Hoje o político tem compromissos em Bom Jesus do Galho, Caratinga, Santa Rita de Minas, Ubaporanga e Vargem Alegre
DA REDAÇÃO – O senador Carlos Viana (PSD) visita a região nesta quarta-feira (28). Ele tem compromissos políticos em Bom Jesus do Galho, Caratinga, Santa Rita de Minas, Ubaporanga e Vargem Alegre. O senador conversou com exclusividade com o DIÁRIO, onde falou sobre a pandemia da covid e da atuação do Governo Federal nessa questão. Viana comentou ainda sobre o convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a vice-liderança no Senado Federal. Durante a entrevista também foram abordados assuntos em relação a imprensa e as reformas tributária e administrativa.
Senador, de que forma a pandemia influenciou os trabalhos no Congresso Nacional? Foi possível seguir as pautas determinadas?
A pandemia gerou no Congresso Nacional o sentido de urgência. Já no mês de fevereiro começamos a votar, naturalmente a tomar as primeiras decisões por conta do que esperávamos de impacto. Isso não foi para menos, já temos quase 160 mil brasileiros que perderam a vida. Muitas medidas podem terem sido tomadas excessivamente, mas isso é por conta do conhecimento científico que não estava disponível na época sobre o vírus e que agora a gente começa a ter um pouco mais de clareza, mais segurança.
Nós votamos o auxílio-emergencial, percebeu-se naquela hora a urgência em atendermos a população mais carente, principalmente os autônomos por conta do lockdown, pois geraria um problema muito grave social se as pessoas não tivessem como sobreviver. O governo foi ágil. O ministro Paulo Guedes agiu com rapidez, coordenou os trabalhos na Fazenda e nós no Congresso votamos as medidas, inclusive votamos várias outras para manutenção dos empregos. O Congresso colaborou, digo que tanto o Senado, quanto a Câmara dos Deputados, fez o papel esperado de nossos parlamentares para o Brasil nessa questão da pandemia.
Ainda sobre a pandemia, qual avaliação que o senhor faz dos trabalhos do Governo Federal para combater à covid-19?
O Governo Federal sempre tenta acertar. O presidente Bolsonaro é muito criticado e por setores da oposição, que é natural, isso aí faz parte do jogo democrático, do jogo político. Foram quase 20 anos de PT e mudar essa política pública, mudar os conceitos de administração para um governo de direita gera impacto e gera reações. O presidente, ao meu ver, poderia ter trabalhado de uma maneira diferente. Quando o Suprimo Tribunal Federal proibiu a União de impor aos estados as medidas, o Supremo cumpriu o papel dele, é função, é a Constituição Brasileira, os estados são independentes, são entes federados, o presidente da República é o presidente da União, mas não é a figura que possa determinar todas as questões no país. Infelizmente ou felizmente, é da nossa Constituição, a divisão de poder. Quando isso aconteceu o Ministério da Saúde não criou uma política nacional de combate à covid, isso gerou, claro, reações e principalmente medidas locais. O país se desencontrou e as nossas barreiras sanitárias foram vencidas pelo vírus e infelizmente nós tivemos um número muito alto de mortes, são quase 160 mil pessoas, um impacto na vida econômica do país, nós perdemos a guerra para o covid, por outro lado também surgiu aquilo que é pior na política, que é a antecipação do debate eleitoral. O governador de São Paulo, João Dória, quis antecipar o debate presidencial, foi oportunista em querer criar um governo paralelo e não contribui em nada para o país. Então, infelizmente, não tivemos uma política acertada em relação ao combate à covid.
O senhor é jornalista. Observamos que nesse ano muitos profissionais de imprensa foram hostilizados no exercício de seu trabalho, principalmente quando tratavam de notícias relativas ao Governo Federal. Porque a situação chegou a esse ponto?
