Em Santa Efigênia e Cordeiro de Minas (bairro Porto Seguro), poços profundos apresentaram redução na vazão e o abastecimento está sendo complementado por meio de caminhão-pipa
CARATINGA- A maior seca em extensão já registrada no Brasil faz com que alguns municípios estejam há meses sem chuva. Minas Gerais concentra grande número de cidades há mais tempo sem chover, conforme levantamento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Em 2015 Caratinga enfrentou uma série crise hídrica, com ausência de chuvas, esgotamento dos mananciais existentes e agravamento da seca pelo número elevado de focos de queimadas. Quase 10 anos depois, de acordo com a Copasa, o abastecimento de água na sede do município de Caratinga se encontra normalizado neste mês de setembro.
Porém, em duas localidades da área rural de Caratinga, o abastecimento está sendo afetado. Em Santa Efigênia e bairro Porto Seguro, que integra Cordeiro de Minas, a Companhia destaca que os poços profundos da empresa apresentaram redução na vazão e o abastecimento está sendo complementado por meio de caminhão-pipa.
Ainda em relação ao abastecimento de água em Santa Efigênia e bairro Porto Seguro, a Copasa informa que está realizando contratações de empresas para implantar mais um poço profundo para captação de água em cada localidade.
CONSUMO CONSCIENTE
As mudanças climáticas que ocorrem em todo o mundo estão exigindo cada vez mais uma transformação no comportamento da população no que diz respeito ao consumo. Minas está entre os estados do país mais atingidos pela estiagem e ondas de calor severas, onde diversos municípios não registram chuvas há quase cinco meses. Em consequência disso, é natural que o volume das fontes de água utilizadas pela Copasa para abastecer a população sofra uma redução considerável a ponto de ameaçar o abastecimento em regiões mais críticas.
Em períodos normais, especificamente em cerca de 640 cidades do Estado, a Copasa distribui diariamente, em média, 278,5 bilhões de litros de água aos seus clientes. No entanto, diante da seca e das altas temperaturas, a Copasa registra em média um aumento de 20% do consumo de água e é aí que acontece o desequilíbrio dos sistemas de abastecimento.
Até o momento, os municípios não correm risco imediato de desabastecimento, já que a Copasa, além de operar suas captações dentro dos limites outorgados pelas instituições competentes, monitora os mananciais e realiza, ao longo do ano, estudos de novas fontes de abastecimento que subsidiam a implementação de ações e aplicação de recursos técnicos-operacionais para garantir o abastecimento da população. Adicionalmente, a Copasa executa ações emergenciais, quando necessário, tais como a utilização de caminhão-pipa, perfuração e equipagem de poços profundos.
Apesar das condições adversas, as medidas mais drásticas, como rodízio e racionamento, afetaram até o momento três cidades: Lavras e São Gonçalo do Sapucaí, na região Sul, e Prata, no Triângulo Mineiro. E para que o sistema de fornecimento de água siga acontecendo até a chegada do período chuvoso, a Copasa faz um chamado à população para adotar medidas que evitem o desperdício de água. Atitudes simples podem garantir que a população mineira passe esse período em situação melhor que outros estados.
1 – Ao lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, fazer a barba e ensaboar a louça, mantenha a torneira fechada;
2 – Abra a torneira apenas na hora de enxaguar;
3 – Use o balde no lugar da mangueira para lavar o carro e vassoura para limpar a calçada;
4 – Junte a roupa suja e lave somente duas vezes por semana;
5 – E preste atenção na tubulação do seu imóvel. Vazamentos desperdiçam muita água!
Embora não seja possível controlar fatores externos, repensar hábitos de consumo impacta diretamente no ecossistema (pois utilizar água de forma consciente ajuda a preservar todas as formas de vida no planeta e garante às gerações futuras o acesso aos recursos naturais), na economia (já que, com contas mais baratas o capital pode ser empregado também em outras esferas que movimentarão a cadeia econômica), e na sociedade (possibilitando a todos o acesso à água, que proporciona saúde, bem-estar e qualidade de vida à população).
Condições climáticas extremas
Somadas à estiagem, comuns nessa época do ano, estão também as queimadas que ocorrem com frequência nesse período seco, contribuindo para o aumento das temperaturas, para a poluição e que prejudicam o abastecimento, pois podem causar entupimentos das bombas que estão em mananciais de captação, além de provocar aumento do consumo de água, já que, devido às fuligens, a população tende a higienizar os imóveis com maior frequência.
Conforme o “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil registrou mais de 152 mil focos de incêndio neste ano. O número supera o dobro dos casos documentados no mesmo período em 2023. Somente em Minas Gerais, até o momento, quase 7 mil queimadas já foram registradas.
Outros fatores que também favorecem o aumento do consumo são as ondas de calor. Nos últimos anos, esses fenômenos têm se intensificado. Segundo a MetSul meteorologia, o Brasil está sob a influência de uma massa de ar extremamente seco e quente, o que também resulta em umidade muito baixa.