DA REDAÇÃO- O Estado divulgou o Boletim Epidemiológico e Assistencial Covid-19 (Edição Especial), publicado no dia 15 de junho, que tem como objetivo descrever os aspectos epidemiológicos e assistenciais relacionados aos casos de covid-19 no estado de Minas Gerais e orientar as ações de vigilância, prevenção e controle. São apresentadas as variantes da doença já identificadas em cada macrorregião do Estado.
O documento destaca que com o surgimento da covid-19 na China, milhares de variantes do vírus SARSCoV-2 foram identificadas, “sendo que a maioria das mutações do SARS-CoV-2 não tem impacto epidemiológico significativo, ou seja, não interferem na disseminação e gravidade da doença”.
Entretanto, nos casos em que as mutações acarretam em alterações que fornecem ao vírus vantagens seletivas como maior transmissibilidade, maior virulência e/ou mecanismos para escapar do sistema imunológico do hospedeiro as variantes resultantes dessas mutações são chamadas de “Variantes de atenção (do inglês, variant of concern – VOCs)”.
Conforme o estudo, as variantes de atenção (VOC) são consideradas “preocupantes devido às mutações que podem conduzir ao aumento da transmissibilidade e ao agravamento da situação epidemiológica nas áreas onde forem identificadas”. Desta forma, a vigilância de síndromes respiratórias, com especial atenção para a vigilância genômica, é importante para a saúde pública no enfrentamento da covid-19.
No Brasil, de acordo com os dados da Rede Genômica da Fiocruz e da Plataforma GISAID, as principais linhagens/variantes encontradas são a P.1 e P.2, originadas no Brasil, além das linhagens iniciais B.1.1.28 e B.1.1.33.
“A genotipagem é uma ferramenta essencial para monitorar os padrões evolutivos e de dispersão do SARS-CoV-2, através da identificação de novas variantes que possam impactar na capacidade de transmissão do vírus, na evolução clínica da doença e na eficácia das vacinas. Várias estratégias laboratoriais podem ser aplicadas para a genotipagem do SARS-Cov-2 como as técnicas de sequenciamento Sanger e de nova geração (NGS), e a genotipagem por RT-PCR em tempo real”, declara.
Em dezembro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a existência das variantes de atenção do coronavírus e recomendou a vigilância mundial. Dessa forma, o fluxo de sequenciamento de amostras pela rede pública do estado de Minas Gerais iniciou-se com o projeto “Estruturação da Rede Nacional de Sequenciamento Genético para a Vigilância em Saúde” do Ministério da Saúde para sequenciamento de amostras em todos os estados do Brasil.
Para apresentação deste boletim epidemiológico foram considerados os dados notificados à SES-MG entre março de 2020 até o dia 19 de maio de 2021. Foram encaminhados 24 relatórios referente às análises genéticas realizadas pelo LACENMG/FUNED, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-RJ), Rede Corona-ÔmicaBR-MCTI, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Laboratório Hermes Pardini e Laboratório Albert Einsten. No total, foram analisadas 669 amostras sequenciadas ou genotipadas por RT-qPCR.
A partir da genotipagem realizada pelas diferentes instituições, foi identificado em Minas Gerais, um total de 19 variantes/linhagens do SARS-CoV-2. Algumas destas circulam em todo o Brasil desde o início da pandemia (B.1.1.28 e B.1.1.33) e outras são variantes de preocupação ou interesse (B.1.1.7, P.1 e P.2) que surgiram a partir das mutações no vírus.
Análise por Macrorregião
A Macrorregião Centro foi a que apresentou o maior número de amostras genotipadas (308), sendo também a região que detém a maior densidade populacional do estado representada pela região metropolitana. As outras Macrorregiões com maior número de amostras analisadas foram a Sul (64 amostras analisadas), Triângulo Norte (56) e Sudeste (49). Já na Macrorregião Vale do Aço foram 16 amostras genotipadas.
Assim como em todas as macrorregiões do Estado, foi identificada no Vale do Aço a variante VOC P.1. Ainda foram identificadas outras cinco variantes, sendo: B.1.1.28, B.1.1.33, B.1.1.7, VOC P.2 e outras.