CARATINGA- Todos os dias, a equipe do SAD, Serviço de Atendimento Domiciliar, sai com o desafio de prestar um atendimento humanizado e acolhimento a pacientes e familiares.
A qualquer hora, no momento certo e diretamente nas residências. O DIÁRIO DE CARATINGA acompanhou um pouco do trabalho realizado e traz o depoimento de alguns profissionais que fazem parte da equipe, bem como familiares e pacientes. Durante esta gravação o médico Igor Claber não pôde participar, pois estava prestando outro atendimento. Mas, a reportagem registra sua importante contribuição somada aos demais profissionais para o sucesso do programa.
HUMANIZAÇÃO E CUIDADO
Mônica Isaura Corrêa, médica do SAD, destaca que o atendimento domiciliar tem as suas peculiaridades, características. “E uma das características mais marcantes é a questão da humanização e cuidado. E desse cuidado integral ser onde o paciente mais tem a sua liberdade e autonomia, que é dentro da sua própria casa. É somar os cuidados médicos, com uma equipe multidisciplinar que se uniu em prol desse chamado que é cuidar do paciente com enfermidade dentro da casa dele, no conforto da casa dele e com a segurança de um hospital, entendemos que dessa forma estamos fazendo um bem”.
Mônica ainda frisa a contribuição para desafogar os demais serviços de saúde. “Também é uma forma de conseguir de fato abrir leitos de hospital, que está sobrecarregado, para outras pessoas também terem o cuidado devido lá dentro daqueles casos que são indicados para área hospitalar. O SAD veio para fortalecer essa atenção hospitalar, esse braço dessa rede de apoio em saúde. O Sistema Único de Saúde é o diferencial, realmente está ali para fornecer as coisas com toda integralidade e equidade que a população precisa. Acreditamos muito no que nós temos feito durante esses anos todos”.
O trabalho é reconhecido por muitas pessoas, mas, a médica prefere atribuir o maior mérito para os familiares de pacientes. “Na verdade, quem consegue realmente dar esse cuidado integral, não seria possível se não fossem as próprias famílias que abrem a porta para a gente, nos tratam com tanto carinho e respeito. Vemos família se dedicando aos entes queridos, amor mesmo, com tanto afinco que é melhor do que muito remédio, temos experiências maravilhosas no SAD graças às famílias que nos acolhem também. E essa equipe tanto abraçou, a prefeitura de Caratinga que nos dá oportunidade e recursos para continuar fazendo esse trabalho. É gratidão”.
Os laços são externados com carinho e afeto. “Já tivemos pacientes em que entramos para o cuidado, ele é encaminhado a nós por uma condição de fragilidade extrema e nessas circunstâncias às vezes o paciente chega a ficar alguns anos conosco, prestando o cuidado, ele conseguindo manter a qualidade de vida. Não tem como mais tratá-los somente com a relação de equipe e paciente, ele passa a ser um irmão, um filho, alguém que estamos convivendo muito intensamente, às vezes até mais que com nossos familiares. Virou família mesmo, não tem como separar (risos)”.
“VEMOS O AMOR DE PERTINHO”
E quem abre as portas para acolher a equipe? Apesar de todas as dificuldades de sua condição de saúde, um paciente fez questão de receber os profissionais.
O médico André Marçal Ferreira destaca que diante de uma atitude destas não sabe se a “troca é justa”. “Porque conhecendo as comorbidades, como é o caso de muitos ali, de estarem às vezes superando pernas inchadas, dores de um confinamento obrigatório e numa situação como aquela, chegar até o portão do lado de fora, realmente isso dobra o nosso entusiasmo. Essa é a verdadeira paga de fazer um serviço como esses. Nos sentimos muito valorizados por essas pessoas, é um cativo surpreendente”.
André ressalta que em situações diversas é possível tirar uma lição de vida com os atendimentos. “Às vezes chegamos com um pensamento de como vai ser lidar com aquela família, os problemas e nos surpreendemos com as famílias resolvendo os próprios problemas e nós de alguma forma tendo a oportunidade de participar daquilo. Sempre digo que aprendemos com essas famílias, no valor de vida muito diferente, independentemente de ser médico ou tratar doenças; lidamos com doenças muitas vezes incuráveis, numa situação que vai levar aquela pessoa à uma finitude breve, mas, elas nos surpreendem de lutar até o fim, o último suspiro mesmo com dificuldades”.
Ele acrescenta que não existe internação em casa sem a figura de um cuidador. “Percebemos que maioria desses cuidadores são filhos, filhas, gente da família e não a pessoa paga para ser feito. Vemos o amor de pertinho ali. É isso que eu sinto”.
