Executivo afirma que medicamentos estão em falta no mercado. Recentemente, Sociedade Brasileira de Infectologia recomendou que municípios reavaliem suas orientações de tratamento
CARATINGA- Duas empresas venceram a licitação para aquisição de medicamentos para atender ao protocolo de tratamento precoce do covid-19, instituído no município de Caratinga.
Os vencedores com menor preço por item foram Acácia Comércio de Medicamentos Ltda, para o fornecimento de Sulfato de zinco e Enoxaparina, pelo valor global de R$ 3.511.800,00; e a Biohosp Produtos Hospitalares S/A para a Nitazoxanida com o valor de R$ 783.000,00.
Os itens Sulfato de hidroxicloroquina e Ivermectina foram considerados “frustrados”, pois, de acordo com a prefeitura, tais medicamentos estão em falta no mercado e será aberto novo processo licitatório para aquisição.
PROTOCOLO
O Protocolo iniciado no dia 2 de julho, destaca que com o avanço do número de casos confirmados na cidade, principalmente de contaminação dentro do domicílio entre familiares, a Prefeitura disponibilizará medicamentos para o tratamento domiciliar em fases iniciais da síndrome gripal causada pelo coronavírus. Dentre as indicações, o antibiótico azitromicina, associado a hidroxicloroquina (que costuma ser usado para tratamento de doenças como lúpus, malária e artrite reumatóide), nitazoxanida (antiparasitário, que também possui ação antiviral), sulfato de zinco ou ivermectina (vermífugo).
A Prefeitura de Caratinga disse que são esquemas de tratamento, “baseados em protocolos já utilizados em várias cidades e sistemas de saúde público e privado e em estudos científicos de fases e gravidade da doença”. E que a indicação e o critério de escolha dependerão da avaliação do médico assistente e deverá ter o aval do paciente através do termo de consentimento assinado, “ressaltando a falta ainda de confirmação científica do uso destas drogas, até o presente momento”.
Recentemente, diante de novos estudos sobre o uso da hidroxicloroquina, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alertou que a droga deixe de ser utilizada por pacientes em qualquer fase da doença, inclusive na sua prevenção.
Ainda listou como “urgente e necessário”, “que a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase da Covid-19; que os agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais e que o recurso público seja usado em medicamentos que comprovadamente são eficazes e seguros para pacientes com covid-19 e que estão em falta”.
A reportagem questionou à prefeitura se pretende rever o novo protocolo, diante da recomendação da SBI. No entanto, até o fechamento desta edição, não houve resposta.
Um comentário
WILSON DIAS DE OLIVEIRA
Se a hidroxicloroquina não serve pra nada ao falarmos em tratamento da COVID, porque a Prefeitura de Caratinga quer gastar dinheiro com essa porcaria de droga?