IPATINGA – Em um julgamento que durou cerca de três horas e terminou por volta de 12h de ontem, o sargento Michel Luiz da Silva foi absolvido por maioria absoluta do Corpo de Jurados, por insuficiência de provas na acusação da execução e ocultação do cadáver de um morador de rua, em Ipatinga.
Consta no inquérito policial que, em julho de 2009, na Fazenda Cajá, zona rural de Santana do Paraíso, o denunciado, na companhia de um colega de trabalho, matou Célio Nunes Pereira, o ‘Celinho’ e, em seguida, ocultou o cadáver.
A defesa do policial, entretanto, questionou o conjunto de provas, consideradas insuficientes para uma condenação. O Tribunal do Júri acatou e absolveu o acusado.
A vítima era moradora de rua e se abrigava em uma casa abandonada, nas proximidades da ponte da avenida Macapá, no bairro Veneza.
O caso foi apurado por uma força-tarefa da Polícia Civil, na investigação de crimes cometidos por policiais civis e militares depois do assassinato do repórter Rodrigo Neto, e do fotógrafo Walgney Carvalho, no ano de 2013.
Na apuração, havia outro indiciado, um cabo da PM, que foi impronunciado. A Justiça Criminal entendeu que não havia elementos suficientes para levá-lo a julgamento pelos crimes. Por sua vez, a defesa do sargento PM Michel adotou a negativa de autoria como tese.
DENÚNCIA
Afirma o inquérito policial que “a vítima foi levada em uma viatura policial até a entrada da Fazenda Cajá. Quando chegaram ao local, os autores obrigaram a vítima a adentrar em uma trilha, na plantação de eucaliptos ali existente, momento em que desferiram dois disparos de arma de fogo, atingindo-lhe a cabeça e ceifando sua vida, imediatamente”.
O corpo de Celinho foi localizado cerca de 15 dias após os fatos, em avançado estado de decomposição, por empregados da fazenda que realizavam uma roçada em meio a plantação de eucalipto.
“Consta nos autos que a vítima era constantemente abordada pelo denunciado Michel. A motivação estaria relacionada ao fato de Celinho, um determinado dia, ter lançado uma pedra contra a viatura em que estava o policial, atingindo-o na testa, bem como causando danos à viatura, motivo pelo qual Michel passou a perseguir a vítima e fazer ameaças”, escreveu na denúncia o representante do Ministério Público.
O sargento Michel, que já trabalhou em Caratinga, foi preso em julho de 2013, ficou aquartelado no 14° Batalhão da Polícia Militar. Em outubro de 2013, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais mandou soltar o policial, depois de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deferiu o pedido de liminar em habeas corpus em favor do militar.
ENTREVISTA
No dia em que foi solto, o sargento Michel, acompanhado da família, esteve na redação do Diário do Aço e afirmou que era inocente. “Não conheci esse morador de rua, nunca nem ouvi falar dele”, defendeu-se.
O sargento disse que se sentia muito prejudicado pelo tempo que permaneceu preso, mas que voltaria ao trabalho normal na PM, em Caratinga, onde estava lotado. “Vou seguir minha vida, com minha família, meus filhos e continuar o meu trabalho”, afirmou na ocasião o sargento Michel.
Fonte: Diário do Aço