INHAPIM – A secretaria de Educação Carla Ervilha da Silva Araújo atendeu convite formulado pela Câmara de Inhapim para comparecer em reunião plenária ocorrida na noite da última segunda-feira (17) na sede do poder legislativo.
O vereador Marsonnilo de Souza Ferreira (PT) foi o autor do convite para que Carla Ervilha explicasse aos vereadores como está sendo conduzido o processo educacional de crianças e adolescentes no município.
Para a secretária de educação Carla Ervilha, com a pandemia causada pelo novo coronavírus, um número expressivo de escolas no mundo todo teve suas atividades presenciais suspensas. Professoras e professores, agentes fundamentais no processo educacional, viram-se, de um momento para outro, tendo que atuar diante de um contexto de excepcionalidade, e alternativas passaram a ser adotadas com o objetivo de reduzir o prejuízo educacional e a preservação do direito à educação. “Esta pandemia tem evidenciado a desigualdade que demarca nossa sociedade, pois, enquanto algumas crianças têm acesso a tecnologias de ponta, possuem acesso ilimitado à internet e recebem em casa o apoio dos pais/responsáveis, tantas outras ficam à margem deste processo, seja pela falta de equipamento tecnológico adequado em casa, seja pelo fato de os responsáveis dedicarem-se a outras preocupações, seja por estes não terem a formação escolar adequada para orientá-los em relação à realização das atividades ou, ainda, por situações de extrema pobreza e vulnerabilidade social. Questão indiscutível refere-se ao fato de que a ausência da mediação presencial do professor em relação às situações de aprendizagem torna obrigatório que, no retorno das aulas presenciais, levemos a cabo outra reflexão que há tempos perpassa os espaços escolares, sem o devido alcance em termos práticos, que se trata da individualização do ensino e dos processos avaliativos. Será necessário repensarmos a avaliação destas crianças, levando em consideração tudo o que as engloba e quais foram suas possibilidades de acesso e aproveitamento das atividades escolares durante o período de pandemia. Diante disso, será necessário realizar uma nova avaliação diagnóstica, buscando mensurar os efeitos deste período de longo afastamento escolar, uma vez que compreendemos que independentemente do acesso às atividades não presenciais e do suporte da família, o ano letivo será prejudicado do ponto de vista qualitativo.” argumentou.
Carla Ervilha disse ainda que é imprescindível que seja atribuído maior enfoque ao acolhimento destas crianças e jovens quando no retorno as aulas, destinando-os um olhar atento, humanizado, que nos possibilite estar sensíveis à identificação não só dos prejuízos escolares, mas de possíveis situações de violência física e sexual, bem como questões de prejuízo da saúde mental. “Em resumo, a desigualdade e vulnerabilidade, já visível, e muitas vezes ignorada, na escola presencial, foi fortemente acentuada com a pandemia. É necessário olharmos para isso.” finalizou.
A ex-secretária de educação e atual vereadora Leilamar Pires Gonçalves dos Santos (MDB) disse que é inegável que a pandemia está causando um prejuízo enorme na vida de toda comunidade escolar no Brasil, o que para a nobre parlamentar, será evidenciado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB dos municípios. No que se refere a educação infantil, ou seja, serão no mínimo dois anos de atraso no processo educacional de nossas crianças, que de maneira remota não absorvem como deveriam todo o processo de formação para adentrarem nos anos iniciais do ensino fundamental; “Reconheço o trabalho de todos nós profissionais de educação, pois estamos lutando arduamente para suprir as necessidades educacionais dos nossos alunos, tivemos que nos reinventar, sair da zona de conforto, do contato físico presencial diário com nossos alunos para um contato remoto, distante, frio. Não bastasse a forma de trabalho do Plano de Estudo Tutorado – PET, modalidade que creio ser extremamente temerária, apesar de necessária em tempos de pandemia, mas este tipo de modalidade de ensino mostra-se frágil, uma vez que não existe um controle presencial de fato sob quem produz as atividades curriculares, isso quando ocorrem, pois ainda existe uma grande dificuldade de inserção no mundo digital de pais, alunos e responsáveis” comentou.
Também a convite do vereador Marsonnilo Ferreira, a diretora da Escola Estadual “Querobino Marques de Oliveira”, Ângela Nunes, participou da reunião legislativa manifestando sua avaliação pessoal sob a condução pedagógica em tempos de pandemia. “A situação gerada pelo COVID-19 evidenciou questões já existentes no ensino presencial, agravou estas situações, e, ainda, antecipou outras, demonstrando a necessidade urgente de investimento massivo, em estrutura física e pessoal, para que possamos honrar o que determina nossa Constituição. Trouxe à tona, também, de forma bastante escancarada, a necessidade de formação docente para este “reinventar da escola”, uma vez posta, de forma que nos parece incontornável, a necessidade de finalmente invertermos a chave das práticas pedagógicas, promovendo um ensino ativo – cuja expressão, apesar de repisada, não encontra aplicabilidade efetiva na maior parte dos sistemas educativos – e tornando, a pedagogia, usuária ativa e indutora das tecnologias. Entendemos que assentir à estas mudanças não significa aderir à ideia da substituição das escolas por plataformas EAD (Educação a Distância). Mesmo porque, sem dúvida, outra lição deste momento de isolamento é a de que a mobilização de tecnologias para as aprendizagens escolares exige a presença ativa, constante e competente do professor. Ademais, mais do que nunca é inegável que a interação é ponto primordial das relações de ensino-aprendizagem e que a escola, muito mais do que um espaço onde depositam-se textos inertes aos estudantes, é espaço de atuação autônoma e coletiva, de vivências e interação, de relacionamento com o outro de forma física, presencial e humana, mas também uma instância onde as tecnologias podem e devem cumprir o importante papel de apoio dos processos de ensino e de aprendizagem. Isso porque o processo de aprendizagem é coletivo, conta com a curiosidade mútua, com a liberdade e interação que as crianças precisam ter para aprender. A escola é muito mais do que aprender por si mesmo! Transcende a posição de espaço de aprendizagem: é uma comunidade onde os professores e alunos relacionam-se, interagem e aprendem mutuamente, por meio do contato pessoal, das experiências vivenciadas no coletivo, das confidências, do relacionamento. É fato que as crianças que têm bom relacionamento na escola, na sala de aula, inevitavelmente, aprendem melhor. Os professores sabem disso, e agora, isto está sendo comprovado por esta crise pandêmica”, concluiu.
O vereador Marsonnilo Ferreira agradeceu o atendimento ao convite formulado às educadoras e lembrou que investir em educação é dar liberdade para o povo. “Não há outra forma de libertação de um povo, que não passe pela Educação. É por meio da democratização do conhecimento que se impõe uma nação em busca do desenvolvimento econômico e social, que devem, necessariamente, estar umbilicalmente ligados para dar o equilíbrio e a harmonia nas relações das forças produtivas e do capital. É pelo compartilhamento do conhecimento, em todos os seus níveis, desde a educação básica, educação superior e tecnológica, formação de professores e educadores para a escola de educação integral, que iremos romper com os privilégios que levam a educação de qualidade para poucos, e, assim forjar uma sociedade democrática e efetiva de direitos, em um projeto de Estado e não de governo, acessível a todos nós brasileiros”, disse o vereador.
Assessoria de Comunicação
- Secretária de Educação participa de reunião da Câmara de Inhapim
- Ângela Nunes, diretor da Escola Estadual Querobino Marques de Oliveira