Jogador de voleibol revela seus planos após a conquista da Copa da Romênia
CARATINGA- O DIÁRIO DE CARATINGA recebeu o jogador de voleibol Rodrigo Ribeiro. Com atuações importantes no Brasil e no mundo, o atleta coleciona títulos no esporte. Em entrevista com a repórter Nohemy Peixoto, ele relembrou sua trajetória, os desafios no ano da pandemia e revelou seus planos após a conquista da Copa da Romênia.
Rodrigo, você começou no esporte ainda em Caratinga, por incentivo da sua mãe. Como foi esse interesse?
Com certeza. Minha mãe sempre praticou esporte. Meu pai também, no futebol. Só que minha mãe jogava vôlei de areia, então, comecei na escola, fui crescendo, me desenvolvendo, participei da equipe da escolinha do Claytinho aqui, um grande amigo hoje; depois com Gilson e minha mãe sempre me incentivando.
Quando surgiu a primeira oportunidade profissional?
Surgiu de 19 para 20 anos. Eu jogava em Suzano/São Paulo e recebi um convite para disputar a primeira Superliga pelo vôlei Futuro de Araçatuba.
De lá para cá passou por vários clubes e muitas conquistas…
Passei por vários clubes do Brasil, inclusive do exterior também, joguei no Líbano, agora a última temporada na Romênia. Fui vice-campeão mineiro, vice-campeão paulista, campeão gaúcho, terceiro lugar na Superliga, recebi o prêmio de melhor defensor da Superliga 2013/2014 e, por último, fui campeão da Copa da Romênia.
E jogou pelo Minas também em duas oportunidades.
Sim, joguei pelo Minas em duas oportunidades. Passei por Juiz de Fora, Montes Claros. Dos times de Minas Gerais, só o Cruzeiro que ainda não.
A torcida mineira é diferente. Como é a interação do público?
Com certeza. Minas é apaixonado por esporte e voleibol também. Inclusive, em Belo Horizonte tem dois clubes, o Cruzeiro e o Minas, toda a torcida é apaixonada. Os ginásios sempre cheios, incentivando e o povo sabe muito de voleibol. O voleibol está aqui em Minas desde sempre, acho que desde que me entendo por gente temos grandes times, alguns, várias vezes campeões, o Cruzeiro do mundo; antes disso o Minas, tanto no masculino quanto no feminino. Então, o mineiro sabe mesmo de voleibol.
As pessoas pensam muito na popularidade do futebol, mas, o voleibol também tem seu espaço…
Tem sim. Em Minas, especialmente, no Brasil é um celeiro de grandes craques, grandes times, com grandes conquistas.
2020 foi um ano atípico para todos. Como a pandemia te afetou como atleta?
Foi muito diferente. Fui para a Europa, jogar na Romênia, no Dínamo Bucaresti e a apresentação já começou desafiadora, porque o visto para eu poder ir para lá demorou muito a sair por causa do covid, eles não estavam querendo liberar porque aqui no Brasil tinha uma grande quantidade de casos. Então, demorei mais de dois meses do que o normal para conseguir esse visto, chegando lá tive que fazer uma quarentena de 14 dias, devido ao Brasil ter muitos casos. E um mês e meio depois que comecei a treinar mais ou menos, peguei covid, tive que fazer mais uma quarentena de outros 14 dias e nesse mês meu time quase inteiro pegou. Tivemos sérios problemas, a reabilitação foi uma coisa complicada, muita falta de força, cansaço além do normal. Demorou um tempo para voltar à rotina de treinamentos e a força normal do corpo.
Você já tinha ficado tanto tempo sem jogar como foi na pandemia?
Em 2020 foram uns oito meses de espera. Acabou em março e comecei a jogar só em outubro de novo. Foi muito tempo, acho que foi a primeira vez desde que comecei a jogar que fiquei tanto tempo assim. Mas, é questão de adaptação, voltamos num ritmo um pouco mais devagar para poder o corpo não sentir tanto.
É um período que você aproveitou para se conectar em outras áreas, com família, por exemplo?
