Sem documento, sepultamento depende de alvará judicial. Na última semana, corpo de morador de rua ficou quatro dias no hospital à espera de liberação
CARATINGA- Na última semana, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora precisou protocolar um requerimento para a liberação e sepultamento do corpo de Luiz Mendes da Silva, que era morador de rua e estava sem documentação. Ele foi levado ao Pronto Atendimento Municipal (PAM) pelo Corpo de Bombeiros, no dia 15 de outubro de 2016 e foi diagnosticado com quadro de hipoglicemia, falecendo no dia seguinte vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Em sua decisão, após quatro dias da morte, o juiz considerou que não poderia o servidor responsável pelo cemitério realizar o sepultamento sem a exibição da certidão do oficial de registro do lugar do falecimento. No entanto, conforme citado pelo representante do Ministério Público, o falecido era conhecido, havendo, inclusive, menção de seu nome, não estando disponíveis, contudo, os seus documentos pessoais, para lavratura do registro de óbito.
Como o corpo já se encontrava em estado de putrefação dentro do HNSA, que atende a todas as cidades da região, de forma a preservar a saúde dos pacientes e funcionários o juiz deferiu o pedido e determinou que fosse lavrado o alvará, autorizando ao servidor municipal do cemitério que procedesse com o sepultamento na última quinta-feira (20).
CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA
O DIÁRIO DE CARATINGA conversou com o encarregado do Cemitério São João Batista, Júlio César de Almeida, que afirmou que o terreno do cemitério é de aproximadamente a medida de dois campos de futebol. São mais de 12 mil sepulturas, sendo a média de 284 gavetões. A média anual é de sepultamento de seis corpos não identificados.
Questionado se o cemitério encontra dificuldades em atender a essa demanda, Júlio César afirma que “com tranquilidade, porque a Prefeitura de Caratinga viabiliza todos os procedimentos liberados por meio de ordem judicial e também por se tratar de um ato de cunho social e humanitário”.