Lorena Kethellan da Silva Martins procurou o PAM sentindo fortes dores abdominais e no peito. Ela faleceu horas depois
CARATINGA – Na manhã de ontem, o DIÁRIO DE CARATINGA foi chamado por uma família se que encontrava desesperada, pois estava desde a noite do dia anterior no Pronto Atendimento Microrregional (PAM) à espera de um laudo que apontasse a causa da morte da jovem Lorena Kethellan da Silva Martins.
Lorena tinha 18 anos de idade e há pelo menos seis dias estava vomitando e apresentando febre, sendo atendida pelo posto de saúde Vargem Alegre, onde a família reside. A mãe de Lorena, Rosemary da Silva, decidiu levá-la ao PAM na madrugada de quarta-feira (3), pois ela sentia fortes dores abdominais e no peito. Segundo relato de familiares, a jovem foi medicada e, em seguida, liberada.
Porém, mais tarde, Lorena se sentiu mal novamente e acabou retornando para o PAM. Rosemary afirma que ela aguardou o primeiro atendimento por 40 minutos. Ao consultar, o médico pediu exame de sangue, raio-X e receitou uma medicação.
Ela afirma que foi preciso esperar novamente até a noite, quando deram início à coleta de material para o exame de sangue e questiona o atendimento. “Ela ficou o tempo todo na cadeira, não colocaram em uma maca. E os médicos passavam; enfermeiros, ela ficava implorando para os médicos para ajudarem, que ela estava sentindo muita dor e precisava deitar. Um tempo depois veio um médico e olhou, a unha dela já estava roxa. Foi levada com parada cardíaca e morreu”, lembra em lágrimas.
O médico encaminhou um laudo ao Instituto Médico Legal (IML) alegando não saber a causa da morte e pedindo que seja investigada. Diante disso, mais um impasse. Horas de espera, pois somente três casos previstos em lei se encaixariam na necropsia no IML: morte violenta (por acidente de trânsito ou trabalho, homicídio ou suicídio); morte suspeita ou morte natural de pessoa não identificada.
Por isso, a família aguardava um posicionamento para que o corpo fosse liberado para a funerária. Devido à falta do laudo médico informando a causa da morte, a família precisou acionar um advogado e a Polícia Civil na tentativa de resolver o caso.
A Reportagem conversou com a enfermeira do PAM, Luciana Maria Lourenço, que esclareceu sobre o atendimento realizado a Lorena. “A funerária esteve aqui para recolher o corpo e o médico deu um atestado encaminhando ao IML, porque é uma moça de 18 anos, o médico não conhece, não sabe, as causas que podem ter acontecido em casa. Então é direito do médico encaminhar para o IML para ter uma investigação. A funerária está querendo um atestado de óbito, mas sabe que todos os casos assim, violência no trânsito, baleado, vítimas novas que morrem, vai tudo para o IML. A mãe quer saber do que ela morreu, todos os casos daqui vão para o IML, esse não é o primeiro caso”.
Luciana também falou sobre o atendimento prestado pelo PAM e justificou o fato de Lorena ter ficado boa parte do tempo em uma cadeira. “Porque ela ficou aguardando medicação. Não foi um caso de liberar, ficou aguardando resultado de exame. E os resultados dela foram todos normais, não tem justificativa de alteração do exame para saber do que ela morreu. Creio que o atendimento não prejudicou em nada, porque ela não é a primeira que fica em cadeira aguardando”.
Às 15h30 de ontem o DIÁRIO recebeu a informação de que o corpo havia sido levado para o IML para procedimento de necropsia e, em seguida, seria liberado para que os familiares providenciassem o serviço funeral.