Os trabalhos da imprensa, os ataques a qualquer grupo que tenha opinião ou às minorias, nós não podemos aceitar. A violência no espaço público, seja ela qual for, contra mulher, contra as minorias, os homossexuais, contra religiosos, isso é algo que nós temos que repudiar. Agora, as críticas à imprensa, a desconfiança, a queda de audiência das grandes emissoras, a descrença no papel diário do jornalismo tem motivo. A imprensa brasileira se juntou contra Bolsonaro. O jornalista tem a liberdade de dar visibilidade a quem ele quiser, e se ele gosta ou não da pessoa, eu sei que a isenção é uma busca, algo muito difícil de se manter. O fato é que grandes emissoras de televisão foram contra o presidente da República. Na campanha de Bolsonaro, vi isso de perto e hoje o Bolsonaro é o presidente. Resultado, as pessoas que votaram nele, que queriam uma campanha mais independente, mais equilibrada, não viram na imprensa isso, então o resultado é a desconfiança que temos hoje no papel da mídia.
Outra questão também foi a televisão, tanto em novelas, mesmo os telejornais, abraçaram a questão da diversidade, contra os cristãos e os chamados conversadores, isso gerou no meio evangélico uma reação, ou seja, ‘ou nós votamos e elegemos candidatos ou nós vamos ser perseguidos por aqueles querem impor uma visão de mundo’. A esquerda tem esse problema, o PT abraçou essa ideia desde o segundo governo do Lula. A agenda da esquerda é impor ao Brasil, que é um país muito diverso, um país de 200 milhões de habitantes, 27 estados, você tem que buscar consenso, você não pode querer impor nada, nem para a direita, nem para a esquerda. E é isso que gerou essa desconfiança toda no papel dos jornalista, que acredito que vai se recuperar na medida que a gente começar a reequilibrar as coberturas diárias.
O senhor foi convidado para ser o novo vice-líder do governo no Senado. Como estão suas expectativas para essa função?
Eu fui convidado pelo presidente Bolsonaro para ser o vice-líder, aceitei, mas agora depende dele. Naturalmente estou aguardando a nomeação que deve acontecer depois do dia 2 de novembro, talvez até depois das eleições, uma vez que estamos, praticamente, todos fora de Brasília (DF). Quanto as expectativas, são as melhores possíveis, sou alinhado ao governo naquilo que interessa ao Brasil e a Minas Gerais, coloquei para o presidente o meu interesse de ajudar o nosso estado. O presidente disse que Minas é um colégio eleitoral muito importante para ele e que vai nos prestigiar. Com isso, eu espero naturalmente poder ajudar o Estado.
Uma questão inevitável é a situação do senador Chico Rodrigues (DEM/RR), que foi flagrado com dinheiro na cueca. Como o Senado analisa a situação deste parlamentar?
Bem, a questão do meu colega Chico Rodrigues com dinheiro nas partes íntimas, lá dentro da cueca, ao meu ver não há o que se discutir, ele tem que renunciar ou então o Senado tem que cassá-lo. Independentemente se o dinheiro é legítimo ou não, isso envergonha todos nós. Eu espero sinceramente que ele tenha essa visão e que a gente não chegue a votar a cassação, que ele peça a renúncia, o que ajudaria muito o país. A população não aceita mais esse tipo de coisa. Na vida pública, não basta a gente ser só honesto, a gente tem que parecer honesto, temos que tomar muito cuidado com todas as coisas. Eu lamento o que aconteceu com o Chico Rodrigues, mas ao ver, é inaceitável. A renúncia é o melhor caminho ou cassação do mandato.
E a reforma tributária, como está? O tão desejado equilíbrio tributário é possível ser encontrado?
