deve fazer, do que oferece risco, do que é desrespeitoso ou bonito de ser feito.
Chega o momento de ir para a escola e a maioria das crianças já possuem muito bem formados os conceitos de respeito, direitos e deveres. A escola será a responsável por ensinar conceitos científicos como: linguagens, matemática e ciências. É muitas vezes nesse ambiente que o aluno aprende também a conviver em sociedade, com outras crianças e com outros adultos que não sejam os pais, podendo então colocar em prática o conceito de respeito que trazem de casa, aprendendo a dividir um espaço que não é só seu.
É nesse momento que entra em cena uma figura essencial na formação humana, que provavelmente marca a vida da criança, do adolescente, do jovem e do adulto: o professor.
O professor é aquele que buscará apontar caminhos, decifrar sonhos e sentimentos, codificar informações e para cumprir seu papel verá que o ato de ensinar é também um gesto feroz, devastador, devorador de limites e barreiras, que lhe serão impostas diariamente.
Enquanto os desencantos, desrespeitos e negligências produzem uma distopia bem próxima de um apocalipse caótico, esse profissional luta com um desejo insopitável, se contrapondo ao cenário, de ser melhor e fazer o melhor. Persiste nele a esperança de instalar a ordem nasça no caos.
Assim, quase sempre em jornada dupla ou tripla de trabalho, fazem da profissão um exercício diário de paciência, dedicação e amor ao próximo.
Há quem diga que o ato de ensinar se dá apenas pela razão. Tais pessoas nunca serão Professores (com P maiúsculo), pois não sabem o quanto esse ato traz de emoção. Emocionar é revolucionar, acordar as múltiplas inteligências. Sentimentos libertam para a busca e despertam o desejo do querer, primeiro passo para o alcançar objetivos, atingir metas.
Em uma sociedade cada vez mais ambiciosa, onde o ter vai tomando lugar do ser, vemos aos poucos essa vocação entrar em extinção. Raro é o caso do jovem que deixa o ensino médio com esse desejo e geralmente se o tem, as pessoas ao redor tratam de desmotiva-lo, apontando todos os problemas que enfrentará sem mostrar nenhum valor ou gratificação.
Contudo, não há nenhuma tecnologia que substitua o verdadeiro professor. Assim como nenhuma outra profissão existe sem ele. Então essa inversão de valores (TER/SER) cai por terra quando contrapomos as dificuldades com as recompensas.
O que enche o professor de alegria, entusiasmo e motivação, bem podia ser o salário (isso não seria nada mau), mas todos sabem que não é. O que nos move é o prazer de participar das vitórias e conquistas alheias. Em cada profissional formado um novo diploma conquistado, em cada cidadão de bem, uma conquista que é minha também.
Necessário nos é revigorar a cada dia as energias, buscando encontrar nosso melhor. Busca essa que não deve se dá nos indicadores e estatísticas, mas sim nas vidas transformadas, no cidadão bem (in)formado. E no desejo incessante de melhorar esse país. Essa é a força propulsora da máquina vital pulsando no peito de cada professor.
Prof. Msc Noé Comemorável.
Escola “Prof. Jairo Grossi”
Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Escola Estadual Princesa Isabel.