Sim. Fiquei muito tempo aqui, gosto muito do interior, da roça. Tenho sítio, moro lá, mexo com café, tenho umas galinhas, cavalo, cachorro. Pude aproveitar bastante esse tempo que fiquei por aqui. Foi maravilhoso. Acho que desde que saí de casa com 16 anos nunca tinha passado tanto tempo com a minha mãe igual eu passei agora de novo, com meus irmãos, meu pai. Mas, especialmente com minha mãe, porque moro com ela quando estou aqui. Para mim foi espetacular.
Como foi a experiência de jogar na Romênia?
A questão de adaptação lá com o covid foi um pouco difícil, as coisas estavam fechadas, tudo abria e fechava como aqui no Brasil mesmo, porque os casos aumentam e caem de acordo com a situação de pessoas. Muito difícil sair de casa para visitar e conhecer alguma coisa. Isso te fazia ficar meio que sozinho. Pra mim foi um pouco complicado, mas, consegui, no final das contas, como time, profissional, atleta, me sair muito bem. Tive proposta para renovar lá do time que eu estava e mais dois outros clubes, inclusive o campeão do Campeonato Romeno me convidou, mas, preferi ficar no Brasil, por essa dificuldade. E pretendo ficar por aqui, quem sabe numa próxima temporada, quando as coisas estiverem melhor, tentar retornar e fazer um trabalho mais amplo, com mais tempo.
Já tinha ficado uma temporada inteira fora do país?
Não, essa foi a primeira vez. Já tinha saído para jogar no exterior, mas, só as finais de alguns campeonatos. Tanto tempo assim foi a primeira vez. Acrescenta muito profissionalmente, aprendi demais. É outra experiência, outro nível de voleibol, outra cultura. Aqui no Brasil treinamos muito, lá eles treinam bem menos. Tem que se adaptar e se preparar psicologicamente, muito rápido para essas diferenças que você encontra no caminho.
O seu contrato com a equipe da Romênia se encerra neste mês de maio. Você já está analisando outras propostas?
Encerra agora, ainda está em vigor, mas, como não temos nada para fazer lá, eles liberam para ir para a casa, curtir o momento, até apresentar para a próxima temporada. Vou ficar no Brasil, só não posso revelar ainda a equipe. Só daqui uns dias (risos).
Você iniciou uma pré-temporada em Caratinga com um projeto junto ao América Vôlei. Como funciona esse projeto?
É muita honra ser embaixador do projeto América Vôlei, ser espelho para essas crianças que estão participando. Está parado por causa da pandemia, mas, vai voltar agora em breve. Convido a todos para participar e estar junto desse projeto que é muito bacana, são categorias de base de voleibol com o professor Gilson, apoio do América, da presidência, do Garcia, diretor de Esportes; o Claytinho que já foi meu técnico e hoje é meu amigo. É uma questão de muita satisfação ser referência nesse projeto. Inclusive nesse final de semana jogo um torneio de areia representando o América.
Jogando na sua terra natal, Rodrigo de volta às origens…
Sim, pra mim é um prazer muito grande, sempre que posso jogo vôlei com meus amigos aqui, já disputei campeonatos amadores com time da cidade. Mas, estou pensando aqui, acho que essa é a primeira vez que vou disputar um campeonato mineiro, a regional do vôlei de areia aqui em Caratinga e por Caratinga. Não é muito minha praia o vôlei de areia, vou precisar de alguma adaptação, mas, espero fazer um bom trabalho.
E tem partida em família também?
De vez em quando rola, porque meu irmão também jogava vôlei, o Romário; e o Rogério joga todos os esportes. Minha mãe é apaixonada por vôlei também, então ela bate uma bolinha sempre que temos oportunidade. É mais na praia que jogamos um vôlei mais tranquilo em família, damos um toque nas bolas lá (risos).
Quais são suas considerações finais?
Queria agradecer. É sempre muito prazeroso pra mim poder falar um pouquinho de mim, do esporte e ser referência para as pessoas que me assistem. Queria convidar os jovens a participar do programa do América. Se você gosta de esportes, vai lá. Um abraço para todo mundo. Dias melhores virão. Muita fé!