A reforma tributária é o maior desafio que nós temos hoje no país. É a gente equilibrar um pouco mais a carga, é simplificar impostos, reduzir para os que ganham menos, sem aumentar a carga tributária, que é outro desafio. A grande dificuldade é que nós temos 27 estados, 27 legislações diferentes, diferentes índices de ICMS e os estados não abrem mão de muitos pontos. Nós estamos convencendo, buscando como equilibrar as receitas de cada um deles. Eu tenho muita confiança que a gente possa trabalhar como a União Europeia, onde são quase 30 nações e elas se juntaram dentro de uma mesma tributação, sem perder soberania e funcionou bem. Acredito que aqui no Brasil a gente consiga. Nós temos três projetos, um que cria o chamado IVA (imposto sobre valor agregado), que é o imposto único, que não é possível; já se fala até em um imposto para bens e outro para serviços. A questão da CBS, que é a Contribuição de Bens e Serviços, que está no Senado. E o do governo, que unifica PIS, Cofins, ISS, eu acredito que esse do governo, que é o mais simples, possa ser votado no Senado ainda esse ano e no ano que vem chegar a Câmara dos Deputados para ser analisado com mais calma. A reforma tributária vai sair, eu espero que a gente possa entregá-la no mais tardar em 2021 para a retomada da economia.
Ainda sobre a reforma tributária, muitos falam sobre a taxação de grandes fortunas. Como o senhor analisa essa situação?
Taxação de grandes fortunas é um assunto que vem à tona. Há dois pontos que a gente precisa considerar, nos países onde isso foi feito de uma forma atabalhoada, vamos dizer assim, imposta, o domicílio fiscal dos mais ricos mudou. Hoje no mundo uma pessoa pode levar a sua fortuna para onde ela quiser, o Brasil, inclusive, é signatário de vários acordos, a pessoa pode tirar a fortuna dela daqui e levar para os Estados Unidos. Então a gente precisa tomar cuidado com essa taxação para a gente não espantar os investidores. Agora, que nós temos que reequilibrar, disso não tenho dúvida nenhuma que esse é um dos grandes desafios da reforma tributária, como fazer com que os que ganham mais contribuam de uma forma mais equilibrada para que a gente possa diminuir para os mais pobres, para aqueles de vivem de salários. Vou citar para vocês um exemplo, a questão do livro, o Brasil não taxa livros, e quando se falou em taxar livros veio logo aquela coisa ‘livro não se pode taxar, cultura’ e por aí vai. Mas é interessante que o Brasil não taxa livros, mas taxa a cesta básica, o feijão e o arroz. Ou seja, quem consome livro e tem um poder aquisitivo maior, acaba pagando menos impostos do quem come arroz e feijão. São coisas que a gente no Brasil precisa repensar em vários aspectos.
Como está a reforma administrativa e quais aspectos o senhor considera mais importante?
Excelente pergunta. Sobre a reforma administrativa, precisamos falar em cobrar mais, tributar com mais equilíbrio, mas precisamos falar em como gastar bem o dinheiro do contribuinte. O Estado é muito caro, o parlamento é caro, nós precisamos nessa reforma discutir o tamanho do Brasil que nós queremos. Quais as categorias do serviço público que têm ter concurso, quais as que não têm, as novas formas de relação, como CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), carteira de trabalho para servidor municipal é possível ou não? É uma discussão boa que nós temos que travar no Congresso e assim tornar o Brasil melhor e mais equilibrado, que é a nossa preocupação mais justa, inclusive, na distribuição de renda.
Senador, quais suas considerações finais?
Quero por fim deixar aqui a minha palavra de confiança. Eu sei que a pandemia nos trouxe um problema, muito desemprego, mas estou confiante que o Brasil vai superar toda essa fase, que vamos conseguir no ano que vem avançar uma boa parte e recuperar boa parte daquilo que perdemos vai ser recuperado, o impacto não foi tão grande como se especulava, entre 8 e 10%, caiu menos de 5%, que é alto para PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, mas eu tenho muita confiança de que nós iremos conseguir melhorar e fazer com que o Brasil caminhe com mais rapidez a partir de 2021.