Em muitos momentos casos é preciso dar um alerta do agravamento da doença e fazer com que as pessoas que estão ali não deixem de valorizar a vida enquanto ela exista, como destaca. “Pois, se jogamos essa notícia e a reação é de desespero, descontentamento ou às vezes até mesmo de achar que nada valeu a pena? Vemos que num curto período de tempo, porque nem todos os pacientes conseguimos fazer o vínculo longínquo, alguns temos trajetória com o tempo maior, mas a maioria é com tempo curto; consegue viver nesse curto período algo intenso, mostrando que realmente tem jeito de humanizar o atendimento”.
O ACONCHEGO
Enquanto recebia os cuidados em sua residência, apesar de acamado e debilitado, o paciente Honório Lúcio Nunes fez questão de falar sobre o tratamento e se emocionou. “Me tratam com todo o carinho”.
Em meio às lágrimas, o aconchego veio da enfermeira Maria de Lourdes Guin. Ela declara que fazer parte da equipe representa gratidão. “Em poder prestar o atendimento humanizado, dentro da casa do paciente, proporcionando para ele um apoio, tirando ele do ambiente hospitalar, onde vai permanecer próximo da sua família com conforto, diminuindo os riscos de infecção, fazendo parte mesmo da família. Criamos um vínculo muito grande com esses familiares. É um serviço ímpar”.
Honório é padrasto do marido de Adriana Ferraz, que fez questão de destacar a importância do atendimento ao idoso. “Excelente. Uma equipe muito boa, o atendimento muito bom mesmo, na hora. É uma ótima coisa em Caratinga. Eles sempre estão à disposição, só tenho agradecer. É muito carinho, afeto e vira uma família”.
Ao ouvir as palavras, a enfermeira Maria de Lourdes disse que o carinho dos familiares do paciente faz repensar a vida enquanto pessoa e profissional. “Traz pra nós também uma vontade muito grande de aprimorar os nossos conhecimentos para levar para eles o melhor conforto, um atendimento mais qualificado. Tudo isso acrescenta muito no nosso dia a dia, na nossa vida. Tenho muito orgulho. O serviço é 24 horas, hoje estamos com 69 pacientes internados. Então, são todos os dias, de segunda a segunda. Realmente não temos uma vida própria, a todo o momento que o paciente nos aciona, estamos prontos a servi-los e atendê-los assim que possível”.
“Excelente. Uma equipe muito boa, o atendimento muito bom mesmo, na hora. É uma ótima coisa em Caratinga. Eles sempre estão à disposição, só tenho agradecer. É muito carinho, afeto e vira uma família”, destaca Adriana
APOIO
Os agradecimentos ao serviço prestado também são feitos por Sara Cristina da Silva Araújo, que é filha de uma paciente. “Para nós familiares de uma pessoa que está acamada representa um apoio de uma equipe multiprofissional muito bom. Quem tem o paciente nessa situação sabe das intercorrências que temos na madrugada e geralmente as coisas acontecem quando o paciente está nessa situação, na madrugada. Representa tudo. Já temos uma experiência com o SAD, meu pai já foi atendido por esse programa, em 2017 ele veio a óbito; nos sentimos totalmente apoiados pela equipe”.
Para Sara, o SAD é um orgulho para o município. “Sou suspeita a falar porque todos eles, desde os médicos, fisioterapeutas, psicólogos, técnicos de enfermagem trazem um diferencial que é humanização no trato com os pacientes. E nós de Caratinga podemos nos sentir privilegiados, pois, existem outros municípios da região como Governador Valadares, que não têm atendimento como esse em domicílio pelo SUS”.
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“O SAD representa uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida”
O paciente Giad Salim Mahmoud Aouar dá seu depoimento sobre mudanças significativas em sua vida após iniciar o tratamento pelo Serviço de Atendimento Domiciliar. Confira na íntegra:
“Eu fui para o Instituto do Câncer, passei por oncologistas, porque eu estava todo descompensado. Descompensado ao extremo. E essa descompensação foi medicamentosa. O SAD representa uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida, porque meu tratamento, já fui cardiovertido, infartado e não existe remédio, existe um paliativo. Eu acho que eu estava com excesso medicamentoso e estava dando uma turbulência danada no meu organismo. Hoje estou em perfeito estado. Veio essa equipe que foi fazendo os estudos, tirando alguns medicamentos, colocando outros. E agora tomo só dois medicamentos. Minhas necessidades fisiológicas e minha digestão voltaram ao normal. Não tenho dor, não tenho febre e sou altamente compensado. Sem bajulação, sem rasgar seda, equipe maravilhosa. Um programa que deveria ser instalado em todo o Brasil.
Se eu preciso de um remédio eles vêm aplicar aqui em casa. Enquanto eu descia para o hospital, ocupava mais um leito lá e às vezes sujeito ainda a contaminação e ficava nervoso. E o SAD quando vem aqui em casa vem com todos os EPIs (equipamentos de proteção) e cuidados. Não importa o valor econômico das pessoas, o tratamento é humanitário, uma alegria só. O SAD pra mim é tudo. É uma satisfação imensurável e eu só tenho que agradecer a todo corpo clínico”.