Projeto contou com envolvimento de mais de 500 alunos. Sanitário compostável não depende de água para descargas e possibilita uso de dejetos como fertilizantes
TARUMIRIM- A Escola Estadual Maria Teixeira da Fonseca, de Tarumirim, é destaque na área da 6ª Superintendência Regional de Ensino de Caratinga (SRE) com o projeto ‘Escola Sustentável’. O trabalho contou com envolvimento da diretora Silvana Mercês Beltrame, vice-diretora Dalva Reis, professor coordenador Rômulo Perentone Amorim, mais de 500 alunos dos anos finais dos ensinos Fundamental e Médio; além da comunidade, comércio local e poderes executivo e legislativo.
Os alunos foram divididos por grupos e temas, tendo como coordenadores os professores dos conteúdos da grade curricular. Com foco na interdisciplinaridade foram abordados conteúdos de Geografia, Matemática, Física, Ciências, Biologia, Química e Português. O resultado será apresentado neste sábado (28), em uma feira de ciências, onde ainda ocorrerá a inauguração do sanitário e será discutido saneamento, principalmente na bacia do rio Doce e Caratinga. Um grupo de alunos também está desenvolvendo um vídeo com entrevistas e passo a passo do projeto para ser apresentado à comunidade.
O PROJETO
Para conceber o projeto, o professor coordenador Rômulo Perentone Amorim se baseou no texto da analista ambiental Josiane Guss, que explica que o sanitário seco é uma “invenção antiga”, desenvolvido devido à “preocupação com a contaminação das fossas abertas”, no entanto, com a invenção da válvula de descarga, esse sanitário “entrou em desuso”.
Porém, com os problemas de saneamento básica e falta de água em várias partes do mundo, viu-se a necessidade de encontrar meios para solucionar esse quadro. “Assim, está de volta os sanitários secos, que não dependem de água para a descargas e ainda é possível utilizar os dejetos como fertilizantes”.
Rômulo destaca que projeto surge como oportunidade para possibilitar uma visão de educação ambiental crítica e multidimensional, considerando um “panorama de déficit hídrico cada vez mais preocupante a cada ano, políticas públicas de saneamento errôneas e/ou relegadas ao esquecimento, vetores de doenças em expansão em quantidade e possibilidade de contaminar e proliferar novas endemias, para além da sociedade nacional em desolamento com soluções verticais de saneamento”.
Para o coordenador, além de unir “saberes e vencer o isolamento de conteúdos na escola” tem como pretensão se tornar um referencial para estudos de conteúdos de diversas áreas, sendo também um modelo sustentável fácil de ser reproduzido. “Neste momento de déficit hídrico, vetores em proliferação, endemias como dengue, zika, ameaçando a saúde e qualidade de vida humana e a sempre falta de saneamento, o sanitário seco minimamente leva a refletir que é possível trabalhar em alternativas baratas e viáveis em busca de sustentabilidade e uma nova relação com a natureza”.
Como objetivos específicos, o professor destaca “instigar o questionamento dos educandos sobre destinação final dos esgotos e consequências das formas existentes; empoderar educandos sobre historicidade das políticas públicas de saneamento no Brasil, pressupostos e consequências históricas; proporcionar formulação de questionamentos críticos sobre políticas públicas de saneamento no Brasil por parte de docentes e discentes; proporcionar discussão acadêmica para desenvolvimento de metodologias de educação ambiental transversal e crítica ao modelo de desenvolvimento vigente; vencer a prática de isolamento de conteúdos na escola e ter referencial físico para abordagem de temas transversais dos diversos conteúdos estudados na escola tendo como ponto de partida o saneamento básico”.
ESTRUTURA
O projeto está em fase de finalização para ser inaugurado durante a feira. De acordo com professor Rômulo, as câmaras de compostagem serão cobertas com lâmina de zinco e pintadas de preto. Será inserido um tubo de esgoto no zinco, de 75 milímetros para drenagem do gás metano. “No próximo ano letivo este gás será canalizado para uma câmara de ar de pneu de caminhão transformando-se em um biodigestor. As fezes, uma vez decompostas, serão aproveitadas em um minhocário que será construído anexo ao sanitário”, finaliza.