Devido às dificuldades financeiras, funcionários também estão com salários atrasados
CARATINGA- A instituição ‘Amigo dos Meninos Assistidos de Caratinga’ (AMAC) está passando por sérias dificuldades financeiras. A situação foi exposta ao DIÁRIO DE CARATINGA pelo presidente, pastor Elan Tebas.
De acordo Elan, hoje a Amac conta com 11 assistidos, entre cinco e 17 anos. Ele explica que a falta de repasses da Prefeitura de Caratinga tem dificultado a manutenção da entidade. “A Amac é uma instituição que abriga menores que a Justiça afastou da família por conflitos familiares. Abusos, violência, álcool, drogas, falta de condições de higiene de último nível. Pela lei o município é obrigado a manter essa instituição, seja fazer o acolhimento ele mesmo com seus funcionários e suas equipes, recursos ou fazendo convênio com uma instituição que preste o serviço. A Amac já presta esse serviço há quase 20 anos para o município. Neste momento estamos sem convênio de manutenção com o município, porque infelizmente a gestão anterior não levou como deveria esse processo, não teve o cuidado que deveria ter tido. Muito dinheiro foi gasto com outras coisas e essa atividade que é tão fundamental, obrigatória, foi deixada de lado”.
A Amac conta com uma equipe composta por oito funcionários e dois contratados (psicólogo e assistente social). Com as dificuldades financeiras o atraso no pagamento dos profissionais foi inevitável. “Nós estávamos lutando até então com nossas próprias forças, recursos próprios para manter, mas não estamos com perspectiva pela via municipal de que isso aconteça rapidamente. Estamos em contato com o gestor atual, ele mandou uma equipe para fazer a verificação da situação. Não posso reclamar da atenção neste momento, mas já se passaram mais 15 dias e não temos nada até agora que indique que um novo convênio está sendo feito”.
DESPESAS E APOIO
De acordo com o presidente, as despesas da instituição estão avaliadas em R$ 36.000 mensais. A Amac mantém plantão 12 por 36 para que haja assistência integral aos assistidos. Além disso, há o custo do aluguel de um imóvel, já que o antigo endereço está passando por reforma. “Os meninos têm o tempo todo alguém com eles. Isso implica numa folha de pagamento mais cara, de horas extras. E também uma cozinheira, uma coordenadora, um encarregado geral de obra/ manutenção e mantemos nesse momento um ajudante de pedreiro que faz alguns serviços para a obra não parar totalmente. Mas, temos uma obra de construção também de 230 metros quadrados paralisada, na fase de acabamento, batemos a laje com alguns recursos disponibilizados pela Justiça e estamos agora precisando de recursos para terminar essa obra. Estamos pagando aluguel, que havia sido prometido pela Prefeitura Municipal que parou de repassar. Estamos há três meses sem o repasse. Foi por determinação judicial e nem ela está sendo cumprida neste caso”.
Elan destaca que tem tido apoio da Justiça e do Ministério Público e que percebe o empenho da atual gestão. Mas, a expectativa é para que o problema seja solucionado. “Não estou culpando o gestor atual, ele está pegando a coisa do jeito em que ela foi deixada. O Poder Judiciário está nos apoiando, o Ministério Público também, mas eles têm o poder de lei, não de gasto. Quem tem o poder de fazer os gastos é o município. Mas, estamos tendo apoio da doutora Beatriz, juíza da Vara da Infância e da doutora Flávia, promotora”.
O presidente da Amac finaliza deixando um recado para que as autoridades e a população voltem seus olhares para a grave situação enfrentada pela instituição. “Queremos que a sociedade olhe para esses meninos e lembre-se deles. O poder público tem que ocupar o seu papel para o prioritário. Estamos precisando de uma ação mais efetiva no sentido de cumprir a sua obrigação legal. Se eles não querem manter o convênio vamos dispensar os nossos funcionários, mas que eles mantenham o serviço com os funcionários deles. Hoje estamos recebendo doações de terceiros para manter até a alimentação dos meninos. Eles não têm pra onde ir. Precisamos realmente de uma intervenção e esperamos que o poder público tenha sensibilidade para perceber a urgência”.