Hoje, sem pedir licença, a saudade veio me visitar. Não vou brigar com ela. Para sufocá-la, vou falar sobre ela.
Saudade é um sentimento que quase todo mundo conhece. Uma palavra que todos já disseram em algum momento da vida.
Existe uma saudade leve e branda, até gostosa. É aquela que sentimos dos tempos de criança, de algum encontro interessante, de um baile especial ao som de boleros, de uma amiga que mora em outra cidade.
Mas também há aquela saudade doída, que despedaça o coração. Saudade das pessoas que amamos e que partiram desta vida. Essa saudade arranca lágrimas porque ela carrega a certeza de que nunca mais vamos sentir a presença, o sorriso, o jeito de contar histórias, os gestos de carinho.
Ao lembrar da pessoa amada que se foi, chegam-nos as lembranças de sua ida para a eternidade. Uma dor sufocante e sem remédio, um pranto se derramando em profusão.
Essa saudade cruel, costuma se suavizar com o tempo. Mas acabar com ela, não. Sempre fica um pouco ou muito. Pedimos a Deus ajuda para esquecer e matar a saudade, mas Ele também gosta de agir com o passar do tempo. O tempo é a mão de Deus consertando a vida.
Aí fica a saudade que chega quando alguma lembrança traz a pessoa que se foi: um perfume, uma música, um retrato. Mas acontece, também de ela chegar sem pedir licença, chegar do nada.
Pensando bem, só existe saudade porque o que passou foi bom. Só sentimos saudade do tempo bom, da pessoa que nos fez bem. É melhor assim. Seria pior se a gente não sentisse saudade e tivesse de caminhar vazio.
Então, abraçar a saudade é um jeito bom de viver. São tantas as saudades que não cabem nas gavetas do coração e se derramam em gotas sobre a face. Pensar que saudade é o amor que fica de quem não pôde ficar.
Sendo puro amor, vamos bendizer a saudade e fazer com que ela se aninhe na alma como se fosse luz.
- Marilene Godinho